Executiva de empresa de tecnologia líder em delivery é entrevistada do podcast Universo Profissional

Egressa do curso de Administração de Empresas da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Karina Noguti relata sua trajetória de quase duas décadas no segmento corporativo e apresenta os conselhos que compartilha com estudantes universitários e colegas de trabalho.

Compromisso com a inovação, criatividade para superar obstáculos, versatilidade para experimentar novos papéis, busca constante por aprendizado: todos esses elementos se fizeram presentes na carreira da administradora de empresas Karina Noguti. Egressa do curso de Administração da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Unesp, câmpus de Jaboticabal, ela vem se destacando no mundo corporativo e, desde 2020, ocupa o cargo de Head de Riscos e Controles no iFood, responsável por coordenar as ações voltadas para inovação e automatização.

O curso de Psicologia foi sua primeira opção quando cursava o ensino médio. O fracasso na aprovação, porém, levou-a a repensar suas escolhas. Por volta de 2002, ficou sabendo que a FCAV estava desenvolvendo um novo curso de graduação em Administração, que abriria espaço para disciplinas voltadas ao agronegócio e contemplaria também questões sociais. O fato de que a cidade em que residia, Ribeirão Preto, ser um dos polos do agronegócio no país foi mais um fator a despertar interesse. Por fim, havia o atrativo de que a universidade estadual combinava gratuidade e a reputação de oferecer uma formação diferenciada aos estudantes.

“Naquela época, existia uma cultura, muito forte, de que estudantes que saíam de universidades públicas vinham com uma formação melhor. Isso me fisgou muito”, lembra. Ao final do curso, tornou-se a primeira integrante de sua família a se formar no ensino superior, e mais um exemplo da capacidade da educação pública para promover mobilidade na sociedade brasileira.

Karina Noguti. Crédito: acervo pessoal

Karina foi aluna de graduação entre 2003 e 2007 e diz que as experiências que viveu durante esses anos ultrapassaram a simples aquisição de conhecimento técnico em sua área.

“A Unesp me colocou em contato com pessoas de perfis diferentes, com quem converso até hoje, incluindo o professor Roberto Louzada. Graças à minha participação nos programas, eventos, conferências e trabalhos de iniciação científica, pude navegar por vários lugares diferentes e experimentar diversas formas de trabalhar”, diz.

Ainda na graduação, ela se interessava em encontrar recursos que lhe permitissem chegar de maneira mais competitiva ao mercado de trabalho. Um deles foi o estudo de línguas.

“Durante a faculdade, quis aprender espanhol. Havia um aluno do doutorado que falava espanhol e precisava de dinheiro extra. Nós não tínhamos qualquer material didático formal, mas nos ajudávamos. Ele me ofereceu aulas de espanhol por um preço acessível. Fiz a mesma coisa para aprender inglês também durante a faculdade”, diz.

Carreira revelou amor às viagens

Finalizada a graduação, Karina buscou os programas de trainee para iniciar sua carreira. Inscreveu-se em 22, todos localizados em São Paulo. Foi aprovada em dois. Um deles lhe ofereceu a oportunidade de trabalhar em outras países latino-americanos.

“Quando surgiu essa oportunidade profissional, disse que não falava espanhol de forma fluente, mas era capaz de me comunicar. Essa habilidade abriu portas para que eu pudesse viajar pela América Latina. Foram as minhas primeiras experiências internacionais, e ali pude entender que as viagens eram algo de que gostava muito”, diz.

Esse amor pelas viagens foi exercitado durante sua passagem de quase uma década pela Braskem, onde foi contratada para o cargo de analista pleno e sucessivamente promovida até o posto de Head Global. As estadias em outros países da América Latina eram parte do seu cotidiano profissional. “Viajava pela América Latina e passava mais da metade do ano fora do Brasil, a depender da época. Em geral, chegava ao país no final de semana anterior aos meus compromissos e retornava no final de semana seguinte. Nestes dias, aproveitava para fazer um mochilão. Foi uma época extremamente feliz”, diz.

Uma empresa do futuro

O duro período da pandemia, que levou tantas pessoas a reexaminarem suas escolhas, também a impactou. Karina sentiu que era o momento de respirar novos ares. A decisão coincidiu com o contato de uma headhunter, que a convidou para participar de uma entrevista de emprego para um cargo na empresa iFood. Karina foi aprovada e, desde 2020, integra a empresa.

Sob sua responsabilidade estão a liderança e a execução de todas as ações voltadas à inovação e à gestão de riscos. Isso exige um olhar detalhado para os procedimentos cotidianos que são repetitivos e que podem ser concretizados de forma automatizada, empregando-se a inteligência artificial e outros recursos. Também cabe a ela cuidar de conscientizar os colaboradores, de forma a aperfeiçoar a gestão dos riscos. E a tantas responsabilidades soma-se o desafio de atuar em uma empresa que está constantemente lançando produtos e reinventando seus processos e sistemas.

“Estar em uma empresa assim é como viver no futuro. Uma jornada profissional bem interessante e diferente”, diz. “Neste período, pude melhorar minhas habilidades de liderança, de resolução de problemas e de construção de ferramentas e caminhos para atuar em ambientes caóticos, voláteis e ambíguos. A empresa muda o tempo todo, e eu também. A cada seis meses sou uma profissional diferente. Isso faz toda a diferença na minha carreira”, diz.

Recomendações aos estudantes e mentorados

Karina ressalta que a capacidade de se arriscar foi um elemento que contribuiu para seu sucesso. “Entrei em todas as oportunidades que enxerguei pelo caminho, oportunidades que me permitiram ser uma pessoa correta e ética, que busca transformar o mundo e construir algo melhor”, diz.

A executiva atua como mentora junto a estudantes universitários e colegas de trabalho. Com eles, compartilha seus aprendizados.

“Principalmente para os estudantes, faço algumas recomendações. A primeira é: não espere até o final da faculdade para começar os processos seletivos. Comece agora. Vá entender seus concorrentes. Participe dos processos à medida que aparecem e vá se testando, veja se gosta daquilo”, diz.

Ela ressalta o dinamismo extremo do mercado de trabalho hoje. “Nestes quase 20 anos desde que me formei, muita coisa mudou. Acho que a própria coordenação do curso de Administração da Unesp se preocupa com isso, com a necessidade de trabalhar com análise de dados, inteligência artificial, esses temas supermodernos e que são exigidos pelo mercado de trabalho. Esse conhecimento é que irá fazer um estudante se diferenciar em meio a uma massa imensa de pessoas que participam de um processo seletivo. A pessoa antenada busca se atualizar e se reciclar o tempo todo. Esse é o caminho”, diz.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Universo Profissional.