O Hospital Veterinário Governador Laudo Natel (HV), unidade auxiliar da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Unesp, câmpus de Jaboticabal, retomou em janeiro de 2022 sua rotina normal de atendimento. De lá para cá, a comunidade de usuários do HV — um grupo que compreende cidades das regiões de Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Franca, entre outras do Estado de São Paulo, e também municípios de PR, MS e MG — passou a dispor novamente da oferta de vinte e quatro serviços nas áreas de cirurgia veterinária, clínica veterinária, nutrição animal, diagnóstico por imagem, medicina esportiva, cuidados paliativos e reprodução animal.
Porém, medidas para prevenção e controle da Covid-19 seguem vigorando, tais como a testagem quinzenal de toda a equipe do HV e a obrigatoriedade do uso de máscaras e equipamentos de proteção para quem trabalha e para os tutores de animais que buscam atendimento.
Maior hospital veterinário do Brasil
O Hospital Veterinário da Unesp, em Jaboticabal, foi inaugurado em 1974. A orientação para a realização do seu projeto ficou a cargo do professor Ernesto Matera, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O professor José Assumpção foi o responsável pela supervisão dos trabalhos de execução, que compreendiam mais de 2 mil metros quadrados de área construída.
Anunciado pela imprensa da época como o “maior hospital veterinário do Brasil”, o HV era composto por três prédios. O edifício destinado aos grandes animais incluía salas de clínica médica, clínica cirúrgica, inseminação, recuperação cirúrgica e ambulatório, além de 17 baias para abrigar os animais. A área de pequenos animais contava com dependências para clínica médica, clínica cirúrgica, solário, canis, áreas de recuperação, isolamento e ambulatórios. O terceiro edifício abrigava sala de necropsias e autópsias, as dependências do Laboratório de Análises Clínicas, farmácia, microscopia, sala de raios-x e esterilização.
Desde sua criação, o HV teve como objetivos principais contribuir para o ensino e treinamento de alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em Medicina Veterinária, além de propiciar meios e condições para o desenvolvimento de pesquisas. O fato de que os cursos de graduação e pós-graduação em Medicina Veterinária da FCAV alcançaram boas avaliações em diversos rankings atestam a contribuição do HV para que a Faculdade seja reconhecida como referência em suas áreas de atuação.
Ao longo dos anos, o hospital expandiu sua estrutura e consolidou-se como um dos mais importantes centros do país na área. Estima-se que o número de municípios paulistas atendidos pela instituição chegue a 560, aos quais se somam também cidades do sul do estado de Mato Grosso, do Paraná, das regiões do Triângulo Mineiro e do sul de Minas Gerais e até de países vizinhos.
Oncologia de cães e gatos
Um exemplo de serviço de excelência ofertado de forma pioneira pelo HV da FCAV é a oncologia de Cães e Gatos, que realiza atendimento especializado a casos de neoplasia.
Implantado pelo professor Carlos Roberto Daleck há cerca de 30 anos, foi o primeiro serviço de Oncologia Veterinária no Brasil. E ao longo dos anos só cresceu em importância e movimento.
“No passado, a maior parte dos animais morria por traumas, acidentes automobilísticos ou doenças infectocontagiosas. Os avanços da Medicina Veterinária têm elevado a expectativa de vida dos animais e por conta do aumento da longevidade, cães e gatos estão mais sujeitos à ocorrência de câncer”, explica o professor Andrigo Barboza De Nardi, que junto com Mirela Tinucci Costa supervisiona o serviço. “Atualmente, uma das principais causas de morte de animais de companhia é o desenvolvimento de neoplasias.”
De Nardi e Costa supervisionam uma equipe formada por pós-graduandos e residentes. São eles que atendem os animais que chegam com diferentes tipos de tumor, buscam o diagnóstico e conduzem os exames necessários para determinar a localização do tumor e eventuais lesões metastáticas em outros pontos do organismo do animal. “Com base nessas informações estabelecemos o tratamento, que pode ser cirúrgico, clínico ou a combinação de tratamento cirúrgico com tratamento clínico”, conta De Nardi. “Tudo depende do diagnóstico, da extensão da doença, da quantidade e da localização das lesões tumorais para determinar o que é melhor para o paciente”.
No setor de Oncologia do HV também são desenvolvidas várias pesquisas, que resultam em teses e dissertações com foco nas estratégias e ferramentas usadas contra o câncer. Há trabalhos em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp para testar novas propostas de medicamentos para cães e gatos. Tais estudos também ajudam a orientar o uso de determinados medicamentos no próprio homem, uma vez que os tumores que acontecem em cães e gatos apresentam comportamento biológico semelhante ao observado nos humanos.
Um exemplo dessa parceria se dá com a imunoterapia, procedimento que vem sendo aplicado a determinados pacientes do HV há cerca de três anos, isoladamente ou associada com quimioterapia tradicional ou com outras terapias. A Unicamp é responsável pela produção do medicamento imunoterápico que tem sido utilizado no HV de Jaboticabal, especialmente em cães. O imunoterápico é administrado ao paciente, com a finalidade de potencializar e estimular seu sistema imunológico para que ele possa combater as células tumorais.
De maneira geral, a imunoterapia tem a vantagem de provocar menos efeitos colaterais para o paciente. “A quimioterapia, por exemplo, atua contra as células neoplásicas, mas impacta também as células normais do organismo como, por exemplo, as presentes na mucosa gástrica, na mucosa intestinal, na medula óssea e outras. Por isso, o animal pode apresentar imunossupressão, perda dos pelos, vômitos e diarreias, entre outros efeitos”, explica De Nardi. “Ao tornar o próprio sistema imune do animal uma arma contra o câncer, a imunoterapia acaba resultando na ocorrência de um número bem menor de efeitos colaterais.”
Outra modalidade de tratamento aplicada no Serviço de Oncologia é a eletroquimioterapia. O procedimento utiliza um equipamento específico para introduzir agulhas no interior do tumor. Pelas agulhas são propagados pulsos elétricos que permitem a criação de microporos na membrana celular da célula neoplásica. “Nós associamos essa estimulação com o uso da quimioterapia”, explica o professor. “Administramos o medicamento quimioterápico por via endovenosa e alguns minutos depois iniciamos a distribuição dos pulsos elétricos. A formação dos microporos aumenta a passagem do quimioterápico pela membrana celular. Com isso ele consegue atuar de maneira mais eficaz no interior da célula.”
Desde 2021, o Serviço de Oncologia incluiu no seu rol de atividades o atendimento em cuidados paliativos veterinários destinado a cães e gatos com câncer. O conceito de cuidados paliativos, originado na medicina humana, está relacionado ao alívio do sofrimento nos casos clínicos sem possibilidade de cura. Na Medicina Veterinária, tais cuidados servem como alternativa à eutanásia em animais senis ou com doenças sem expectativa de cura.
Criado a partir do trabalho de mestrado da médica veterinária Beatriz Furlan Paes, intitulado “Cuidados Paliativos no Tratamento de Cães e Gatos com Câncer: A Promoção do Alívio de Sintomas e a Perspectiva do Tutor”, orientado pelo professor De Nardi, o serviço de cuidados paliativos é oferecido para animais com câncer desde o diagnóstico de sua doença, podendo ser iniciado em qualquer etapa do tratamento do paciente.
Medicina esportiva para cavalos
A área de Medicina Esportiva Equina, que integra o serviço de Clínica de Equídeos, sob a responsabilidade do professor José Corrêa de Lacerda Neto, é outro setor do HV consolidado como referência. Neste setor o foco está no bem-estar e no desempenho atlético de cavalos.
O início das atividades envolvendo equinos começou há cerca de três décadas, motivado pelo interesse da equipe do HV em estudar os processos fisiológicos que ocorrem com os animais durante a realização de exercícios físicos.
Na década de 1990, as provas de enduro equestre aconteciam com bastante frequência na região de Jaboticabal e a equipe do HV começou a dar assistência aos times participantes. Esse tipo de esporte hípico, regulamentado pela Fédération Equestre Internationale, constitui-se de uma corrida de longa distância que exige, por parte do animal, uma combinação de velocidade e resistência.
A participação dos médicos-veterinários é fundamental nesse tipo de prova. Cabe a eles, durante as etapas do enduro, examinar os cavalos, zelando por suas boas condições físicas. Animais demasiadamente cansados ou que mostrem qualquer sinal de dor no sistema locomotor podem até ser desclassificados durante as provas. “Isso despertou o interesse de nossos alunos, primeiro atuando como clínicos e posteriormente desenvolvendo pesquisas sobre o assunto. Por meio delas, observamos que realmente há alterações bastante interessantes nas condições metabólicas dos animais durante a prática esportiva”, diz Lacerda.
O envolvimento da equipe do HV com o enduro equestre não parou por aí. Por intermédio de uma aluna, a Faculdade conseguiu patrocínio de uma grande empresa para a criação de uma equipe de enduro própria, que por dois anos, participou de competições oficiais. A equipe utilizava vários cavalos, doados por criadores de cavalos árabes, e os próprios alunos atuavam como cavaleiros e amazonas. “Hoje muitos ex-alunos atuam como médicos-veterinários de equídeos”, conta Lacerda. “Foi um período muito rico em termos de pesquisa, além de gratificante pelo envolvimento dos nossos estudantes. Eles ganharam experiência em todos os aspectos do treinamento dos cavalos e seu desempenho nas provas. Tais conhecimentos foram gradativamente gerando pesquisas científicas”.
Para dar suporte a essas pesquisas, foi construído o Laboratório de Medicina Esportiva Equina (LMEE), que tem entre seus equipamentos uma esteira de alto desempenho, onde um cavalo pode andar, trotar e galopar. A esteira tem a propriedade de inclinar sua superfície para aumentar o esforço do animal, em casos de testes específicos. O equipamento possibilita a coleta de inúmeros dados de animais em exercício e, embora seja destinada prioritariamente a cavalos, já foi utilizada para atendimentos e pesquisas com cães feitas na FCAV.
Com a implantação do Laboratório, o atendimento no setor também foi dinamizado. “Quem nos procura atualmente são proprietários ou criadores de cavalos de várias regiões, participantes de provas esportivas ou não. Normalmente, o primeiro sinal de problemas que os proprietários notam é que o cavalo está claudicando (mancando). Infelizmente muitos animais chegam até nós numa fase crônica. Como raramente o cavalo apresenta uma dor muito bem localizada, fazemos os exames clínicos e exames complementares, como bloqueios anestésicos perineurais”, diz Lacerda.
O bloqueio anestésico perineural é uma técnica de anestesia localizada, amplamente utilizada na clínica de equinos. Durante o procedimento, são anestesiadas sucessivamente diferentes regiões dos membros, auxiliando o médico-veterinário a localizar o provável foco de dor e da claudicação que, na sequência, poderá ser investigada por outros métodos auxiliares a fim de se concluir o diagnóstico. Tais métodos podem incluir o raio-x para determinar se se trata de uma alteração óssea ou articular e também a ultrassonografia, que permite detectar alterações em tendões e ligamentos.
Paralelamente ao atendimento, as pesquisas científicas seguem a todo vapor. Atualmente, está em fase inicial um projeto aprovado pela Fapesp intitulado “Adaptações musculoesqueléticas e cardiovasculares em equinos submetidos a treinamento guiado pelo lactato”, que tem o professor José Corrêa de Lacerda Neto como responsável e envolve vários alunos de graduação e pós-graduação.
Para a realização do projeto, a Fapesp disponibilizou equipamentos para a realização de ecocardiografias e avaliações ultrassonográficas de tendões e ligamentos dos membros. A pesquisa também conta com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Árabe (ABCCA), que incentivou seus associados a emprestarem os potros que serão utilizados no estudo. “Eles serão colocados na esteira para que sejam avaliados andando, trotando e galopando. No decorrer desses exercícios avaliaremos as adaptações de tendões e ligamentos dos membros, assim como as adaptações cardíacas que ocorrem após períodos de treinamento”.
Segundo Lacerda, pelas suas características, o projeto vai permitir muitos desdobramentos e fornecer dados importantes que poderão, inclusive, fundamentar aspectos dos atendimentos a pacientes equinos que participam de provas esportivas. “Um dos exames que fazemos realiza a dosagem de lactato no sangue, que é um indicativo de desempenho importante e pode servir como um índice para avaliar o desempenho do animal, seu condicionamento e auxiliar a determinar a intensidade de treinamento adequada a esses cavalos”, explica o professor. “Vamos ainda avaliar como os alimentos fornecidos, com suas características específicas mudam o desempenho do animal e algum dos componentes do seu sangue.”
Pioneirismo no serviço de oftalmologia veterinária
Bastante procurado pelos proprietários de animais de Jaboticabal e de outras regiões, o Serviço de Oftalmologia Veterinária do HV é um dos primeiros nessa área a ser implantado no Brasil. Criado em meados da década de 1990 pelo professor José Luiz Laus, reconhecido como um dos pioneiros nos estudos sobre o tema no país, oferece atendimento especializado a animais de pequeno, médio e grande porte e também a espécies silvestres.
O HV já fazia atendimentos e eventualmente realizava pesquisas na área de Oftalmologia Veterinária antes da criação do setor. Mas após a ida de Laus para a Universidade de Londres, onde atuou como docente visitante e complementou sua formação na área, o serviço foi efetivamente criado.
Com as gestões do professor junto à Fapesp, CNPq e outros órgãos de fomento, rapidamente o Serviço de Oftalmologia Veterinária do HV de Jaboticabal seria reconhecido por seus pares como um dos mais bem equipados da América Latina e iniciaria uma história de formação de recursos humanos de excelência, produção científica significativa e grande inserção internacional.
A manutenção da saúde ocular dos animais é o principal objetivo nas atividades do Serviço, que realiza diagnósticos, tratamentos clínicos e cirúrgicos. A equipe, formada por pós-graduandos e residentes, atende uma grande variedade de pacientes com problemas oftálmicos diversos. “Há pacientes que chegam com diversas alterações em anexos oftálmicos, em superfície ou no bulbo ocular, que podem ocorrer por traumatismos, por alterações anatômicas, neoplásicas e outras”, explica Ivan Martínez Padua, pós-doutorando e professor convidado da FCAV, responsável pelas aulas de Oftalmologia para os cursos de graduação e pós-graduação. “Também atendemos doentes com desordens degenerativas, congênitas, glaucomatosas, cataratogênicas e de retina, bem como as de ordem neuro-oftalmológicas, sempre prezando pela saúde, pelo conforto ocular e a qualidade de vida do paciente”.
No serviço também são atendidos pacientes que apresentam alterações oculares decorrentes de doenças sistêmicas. “São casos em que pelas alterações oculares é possível descobrir que o paciente apresenta alguma alteração sistêmica, de origem infecciosa, metabólica, nutricional, hereditárias e outras”. Casos que são diagnosticados com essas particularidades recebem apoio de outros serviços do próprio HV.
Graças à tradição em pesquisas na área e ao apoio de órgãos de fomento, o Serviço de Oftalmologia Veterinária segue sendo um dos mais bem equipados na América do Sul. Nos laboratórios da unidade são realizados vários exames diagnósticos complementares, incluindo flarimetria a laser (auxilia no diagnóstico de processos inflamatórios oculares) e microscopia especular (contagem das células endoteliais da córnea). Há também um centro cirúrgico para a realização de intervenções exclusivamente oftalmológicas. “É uma estrutura que dificilmente será encontrada em outros centros de Medicina Veterinária no continente. Por isso recebemos pacientes de várias regiões do país, especialmente casos mais complexos”, analisa a professora Paola Castro Moraes, atual responsável pelo Serviço. “Esse parque de equipamentos, tão completo e atualizado, permite que o paciente receba atendimento e diagnóstico qualificados e confiáveis e que, em muitos casos, com anuência de seus tutores, participe de projetos de pesquisa alicerçados em padrões éticos. Isso cria um ciclo que nos ajuda a crescer e a responder cada vez melhor às demandas da sociedade”, diz.
Um exemplo é o trabalho, recentemente concluído, desenvolvido por Ivan Martínez e pela então pós-graduanda, hoje doutora, Marcella Filezio envolvendo a catarata, uma das afecções oculares mais frequentes em cães. A facoemulsificação é um método moderno de cirurgia de catarata que tem sido muito empregado pelos oftalmologistas. Porém, entre suas possíveis complicações pós-operatórias destacam-se lesões no endotélio, a camada de células que reveste a superfície posterior da córnea e desempenha um papel único na regulação da sua hidratação. Quando essa regulação se torna prejudicada por danos ao endotélio pode haver uma descompensação permanente da córnea, levando a uma perda da transparência que compromete a visão.
O estudo de Martínez e Filezio avaliou os efeitos de um fármaco inibidor da Rho quinase (a enzima que contribui para a potencialização de alterações celulares em eventos patológicos) na proteção endotelial, em cães submetidos à facoemulsificação e atestou que seu uso colabora com a estabilidade das células do endotélio corneal, diminuindo sua perda. O trabalho, feito em parceria com o Centro Avançado de Superfície Ocular (CASO), do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi premiado como 1º colocado no Congresso Latino-americano de Oftalmologia Veterinária, realizado na Colômbia, em 2019.
Cooperação no combate à pandemia de covid-19
Mesmo durante os períodos de fechamento ou de regime especial de atendimento, o HV não deixou de colaborar com o sistema público de saúde. A unidade prestou auxílio material e cedeu recursos humanos para a linha de frente do combate à pandemia. Num primeiro momento, emprestou equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, máscaras e aventais impermeáveis ao Hospital Santa Isabel, instituição municipal responsável pelo atendimento do SUS em Jaboticabal. Com o agravamento do cenário, o HV emprestou equipamentos como monitores multiparamétricos, ventiladores, material para anestesias, sedação e tranquilização, além de materiais do kit necessário para a entubação. Da mesma maneira, o HV colaborou com a Santa Casa do município de Guariba, a cerca de 25 km de Jaboticabal, com equipamentos, material de consumo e fármacos. Os materiais e equipamentos cedidos aos hospitais de Jaboticabal e Guariba foram devolvidos em perfeito estado. Os medicamentos também foram repostos ao longo dos meses seguintes.
Os residentes de Medicina Veterinária se integraram à equipe do CAC – Centro de Atendimento ao Coronavírus, criado pela Prefeitura Municipal de Jaboticabal com o objetivo de atender e monitorar os casos suspeitos de Covid – 19. Coube a eles ações de telemonitoramento dos infectados, acompanhando a evolução dos sintomas, orientando sobre cuidados e prevenção durante o isolamento domiciliar e esclarecendo dúvidas sobre a doença. Também coube aos residentes elaborar e atualizar a planilha de dados referentes aos atendimentos realizados no CAC, organizando, sistematizando e tabulando esses dados, contribuindo com a confecção dos boletins epidemiológicos e com a estruturação de ações de enfrentamento do vírus. “Temos certeza que nossa colaboração fez diferença e que ajudamos a salvar vidas nesse momento tão caótico da nossa história”, afirma o professor Andrigo Barboza De Nardi, supervisor do HV.
Retomada de atendimentos
Dois meses e meio após a reabertura plena dos serviços do HV, o movimento vai sendo retomado gradualmente. Os atendimentos, que chegavam a 20 mil casos por ano em tempos pré-pandemia, foram reduzidos para 11 mil em 2021. “Os períodos de exceção afetaram nosso atendimento, que hoje representa cerca de 60% da movimentação pré-pandemia. Mas estamos numa curva ascendente e creio que em breve o HV deve retomar a plenitude do seu movimento”, comenta De Nardi.
Além da esperada normalização e do arrefecimento da pandemia, o docente aposta no crescimento e no fortalecimento das ações do HV, baseado no reconhecimento cada vez maior da relevância social da Medicina Veterinária. “A própria pandemia mostra que temos um caminho promissor pela frente”. diz De Nardi. “A formação dos nossos alunos na área da saúde pública vai ajudar a sociedade a prevenir ou reduzir a chance da ocorrência de novas pandemias ou da propagação de zoonoses que atinjam o ser humano. Dessa forma, a Medicina Veterinária ganha uma importância maior dentro da sociedade. Isso valoriza também o curso, o profissional da área e o trabalho realizado pelo nosso hospital, e também por outras clínicas e hospitais veterinários.”
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