Jonathan Ferr: a cara do jazz contemporâneo

Nascido no subúrbio do Rio, pianista reconfigurou o estilo com elementos de música eletrônica, hip hop e funk, criando uma estética particular com tonalidade afrofuturista.

Piano, jazz, hip-hop, música eletrônica, alquimia, ancestralidade e atitude. Esses são alguns dos elementos que permeiam a obra do músico, pianista e compositor Jonathan Ferr.

Carioca do subúrbio de Madureira, Jonathan Ferr é tido atualmente como um dos principais nomes do jazz nacional e internacional. Apontado pelo jornal EL País como o “garoto-estandarte do jazz carioca”, Ferr juntou vários aspectos sonoros, sociais e espirituais dentro de um caldeirão artístico para trilhar caminhos musicais que desconstroem a ideia de que a erudição deve ser inerente a estilos musicais mais complexos.

A fusão de ritmos, combinada à verve pessoal, criou um estilo de jazz mais urbano e popular, tornando o pianista um representante brasileiro do afrofuturismo, movimento artístico que mescla tradições africanas com ficção científica e fantasia para rever o passado negro e criar novas narrativas. Mergulhado nesse universo e alinhado ao jazz moderno, Ferr explora as fronteiras do gênero com o broken beat e outros recursos eletrônicos como o vocoder, instrumento que faz com que os timbres de voz soem robóticos. E segue a trilha de músicos norte-americanos como Alice Coltrane, John Coltrane e Sun Ra, buscando combinar música, política e espiritualidade.

Aos 34 anos, o músico já granjeou bastante reconhecimento, expresso na rotina de shows dentro e fora do Brasil, participações em festivais relevantes e nas críticas positivas aos dois álbuns solo que lançou.

“Comecei a tocar piano ainda criança. Mas a minha relação com o jazz surgiu por volta dos 18 anos de idade. Até então, não tinha conhecimento específico do gênero. Achava que era algo para um público intelectualizado, longe da minha realidade do subúrbio em Madureira. Porém, após começar frequentar clubes de jazz, entendi que poderia fazer um trabalho que fosse compatível com a minha realidade urbana e musical. Nesse sentido, decidi elaborar sonoridades que juntavam tudo quem eu era de verdade. Jazz, hip hop, funk, espiritualidade, ancestralidade, para atingir a essência do meu som. Aí comecei a chamar esse caldeirão de Urban Jazz”, explica.

Em 2019 lançou seu primeiro disco, Trilogia Do Amor, dividido em três capítulos: A Jornada, O Renascimento, A Revolução. E em 2021 lançou o álbum Cura que, segundo o músico, é minimalista mas cheio de camadas, e tem o piano como protagonista. Este segundo álbum é composto por oito “music visualizers” – um para cada faixa inédita. A série retrata o encontro de um casal que se apaixona e vive um drama da vida cotidiana em um processo contínuo de busca pela referida cura do título do disco.

“Meu primeiro álbum foi muito importante para a minha trajetória. Porém, o segundo gerou impacto, tanto entre os ouvintes quanto junto à crítica musical. Partindo do nome, Cura, comecei a receber incontáveis mensagens nas redes sociais dizendo que as faixas do álbum estavam ajudando a curar os ouvintes. Seja para fazer reflexões sobre a vida, lidar com fim de relacionamentos, ou um momento de recomeço… Juntou tudo, pandemia, sentimentos e música. Fiquei muito contente em saber que a minha obra estava colaborando na melhora da vida dessas pessoas”. Domingo, 27 de março, Jonathan Ferr desembarca no Sesc Belezinho / SP para um show. Acompanhado de baixo, bateria e sax, o músico carioca promete um show de jazz animado e diferente do que grande parte das pessoas está acostumada a ver.

Tudo isso e muito mais sobre sua trajetória pode ser conferido no Podcast Unesp abaixo.

Crédito da foto: Divulgação.