A Unesp está liderando uma discussão ampla com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a construção de estratégias no sentido de fortalecer os programas de pós-graduação (PPGs) profissionais em pesquisa clínica, a fim de torná-los atraentes e capazes de engajar pesquisadores qualificados para atuarem em inovações na área.
No último 17 de outubro, Claudia Queda de Toledo, presidente da Capes, e Zena Martins, diretora de programas e bolsas da Capes, visitaram o câmpus de Botucatu e se reuniram com o reitor Pasqual Barretti, a pró-reitora de pós-graduação Maria Valnice Boldrin e representantes das quatro unidades universitárias do câmpus de Botucatu. O encontro aconteceu na sede do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), unidade complementar da Unesp que está à frente da construção da fábrica-escola de biofármacos em Botucatu e mantém parceria com a Faculdade de Medicina (FMB) no mestrado profissional em pesquisa clínica oferecido pela Unesp.
Por ocasião da visita, o professor Paulo Villas Boas, do Departamento de Clínica Médica da FMB, entregou à presidente da Capes uma proposta para o fomento, em conjunto, dos quatro programas profissionais em pesquisa clínica existentes no país, um conjunto composto por PPGs sediados na Unesp, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), ligado à UFRGS, e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com programas no Rio e na Bahia.
“Temos a expectativa de que qualquer pessoa que mostre bons projetos para o país possa construir algo em sua área de atuação. Os projetos têm de ser pensados como projetos de estado, independentemente do governo. Nossa proposta visa diminuir a dependência do Brasil na área de pesquisa clínica”, diz Villas Boas.
Livre-docente em geriatria pela Unesp, Villas Boas ressalta que a falta de investimentos em pesquisa clínica no país ficou mais evidente na pandemia de covid-19, quando os insumos para o desenvolvimento de imunizantes contra a doença tiveram de ser importados. Segundo ele, se houver investimentos em recursos humanos, os pesquisadores qualificados na área terão “chão de fábrica” para atuar no país, citando instituições como a Fiocruz, o Instituto Butantan e a futura fábrica-escola em construção no câmpus de Botucatu.
“(O encontro) Foi importante para a Capes conhecer a estrutura que temos. Fizemos uma proposta que consideramos estratégica para fomentar os programas profissionais. O Brasil carece de profissionais qualificados em pesquisa clínica”, diz Villas Boas.
Durante o encontro com as dirigentes da Capes, a pró-reitora Maria Valnice Boldrin apresentou um quadro detalhado da pós-graduação da Unesp, que mantém 139 programas stricto sensu. Desse total, 24 são programas profissionais, sendo 14 ministrados integralmente na Unesp e 10 em associação com outras instituições de ensino e pesquisa. A Universidade tem cerca de 14 mil alunos de pós-graduação, número que se mantém estável nos últimos anos. Na última avaliação quadrienal dos PPGs feita pela Capes (2017-2020), mais de 60% dos programas obtiveram conceitos 5, 6 e 7, os mais altos.
“O dado de que 62% dos programas superam a nota 4 e estão entre aqueles com conceitos 5, 6 e 7 é uma manifestação de excelência para a Unesp”, afirmou a presidente da Capes durante o encontro realizado em Botucatu.
O programa de pós-graduação em pesquisa clínica, modalidade profissional, oferecido pela FMB e pelo Cevap, tem três linhas de pesquisa mestras: uma voltada ao complexo econômico e industrial da saúde; outra voltada à pesquisa clínica, com foco na população vulnerável; e outra destinada à avaliação de tecnologias em saúde, inserida na rede brasileira. O PPG em pesquisa clínica, que tem no momento apenas o mestrado profissional, está em fase final de formulação de uma apresentação de proposta para curso novo (APCN) com vistas à implantação de um doutorado profissional.
Imagem da obra de construção da fábrica-escola do Cevap-Unesp, em Botucatu – Divulgação – out2022/Cevap