Nos próximos dias 22, 23 e 24 de maio acontece a nona edição do festival Pint of Science no Brasil, dedicado à divulgação científica. Este ano, ele acontecerá em 123 cidades em 22 estados e no Distrito Federal. No estado de São Paulo serão 31 cidades, sendo que em 15 delas a comissão organizadora local conta com professores e alunos da Unesp.
O Pint of Science surgiu na Inglaterra em 2012 e, em pouco mais de uma década, espalhou-se por mais de 400 cidades de duas vintenas de países. O sucesso veio do formato inovador que tira os cientistas dos ambientes fechados das salas de aula e laboratórios e os leva para as mesas de bares e restaurantes, a fim de conversar sobre temas científicos com o público não especializado entre um gole de bebida e um prato de salgadinhos. A edição brasileira, que geralmente acontece no mês de maio, tornou-se a maior do mundo e chegou a contabilizar eventos em 179 cidades em 2019. No ano seguinte, devido à pandemia, ele passou por um período de atividades on-line. As palestras voltaram a acontecer de forma presencial em novembro de 2022.
A expansão vertiginosa do Pint of Science Brasil aconteceu também no estado de São Paulo. Na verdade, foi aqui que ele teve início em 2015, na cidade de São Carlos. Um dos elementos que contribuiu para este crescimento foi o engajamento dos pesquisadores e cientistas paulistas que abraçaram a oportunidade de fortalecer um novo circuito para falar de ciência ao público geral. E a comunidade unespiana também faz parte deste movimento. Este ano, entre docentes e estudantes de pós-graduação, unespianos são responsáveis pela coordenação da comissão organizadora local em: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Dracena, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Jaboticabal, Presidente Prudente, Rio Claro, São José do Rio Preto, São Vicente, Sorocaba e Tupã. Entre as funções dos coordenadores estão as de visitar os ambientes, buscar pessoas para conduzirem as palestras e fazer a checagem dos assuntos que poderão ser abordados.
O coordenador regional do festival no estado de São Paulo é Paulo Lopes, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas da Unesp, câmpus de Dracena. Lopes diz que qualquer um pode se voluntariar para participar e que a equipe organizadora pode reunir pessoas de diversos níveis e até membros externos à Universidade. “É comum a participação de servidores docentes, servidores técnico-administrativos, estudantes de pós-graduação e de graduação nas equipes”, diz.
Diretor nacional do Pint of Science Brasil, Luiz Gustavo de Almeida diz que a repercussão que o evento alcançou foi surpreendente ao longo de suas oito edições, até mesmo pelo fato de que as palestras acontecem em dias tradicionalmente de pouco movimento para bares e restaurantes, como segundas, terças e quartas-feiras. “Aqui no Brasil há poucos lugares que permitem algum contato com a ciência. Temos museus, mas mesmo eles nem sempre se mostram acessíveis para todos”, avalia. Ele diz que a possibilidade de assistir às palestras na companhia de amigos e parentes é outro chamariz. “Você não vai estar numa sala de aula ou num congresso, e sim ao lado de pessoas de quem realmente gosta. E se a apresentação não for tão boa, ainda pode comer algo por lá”, brinca.
Uma oportunidade para a universidade
O formato das atividades do festival pode alternar entre palestras, rodas de conversa, e até um rodízio com os cientistas se revezando entre as mesas para conversar. Os eventos possuem classificação etária livre e são abertos a todos os públicos. Porém, graças a levantamentos feitos nas edições anteriores, os organizadores já conseguiram estabelecer que 70% dos frequentadores são estudiosos de alguma área da ciência, que se divertem em aprender um pouco mais sobre áreas diferentes. Almeida não vê isso como um problema. “Esse dado mostra que mais ou menos 30% dos frequentadores não são da academia. E um público que se interessa muitas vezes, e a gente não esperava captar, são os próprios funcionários dos restaurantes. Muitas vezes vemos as pessoas que estão servindo as mesas escutando as palestras e se interessando”, diz.
Além da participação na coordenação local, docentes da Unesp serão responsáveis por conduzir palestras em diversas cidades. Entre os temas que devem despertar mais interesse este ano, diz Lopes, está a possibilidade de ocorrência de algum tipo de destruição em massa a partir da ação de um microrganismo. Embora pareça um pouco insólita, esta pauta se popularizou por meio do videogame “The Last of Us”, que recentemente foi adaptado para uma série de streaming de grande sucesso. “A palestra será ministrada por uma aluna de doutorado da Unesp em Jaboticabal. Ela vai abordar o tema por uma perspectiva científica, tratando de fungos e agentes patogênicos”, diz.
O docente defende que a participação no festival é benéfica também para a academia. “É importante não só para expor o trabalho que está sendo feito, já que muitas vezes os participantes pertencem a uma universidade pública com investimentos públicos, mas inclusive para projetar a Unesp para a sociedade. Gostaria que mais pessoas da Unesp participassem nas próximas edições. Acho muito interessante que a Universidade tenha a oportunidade de expor as suas pesquisas, sentar junto com a população num ambiente extremamente descontraído e trocar uma ideia sobre temas científicos relevantes”, diz.
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Cidades participantes no estado de São Paulo
Araçatuba, Araraquara, Araras, Assis, Bauru, Botucatu, Bragança Paulista, Catanduva, Diadema, Dracena, Guaratinguetá, Guarujá, Ilha Solteira, Itapetininga, Jaboticabal, Jaú, Jundiaí. Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Rio Claro, São Bernardo do Campo, São José do Rio, São José dos Campos, São Paulo, São Vicente, Sertãozinho, Sorocaba, Taubaté, Tupã e Votuporanga.
Imagem acima: Marcelo Matos durante palestra do festival Pint of Science Brasil em São José do Rio Preto, 2022. Crédito: Eder Juno Nicolau Terra.