Giovanna Novaes, Fabio Mazzitelli, Marcos Jorge
Adotado por pessoas físicas e jurídicas para apoiar e agilizar tarefas do dia a dia, o ChatGPT (Generative Pre-Trained Transformer) é uma ferramenta baseada em inteligência artificial que vem conquistando cada vez mais espaço no cotidiano das pessoas. Na visão de quem estuda IA (ou AI, na sigla em inglês para Artificial Intelligence), o ChatGPT é, de fato, um “avanço absurdo” em relação aos antigos chatbots, em uso nos serviços de atendimento robotizados a clientes ou usuários, mas não há neste momento motivo para previsões ou visões apocalípticas sobre o futuro desta tecnologia. Pelo contrário.
Referência nos estudos em IA no Brasil, João Paulo Papa, da Faculdade de Ciências do câmpus de Bauru da Unesp, enxerga o ChatGPT e os avanços tecnológicos nesse campo como oportunidades para o desenvolvimento de soluções em diversas áreas, da engenharia à medicina. Papa é, inclusive, o pesquisador responsável por um projeto com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que busca desenvolver novas arquiteturas de aprendizagem de máquinas e utilizá-las para resolução de problemas.
“Um uso muito interessante de IA é agilizar o procedimento de descoberta de fármacos, na elaboração de uma vacina”, exemplifica o docente, citado há alguns anos em um ranking da Universidade de Stanford (Estados Unidos) que mede o impacto da produção acadêmica de pesquisadores ao redor do mundo. “Nossa ideia (no projeto Fapesp) é, com base naquilo que o médico escreve, na informação textual, tentar fazer uma pré-classificação de encaminhamento do paciente. Estamos focando em crianças, em oncologia pediátrica. Essa ferramenta vem para o auxílio do diagnóstico, no sentido evitar erros humanos”, disse João Paulo Papa ao podcast Prato do Dia.
Especificamente sobre o ChatGPT, o docente define a ferramenta como “um decorador digital com um bom poder de argumentação”. Tal poder argumentativo foi desenvolvido e lançado há menos de um ano pelo laboratório de pesquisa estadunidense OpenAI, em novembro de 2022. A ferramenta é capaz de responder praticamente todo o tipo de questão, formular textos, legendas e histórias, resolver problemas matemáticos, além de criar imagens inéditas a partir de descrições feitas pelo usuário. O sucesso da nova tecnologia motivou manifestações públicas favoráveis à fixação de limites para o desenvolvimento da inteligência artificial, de forma a preservar a essência de alguns papéis fundamentais para a evolução dos seres humanos.
“Vamos partir do pressuposto que consigamos modelar matematicamente o ser humano em algum momento de nossa existência. Ainda assim como é que vamos modelar a consciência?” questiona o pesquisador. “Devemos prestar atenção (no assunto), é superinteressante termos esse tipo de discussão filosófica, mas não é o momento de restringir ou limitar a pesquisa em IA”, afirma João Paulo Papa.
A íntegra desta edição do Prato do Dia sobre o ChatGPT está disponível na mídia abaixo e pode ser ouvida também na plataforma Podcast Unesp, bem como nos agregadores Spotify, Deezer e Google Podcasts.