Levantamento recente feito pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPe) a partir de dados da plataforma Scival® mostra que a proporção do foco das publicações da Unesp diretamente relacionadas a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) supera a proporção média de publicações mundiais.
Este levantamento considera o Índice de Atividade Relativa (IAR)1, ferramenta que traduz numericamente a relação entre proporções de quantidade de produção acadêmica: a proporção entre a quantidade produzida em determinada área de pesquisa numa instituição e o total de produção da instituição, dividida pela proporção entre a quantidade produzida em determinada área de pesquisa no mundo todo e o total de produção do mundo todo.
No caso dos ODS, existe um índice para cada um dos 16 objetivos, relacionando a proporção de produção relacionada a cada um na Unesp com a proporção de cada um na produção global.
A proporção de publicações da Unesp é largamente superior à proporção global para os ODS 15 (Vida terrestre), com IAR 3,38; ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável), com IAR 3,17, e ODS 14 (Vida na água), com IAR 2,32. Também é superior nos ODS 6 (Água potável e saneamento), e 12 (Consumo e produção responsáveis), conforme ilustra o gráfico da Imagem 1.
“A transversalidade e a permeabilidade dos ODSs no plano estratégico de uma universidade demonstram o comprometimento com o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões (ambiental, social, econômica e institucional) e colabora para o avanço das metas globais, ou seja, visibiliza sua significativa função social na formação cidadã e na busca de soluções para problemas globais complexos”, observa a professora Raquel Cabral, docente do Departamento de Comunicação Social da FAAC (Bauru) e coordenadora da Rede Temática de Extensão Unesp Agenda 2030.
Na comparação com o Brasil (Imagem 2), é interessante perceber que as áreas de ênfase da UNESP – ODSs 2, 6, 12, 14 e 15 – estão em consonância com as áreas de foco do país, sendo que mesmo nestes campos a universidade exibe concentração em suas especialidades maior que a proporção média nacional.
“Este levantamento mostra dois aspectos importantes de nossa pesquisa: estamos em sintonia com as demandas que a sociedade propõe à universidade, e nossa produção tem um impacto cada vez mais significativo, seja no cenário global quanto no Brasil”, afirma o professor Edson Cocchieri Botelho, pró-reitor de Pesquisa.
O Professor Newton La Scala Júnior, docente do Departamento de Engenharia e Ciências Exatas da FCAV Jaboticabal, pioneiro no estudo das emissões de CO2 pelo solo (ODS 13) desde 1997 e com mais de 100 trabalhos publicados, assinala que “O solo é uma das principais fontes de CO2 na atmosfera, e hoje sabemos que a forma como se dá o manejo impacta na emissão, com nossos estudos temos conseguido mostrar que onde houve mudança no uso da terra, como relacionada ao desmatamento, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou acima da média mundial”.
Com relação ao número de publicações (Imagem 3), no Brasil, o maior foco da produção científica está no ODS 3 – Saúde e bem-estar, com 58.250 publicações. A Unesp também acompanha essa tendência, sendo o ODS mais expressivo na Universidade, com 2.905 publicações indexadas na base Scopus/Scival. Porém, tanto no Brasil como na Unesp, os ODS 1 e 5, respectivamente Erradicação da pobreza e Igualdade de gênero, são os que possuem o menor número de artigos indexados nessa base, sendo necessário realizar mais ações para incrementar atuação nessas áreas temáticas.
Imagem 3: Volume de publicações correspondentes à artigos científicos da Unesp em comparação com o Brasil durante o período entre 2020-2023. Fonte: Base de dados do SciVal®.
É possível observar que o número de artigos da Unesp elencado em cada ODS e o total do Brasil em cada ODS (Imagem 3), quando comparados com o IAR (Imagem 2), permitem concluir que alguns ODS, embora pareçam estar em número reduzido na Unesp, possuem proporção maior de trabalhos relacionados na instituição do que a proporção média nacional. É o caso dos ODS 2 (fome zero e agricultura sustentável), 6 (água potável e saneamento), 14 (vida na água) e 15 (vida terrestre). Ou seja, o IAR indica que, proporcionalmente, a Unesp publica mais nesses temas do que se publica em média no Brasil.
O levantamento da PROPe também analisou o Impacto da Citação, utilizando o parâmetro Field-Weighted Citation Impact (FWCI), que indica como o total de citações recebidas pela Unesp (ou o Brasil) se compara com a média de citações recebidas por todas as publicações similares no universo de dados.
A Imagem 4, mostra que a Unesp apresenta FWCI superior a 1 (média global) e à média nacional nos ODS 1 (erradicação da pobreza), 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 9 (indústria, inovação e infraestrutura), 10 (redução das desigualdades), 13 (ação contra a mudança global do clima) e 15 (vida terrestre), destacando o impacto das produções nessas áreas. Repare-se que, no caso dos ODS 1, 8, 9 e 10, isso ocorre mesmo com um número pequeno de publicações e IAR abaixo da média, indicando que nossas pesquisas dentro desses ODS são bem referenciadas por outros pesquisadores.
“O levantamento mostra que a Unesp está em sintonia com a Agenda 2030 da ONU, produzindo conhecimento essencial para a consecução dos ODSs, mas também formando recursos humanos que atuem em temáticas com este foco e, que tem por finalidade a melhoria da sociedade como um todo”, afirma a Profa. Maysa Furlan, vice-reitora da Unesp.
Maiores informações sobre o Índice de Atividade Relativa – IAR, podem ser obtidas em: SciVal Metric: Relative Activity Index (RAI). Disponível em: https://service.elsevier.com/app/answers/detail/a_id/35795/supporthub/scival/