Claudio José Moore Nucci nasceu no dia 9 de junho de 1956 em Jundiaí, São Paulo, e desde cedo interessou-se pela música, por influência de seus pais e familiares que sempre cultivaram a arte de alguma maneira.
“Desde a infância tive uma relação lúdica e até sofisticada com a música, pois as gerações tinham uma educação musical na escola mais forte que as de hoje. Além disso, as programações da rádio eram muito ecléticas, tinham vários segmentos como música clássica, caipira de raiz, internacionais (americanas, italianas e francesas). Então, cresci nesse ambiente radiofônico de alta diversidade e qualidade. Isso ajudou muito a formar o músico que sou hoje, com várias influências, assim como é o Brasil: diversificado e repleto de ideias musicais”, relata Nucci.
Porém, foram as canções dos festivais do final dos anos sessenta, que lançaram compositores da geração de Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que despertaram ao garoto mais interesse sobre a nova música brasileira que estava surgindo. Começou a tocar com 10 anos de idade em Campinas, com um violão que descobriu na casa dos seus avós e que lhe despertou o interesse de ampliar sua afinidade com o instrumento.
Na adolescência mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde tomou contato com obras de outros grandes nomes da cultura brasileira como Tom Jobim, Dorival Caymmi e Paulinho da Viola. Participou de alguns festivais no início da década de setenta e também conheceu outros jovens que se tornaram amigos e artistas, entre eles Mú Carvalho, Cláudio Infante, Mauro Assumpção e Zé Renato.
“O profissionalismo foi um processo natural. Mas preciso destacar a minha participação no grupo “Semente” com Zé Luís Oliveira, Mário Adnet, Cláudio Infante, Márcio Resende, Paulinho Soledade e Ricardo Mará. O “Semente” ganhou uma boa notoriedade na cena artística carioca, tocamos no Museu de Arte Moderna, Morro da Urca entre outros lugares importantes. Nessa época, também tivemos um apoio muito especial do Edu Lobo, que colaborou significativamente com a nossa projeção junto ao público”. Em seu breve, mas relevante curso, o grupo contou com participações de músicos como Lobão e Lulu Santos.
Já em 1978 fundou com Zé Renato, Maurício Maestro e David Tygel, o quarteto vocal Boca Livre, que lançou com grande sucesso seu álbum de estreia. Dentre as principais canções do grupo estão as clássicas “Toada” e “Quem Tem a Viola”. Em seguida, se desligou da banda para iniciar carreira solo. No ano de 1980 gravou seu primeiro disco pela EMI Odeon (o Compacto “Quero Quero”), depois seu primeiro álbum, um LP. Após esse início, a carreira solo também atingiu sucesso e consolidou Nucci como um grande músico e compositor da cena nacional. No decorrer dos anos, criou e participou de diferentes projetos, gravou uma série de discos solos, participou de outros inúmeros e emplacou diversas canções em telenovelas. Como intérprete convidado, Nucci participou de discos de Edu Lobo e Chico Buarque, Guinga, SongBooks de Dorival Caymmi, Tom Jobim, Ary Barroso, Djavan e Chico Buarque, bem como no CD premiado com o Grammy-93, “Brasileiro”, de Sergio Mendes, ao lado de Guinga e Carlinhos Brown. Já como compositor, foi interpretado por Nana Caymmi, Emílio Santiago, Simone, Roupa Nova, Zizi Possi e outros.
Em 2021, para celebrar seus quarenta anos de carreira, o músico lançou o álbum “Direto no coração – 40 anos de acontecências”, cujo repertório inclui regravações de antigos sucessos, canções inéditas e diversas participações. Dentre elas, Paulinho Moscka (Toada), Pedro Luis (Sapato Velho), Zé Renato (A hora e a vez), Renato Braz (Acontecência) e Chico Chico – filho de Cássia Eller (Quero Quero). O disco também conta com uma das canções compostas por Nucci, em parceria com Aldir Blanc (Caçada Humana).
“Meu repertório atual tem enfoque nesse meu último álbum. Mas sigo sempre compondo e pensando em novos trabalhos. Compor é um exercício maravilhoso que eu recomendo para todo músico. Uma atividade prática de juntar ideias, motivos e sentimentos. Já em relação aos novos projetos, atualmente penso em lançamentos de músicas pontuais, para que elas tenham oportunidade de aparecer mais aos ouvintes. Às vezes, você faz um álbum grande e muitas faixas ficam para trás, sem destaque. Penso em consonância com a forma que as pessoas estão ouvindo música. Acho que pode ter um resultado mais positivo. Mas caso eu lançar vários singles e o conjunto tiver um sentido, posso até produzir um álbum com oito músicas, por exemplo”.
Confira abaixo a entrevista completa e exclusiva de Nucci ao Podcast Unesp.