A Unesp é uma das universidades precursoras no país em ações afirmativas para reservar vagas no nível da pós-graduação strictu sensu (mestrado e doutorado) a pessoas autodeclaradas travestis e transgêneras. O Programa de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Artes (IA) do câmpus de São Paulo, lançou neste mês edital com 28 vagas de mestrado e 22 vagas de doutorado destinando 10% do total de vagas à população trans. As inscrições começam no dia 20.
O PPG em Artes do IA é o terceiro programa de pós-graduação da Universidade a criar reserva de vagas a travestis e transgêneros desde 2020, de acordo com o professor Leonardo Lemos, assessor da vice-reitoria para assuntos relacionados à diversidade, que liderou recentemente a primeira edição do Censo sobre as Diversidades na Unesp. Os programas de pós-graduação em Psicologia, da Faculdade de Ciências e Letras do câmpus de Assis, e em Lingüística, da Faculdade de Ciências e Letras do câmpus de Araraquara, já tinham tomado a mesma medida em editais lançados recentemente. O termo “trans” é utilizado para denominar um grupo diversificado de pessoas cujas identidades de gênero diferem, em graus e expressões diversas, do sexo em que foram designadas ao nascer.
“A questão da representatividade é muito importante para esta população e os programas de pós-graduação que se mobilizam para garantir essas reservas de vagas, tanto para a população preta, parda e indígena quanto para a população trans, trabalham no sentido de sensibilizar a comunidade acadêmica, tornando o espaço universitário efetivamente plural”, afirma o professor Leonardo Lemos. “Quando você abre uma porta, encoraja mais essas pessoas, dá acesso e condições de permanência a elas e se abre para outros saberes”, diz o docente.
Desde 2017, a Unesp reconhece a identidade de gênero de pessoas travestis e transgêneras no âmbito da Universidade e possibilita a elas o uso do nome social. No Brasil, segundo estimativas da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), aproximadamente 2% da população brasileira integra a categoria trans.
“Oriento pessoas trans na pós, uma delas com um histórico muito pesado de discriminação no meio acadêmico. Este edital firma uma posição de integração social que já existe no Instituto de Artes. Espero que influencie outros colegas, outros pares e abra mais as portas para a população trans”, diz a professora Rosangela Leote, coordenadora do PPG em Artes do IA.
Construídos com o apoio de pós-graduandos da unidade universitária, os editais de pós-graduação recém-lançados pelo PPG em Artes do Instituto de Artes foram idealizados pela professora Rita Bredariolli e preveem 70% de vagas na modalidade de “ampla concorrência”, 20% de vagas pessoas autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas e 10% das vagas para travestis e transgêneros.