Estilo artístico nascido depois do período renascentista, marcado pela exploração ultramarina e a colonização do continente americano por espanhóis e portugueses e identificado com as monarquias absolutistas da porção ocidental da Europa do Século 17, o barroco passou um período de ostracismo no Século 19, foi resgatado por estudiosos da história da arte e chegou ao Século 21 como um marco fundamental para entender as raízes da cultura latino-americana.
“Uma pessoa barroca é uma pessoa com pensamento não apenas racional. Vai além, vai no simbólico”, explica o pesquisador Percival Tirapeli, professor do Instituto de Artes da Unesp, um dos principais estudiosos do país sobre a arte barroca. “Você pode ver o barroco todos os dias na sua casa. Quando ouvir uma música de (Johann Sebastian) Bach e as Quatro Estações de Vivaldi. Todo fim de ano você ouve Aleluia de Handel. Então, o barroco está dentro da nossa vida.”
O professor do Instituto de Artes da Unesp foi o convidado do podcast Prato do Dia sobre a arte barroca, que marcou fortemente o período colonial brasileiro. No próximo dia 29 de julho, Percival Tirapeli vai lançar no Museu de Arte Sacra, localizado na região central da capital paulista, um livro com poemas e diálogos imaginários entre Padre Antonio Vieira e Aleijadinho, duas figuras essenciais para entender o barroco expresso no Brasil – Aleijadinho, na verdade, é a principal expressão artística nacional do rococó, um desdobramento da arte barroca. O título da obra cita uma “louvação da arte mestiça” que faz referência a uma visão do barroco como integração do país, uma integração muito pautada pelas missões dos jesuítas católicos.
“A Igreja Católica vai se valer das imagens. O barroco está sempre unido a uma grande quantidade de alegorias. Não só a imagem do santo ou da pintura ou a glorificação dos santos. Está ligado a tudo aquilo que é alegórico. A alegoria substitui algo abstrato por uma coisa concreta. Como você vai falar sobre a caridade? Você coloca uma mulher com duas crianças, uma na mão dela e a outra amamentando. Alegoria da fé, uma mulher segurando uma chama… Então isso tudo é o barroco. Você precisa ir decifrando”, diz Tirapeli. “O barroco é cultista, conceptista, complicado em si. É sempre esse jogo de revelar e não revelar, o claro e o escuro”, afirma o docente do Instituto de Artes da Unesp.
Entre citações à poesia de Shakespeare e à pintura de Caravaggio, Percival Tirapeli lembra a contribuição do barroco para o mundo político da era moderna, como a elaboração de discursos inspirados na escrita de grandes sermões religiosos, e o surgimento da ópera como um gênero que combina diversas expressões artísticas, como a poesia expressa no canto, a orquestração, a dança, a arte de encenar, etc. “A evolução da música vai ser muito grande (no período barroco)… A maior invenção de música barroca talvez tenha sido a ópera”, diz.
A edição do Prato do Dia sobre a arte barroca está disponível na mídia abaixo e também pode ser ouvida na plataforma Podcast Unesp, bem como nos tocadores Google Podcasts, Spotify e Deezer. O podcast é uma produção da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.