Do Corpo Editorial do Jornal da Unesp
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) surgiu com a reunião de institutos isolados de ensino superior administrados pelo governo de São Paulo. Uma instituição de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão. Muito longe de ser apenas uma “universidade de excelência no ensino”, como classificou o professor José Eduardo Krieger em seu artigo “Universidades de pesquisa exigem cuidado permanente”, publicado ontem (11), na Folha de S.Paulo.
Em 2020, ano em que passou a desenvolver mais de 100 pesquisas relacionadas à Covid-19, a Unesp contabilizou cerca de 5.500 artigos científicos, sendo aproximadamente 2.000 deles com participação internacional, e se formaram na Universidade 3.103 mestres e doutores. A discriminação – surpreendentemente expressa em um artigo que advoga “cuidado permanente” para universidades de pesquisa – desconsidera ainda os 752 pesquisadores da Unesp com bolsa em produtividade científica e os 568 bolsistas de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O perfil de universidade de pesquisa da Unesp fica ainda mais evidente quando o recorte é o número de artigos científicos publicados de 2014 a 2018. Nesse período, os docentes da Unesp responderam por 8,65% da produção científica brasileira e nossos pesquisadores produziram 18.523 artigos científicos, o que colocou a Universidade em segundo lugar no país nesse ponto específico. Não é possível crer que o professor Krieger possa ter ignorado esse dado, pois no citado período ele foi pró-reitor de Pesquisa da USP.
Vale lembrar ainda que a Unesp detém o segundo maior orçamento aprovado dentro do programa Capes/PrInt (Programa Institucional de Internacionalização da Capes), no valor de R$ 85 milhões.
Se o critério for inovação, a Unesp também tem bons números a mostrar para a sociedade: no acumulado de patentes depositadas nos dois últimos anos, de acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a Unesp registrou 126 patentes, o maior número entre as universidades estaduais paulistas.
Valores indissociáveis
Além de desconsiderar quem trabalha com pesquisa em uma das maiores universidades brasileiras, o artigo também vai no sentido contrário ao de todas as iniciativas recentes de coesão promovidas pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) em defesa da ciência paulista e brasileira e em demonstrações conjuntas do retorno palpável que USP, Unesp e Unicamp oferecem à sociedade.
A Constituição de 1988, que assegura a autonomia universitária em seu artigo 207, também deixa explícito, no artigo 218, o compromisso do Estado brasileiro com a promoção e o incentivo ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação. A combinação desses dois preceitos constitucionais ajudou a solidificar o singular sistema de ensino e pesquisa na educação superior de São Paulo capitaneado pelas três universidades públicas estaduais paulistas.
O texto veiculado na Folha resvala ainda em ideias excludentes, questionando uma das principais condições para se transformar conhecimento em riqueza: a inclusão e a diversidade presentes em todos os câmpus universitários do sistema público paulista. A Unesp, uma reconhecida universidade de pesquisa, ensino e extensão, responde por 24 desses câmpus e, pioneira na adoção da política de cotas, defende vertentes mais inclusivas nessa discussão.
Na imagem acima, Biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras, câmpus em Assis.