O professor da Unesp Roberto Nardi, de 71 anos, recebeu nesta semana a medalha da Comissão Internacional do Ensino de Física (ICPE), uma das comissões da União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap). A premiação é conferida anualmente a docentes que contribuem de forma notória e duradoura para o ensino da física, construindo um legado cuja influência ultrapassa as fronteiras do próprio país. O nome do docente da Unesp foi indicado ao prêmio pela Sociedade Brasileira de Física (SBF).
Professor da Faculdade de Ciências (FC) do câmpus de Bauru desde 1994, Roberto Nardi e se dedica à formação para o ensino de ciências, e de física em particular, há mais de quatro décadas, sendo um dos mais antigos docentes do país nessa área. Ao longo da carreira, Nardi inclusive chegou a ocupar o cargo de coordenador da área de ensino na própria Iupap, que congrega pesquisadores de cerca de 60 países.
Na homenagem, realizada de forma remota durante a Conferência Internacional do Ensino de Física de 2022, que marca o centenário da Iupap, foram repassadas algumas etapas dos 53 anos de vida acadêmica do professor da Unesp. Sua trajetória se iniciou ainda em 1969, como integrante da primeira turma de graduação em física da antiga Fundação Educacional de Bauru, instituição de ensino que está na gênese do câmpus de Bauru da Unesp. Posteriormente, cursou mestrado em educação científica na Temple University, nos Estados Unidos, e o doutorado em educação na USP.
Em sua carreira de docente universitário, iniciada na Universidade Estadual de Londrina nos anos 1980, Roberto Nardi orientou ou supervisionou o trabalho de mais de cem pesquisadores. Ele também é um dos fundadores do Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência da Unesp, surgido em 1997, que já formou cerca de 650 mestres e doutores nos últimos 25 anos, incluindo pesquisadores de países como Colômbia, México, Canadá e China. Na solenidade de entrega da medalha ICPE Iupap, foi elogiado o compromisso que Nardi sempre exibiu com o compartilhamento do conhecimento científico e com a necessidade de colaboração entre os pares na academia. Estes valores o guiaram para escrever 45 livros; criar, em 1995, a revista Ciência & Educação, que passou a editar; e participar ao longo da carreira de cerca de 450 eventos relacionados ao ensino de ciências e de física.
“Compartilho esta medalha com meus ex-alunos, com colegas de pesquisa, com a Sociedade Brasileira de Física… Esta medalha não pertence a mim, mas aos pesquisadores do Hemisfério Sul, latino-americanos, brasileiros, da Unesp, do câmpus de Bauru. É fruto do impacto de um trabalho coletivo. Existem muitas pessoas como eu espalhadas pelo Brasil e por outros países, que muitas vezes lutam pela educação sem receber verbas ou apoio”, disse o docente ao Jornal da Unesp.
“Nós produzimos conhecimento na universidade. Agora, a trajetória deste conhecimento, desde o ambiente da pesquisa até a sala de aula, é um caminho muito longo e árduo. Não depende só de esforços da universidade; essas questões exigem planejamento em conjunto para que haja melhoria no ensino. O ensino de ciências depende de governos e de verbas, depende de professores bem informados e formados para ensinarem diferentes camadas sociais, diferentes faixas etárias, em diferentes contextos”, diz Roberto Nardi.
Imagem de abertura: Arquivo Pessoal / Roberto Nardi