Ex-alunos do IA ganham prêmios no Festival de Campos do Jordão

Violinista, violoncelista e percussionista foram destaques no maior evento de música clássica do país

Duas musicistas de 24 anos procedentes de cidades pequenas localizadas na região metropolitana de São Paulo e um músico de 21 anos proveniente de uma cidade média do interior paulista foram premiados na 51ª edição do Festival de Campos do Jordão, encerrado em 1º de agosto, com três convites para a realização de performances solo na próxima edição do festival, considerado o maior evento de música clássica do Brasil. Além do talento reconhecido, a percussionista Andressa Daniella, a violoncelista Nathalia Sudario e o violinista Guilherme Peres têm em comum uma trajetória universitária forjada no mesmo endereço: as salas de aula e os laboratórios do Instituto de Artes (IA) da Unesp, no câmpus de São Paulo, bairro da Barra Funda, zona oeste da capital.

O “Prêmio Concerto” recém-concedido aos três egressos unespianos, que se destacaram em um universo de 135 músicos bolsistas que participaram da parte didática do evento, é um atestado da excelência acadêmica existente na formação musical desenvolvida no IA-Unesp, diz Eduardo Flores Gianesella, que há anos atua como docente no Festival de Verão e Inverno de Campos do Jordão, novo nome para o tradicionalíssimo evento da Serra da Mantiqueira, berço de revelações para o mundo da música clássica.

“É um resultado que, além de mostrar excelência de nossos alunos em diferentes instrumentos musicais, reforça uma característica de nossos cursos, que são abertos e mais inclusivos na questão da abordagem”, diz Gianesella, que é professor do IA-Unesp e codiretor do Grupo PIAP de Percussão. Criado em 1978, o PIAP é um dos principais grupos do gênero no país, integrado por alunos de graduação e que apresenta um nível artístico comparável ao de grupos profissionais.

Andressa Daniella, Nathalia Sudario e Guilherme Peres (esq. para dir.): egressos da Unesp premiados no festival de Campos/Fotos: arquivo pessoal

A percussionista Andressa Daniella, de 24 anos, saiu de Salesópolis, na Grande São Paulo, durante a adolescência para estudar música na capital e foi integrante do PIAP durante a graduação, de 2016 a 2019. O gosto pela percussão vem desde criança, quando chamava a atenção da família ao usar objetos domésticos como base para seus batuques com colher de pau. “É a primeira vez que participo de um festival e a primeira vez que ganho um concurso”, diz Andressa, que faz parte da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (Ojesp) e tocou marimba (instrumento de percussão com teclas de madeira) no festival de Campos do Jordão.

Outra premiada, a violoncelista Nathalia Sudario, também de 24 anos, morava em Arujá, outra cidade da Grande São Paulo, até se formar, em 2018. Estuda violoncelo desde os 10 anos, época em que freqüentava a Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), e já integrou a Orquestra Jovem Tom Jobim e a Orquestra Experimental de Repertório do Theatro Municipal de São Paulo. Desde 2019, é bolsista da Academia de Música da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e atualmente planeja realizar um mestrado no exterior. “Minha renda vem da bolsa que recebo da Fundação Osesp, de aulas particulares que leciono e de convites para cachês em orquestras, como convidada e em eventos”, relata Nathalia, que vive na capital paulista desde que se formou na Unesp.

Mais novo dos três egressos unespianos premiados no Festival, o violinista Guilherme Peres, de 21 anos, graduou-se no Instituto de Artes do câmpus de São Paulo em 2020, já com a pandemia da Covid-19 instalada no país. Antes de ingressar na Universidade, formou-se no conservatório municipal de Salto, no interior de São Paulo, onde vivia. Desde 2017, primeiro ano da graduação na Unesp, participa de todas as edições do festival de Campos do Jordão e toca na Ojesp. Em 2019, venceu o Concurso Ernani de Almeida Machado e, no ano anterior, tornou-se bolsista do programa da Cultura Artística. “Comecei a tocar violino por causa da igreja, aos 10 anos. Ganhei o violino do meu tio”, lembra Guilherme, que vai tentar um mestrado na Alemanha ou na Áustria.

Imagem de abertura mostra o vibrafone usado pela musicista Andressa Daniella/Arquivo pessoal