A Unesp lançou nesta terça-feira (10) um memorial em homenagem às vítimas da Covid-19 que faziam parte da comunidade unespiana e perderam a vida para a doença ao longo da pandemia. O lançamento ocorreu durante a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária (Cepe) da Unesp, transmitida ao vivo pela internet.
Construído pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI), o memorial começou a ser idealizado entre o final de janeiro e o início de fevereiro, ainda no primeiro mês da gestão do reitor Pasqual Barretti, e ganhou força a partir da proposta da Profa. Berenice Camargo Damasceno levantada no Cepe. Com o apoio e incentivo da vice-reitora Maysa Furlan, o projeto ganhou corpo e nasceu com a premissa de acolher os familiares e se solidarizar com todas as vítimas da pandemia.
“Não é um site para se trazer somente tristeza, mas para alimentar reflexões e lembranças para aqueles que perderam pessoas queridas durante a pandemia e gerar acolhimento às vítimas da Covid-19. Quando a professora Maysa (vice-reitora) veio conversar comigo, houve convergência do que pensávamos e, em sincronia, alinhamos os objetivos para a ação”, afirma o professor Marcelo Takeshi Yamashita, assessor-chefe de Comunicação e Imprensa da Unesp.
Para estruturar o projeto, a equipe da ACI conversou com profissionais de diferentes áreas. Na psiquiatria, buscou orientações para realizar uma abordagem respeitosa às famílias enlutadas. No design e na música, debateu a arquitetura e a trilha sonora da página do memorial de modo a se afastar de contornos fúnebres.
“O site foi criado para ser um lugar de acolhimento e até de silêncio. O usuário pode navegar por ele com ou sem trilha sonora. Quando fizemos os contatos com as famílias, pedimos que enviassem materiais que melhor representassem as pessoas que morreram, textos e fotos. As pessoas se sensibilizavam com o convite para participar do projeto. Até quem não quis participar agradeceu”, afirma Martha Martins de Morais, coordenadora do projeto. “Toda a construção do projeto foi direcionada para ser uma homenagem para quem foi embora e um apoio para quem está conosco”, diz.
A página está sendo lançada, em princípio, com 12 histórias de unespianos que morreram em razão da Covid-19. Entre eles, há representantes de todos os segmentos da Universidade: servidores técnico-administrativos, servidores docentes e alunos. A trilha sonora do memorial foi composta por Gustavo Sperling, estudante do Instituto de Artes da Unesp, e o desenvolvimento web, realizado pelo servidor técnico-administrativo José Eduardo Biasioli.
“Criar as animações com movimento harmônico para passar um ambiente mais aconchegante aos visitantes foi bastante desafiador”, diz Biasioli. “O projeto do site foi muito carregado emocionalmente em sua criação, pois ouvir as histórias dos homenageados enquanto eu programava foi muito triste”, afirma o servidor.
Memorial continuará recebendo histórias
O aspecto emocional da construção desse memorial da Unesp em homenagem às vítimas da Covid-19 é relatado por todos que estiveram na linha de frente do projeto como um fator marcante do processo de criação do espaço. “Nos nossos contatos, muitas famílias ficaram emocionadas. Chorei muitas vezes. Quase todas as vezes em que recebi o material eu chorei”, afirma Martha de Morais.
Na parte operacional para tirar do papel o projeto do memorial, a equipe da Assessoria de Comunicação e Imprensa, sob a coordenação do servidor Thiago Henrique Lúcio, contou com a ajuda essencial dos diretores das unidades universitárias da Unesp e de seus respectivos setores de recursos humanos. Foram as unidades que relataram os casos e repassaram os contatos das famílias que foram convidadas para participar do projeto.
“Na Unesp, entre as vítimas, há pessoas que conhecíamos. Colegas, amigos… É o momento de a gente relembrá-los. Eles são parte da Unesp, fizeram a Unesp e devem estar na nossa lembrança neste momento tão triste e tão difícil para toda a humanidade, especialmente para nós, brasileiros”, afirma o professor José Paes de Almeida Nogueira Pinto, que também faz parte da equipe da ACI.
À medida que mais famílias aceitem o convite e enviem conteúdos para a página, o memorial da Unesp continuará sendo alimentado, pois “as pessoas que amamos nunca perdemos”, como já afirmou o psiquiatra britânico Colin Murray Parkes, um dos maiores especialistas em luto no mundo. “Quando alguém diz ‘ele vive em minha memória’, isso é verdade. O problema é que, no primeiro momento em que se perde alguém, sente-se que todas as coisas boas que vieram com essa pessoa se perderam também. Só quando a pessoa pára de tentar recuperar é que percebe que nunca perdeu”, disse ele em 2005, durante visita ao Brasil.
Para acessar o memorial, clique em memorial.unesp.br.
Arte: Luci Hidaka