A Unesp, juntamente com a USP e a Unicamp, irá sediar um novo centro de pesquisa na área de Inteligência Artificial. O projeto que une as três instituições paulistas, intitulado Centro de Pesquisa em Engenharia Ciência de Dados para a Indústria Inteligente (CDI2) foi contemplado em uma chamada de financiamento para a criação de uma rede de centros de pesquisa aplicada em Inteligência Artificial organizada pela Fapesp, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pelo Ministério das Comunicações (MCom) e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O anúncio foi realizado no começo deste mês pelos órgãos envolvidos.
O novo centro reunirá institutos de computação e pesquisadores das três universidades estaduais. Pela Unesp, os docentes João Paulo Papa e Sérgio Novaes irão ocupar a posição de pesquisadores principais do CDI2, representando o Departamento de Computação, campus Bauru, e o Instituto Avançado para Inteligência Artificial (AI2), respectivamente; ambas são instituições-sedes do novo centro. Os pesquisadores trabalharão em conjunto com José Alberto Cuminato, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP e com Alexandre Xavier Falcão, do Instituto de Computação da Unicamp.
O CDI2 surge com dois objetivos principais. O primeiro é atrair indústrias por meio da prestação de serviços, desenvolvendo soluções em Inteligência Artificial. Com esse intuito, um dos parceiros do grupo é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo. A expectativa é que se possa aproveitar o portfólio e a rede de contatos do Senai a fim de atrair indústrias para colaborar com o novo centro. O segundo objetivo é abrir um espaço para a formação de recursos humanos na área de IA e ciências de dados. “Nós observamos que existe uma carência muito grande de profissionais nessas áreas. Como esse é um tipo de conhecimento que, geralmente, está atrelado à universidade, a ideia é que as instituições-sedes colaborem na capacitação de novos profissionais para atender à demanda do mercado”, diz Papa.
Novaes diz que a criação do centro servirá para promover a interação entre a academia e a indústria, aproveitando o conhecimento e a rede de conexões das instituições envolvidas. “O diferencial no CPA é a participação da indústria no desenvolvimento de projetos de interesse comum com a academia. Nesse caso, há a expectativa de que as indústrias entrem com apoio financeiro para a pesquisa e desenvolvimento, além do financiamento de bolsas e equipamentos”, diz.
O financiamento, estimado em R$ 12 milhões, terá duração de cinco anos, podendo ser renovado por mais cinco caso o centro apresente bons resultados. Segundo a chamada, espera-se que os Centros de Pesquisa Aplicada conduzam pesquisas “ousadas e de excelência internacional em Inteligência Artificial”, estabelecendo conexões entre pesquisadores, estudantes, instituições de pesquisa, agências de fomento nacionais e internacionais, pequenas e grandes empresas, governo, imprensa e sociedade. Outra expectativa é que se consiga aperfeiçoar o desenvolvimento de produtos no campo da computação e IA, como métodos, algoritmos, modelos matemáticos, hardwares, software, etc.
Uma vez anunciada a seleção, os pesquisadores do CDI2 estão focados na submissão da proposta final para a aprovação do orçamento. Papa diz que estão sendo realizadas negociações com a Pró-reitoria de pesquisa da Unesp, para averiguar a possibilidade de que a instituição venha a fornecer a infraestrutura necessária para a viabilização do novo centro. Novaes diz que estão sendo planejados diversos workshops, com o objetivo de conectar os pesquisadores com as indústrias, de maneira a explorar as expectativas de ambos os lados, e debater as demandas por aplicação e desenvolvimento de ferramentas de IA. Com previsão de início das atividades para 2024, as discussões sobre a sede física do centro ainda estão em andamento, mas a expectativa é que sua operação se dê em um padrão descentralizado, no qual cada instituição contará com uma sede do CDI2.
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