Poesia, romantismo, resistência e modernidade. Essas são apenas algumas nuances que permeiam o novo álbum autoral, recheado de composições inéditas, da cantora e compositora carioca Dulce Quental. Intitulada “Sob o Signo do Amor”, a obra foi lançada em março nas plataformas musicais por meio do seu próprio selo, Cafezinho Edições.
Imersa no universo bucólico de uma praia deserta em Angra dos Reis (RJ) durante a pandemia, Dulce estruturou seu novo trabalho a partir de sua vivência de autoconhecimento e de reflexões sociais e políticas. Munida do violão e de pequenos equipamentos de gravação, iniciou as composições nessa cabana “quase inóspita”. Dulce conta que o processo de criação do disco refletiu o que ocorria em sua vida naquele momento, incluindo a necessidade de renovação artística, a relação com a natureza, o sentimento de indignação política, a chegada dos sessenta anos e um novo amor.
“Fugi do senso comum. Existem na cena artística discos bem gravados, com boas tecnologias, mas sem conteúdo, carentes de magia e encantamento. Há tempos busco distanciamento da minha obra das décadas 80 e 90, apesar de toda sua importância. Esse viés não cabe mais na minha arte. O artista precisa se renovar e buscar novas linguagens. Gosto de estar em contato com gente jovem, novas ideias e pessoas que não são acomodadas num molde musical”, relata. “Além disso, contribuíram para essa busca de renovação a chegada dos sessenta anos, a vivência de um erotismo e uma relação com uma nova pessoa, que deu ao momento o colorido de uma segunda adolescência. Tudo isso atrelado a uma indignação com o atual governo federal que bombardeia o povo, rouba nossa dignidade e gera pautas como se as nossas vidas não fossem importantes”.
Com base neste universo, Dulce dividiu a produção do álbum com os irmãos Jonas e Pedro Sá, autores de obras musicais requintadas dentro da nova geração da música brasileira. O disco contou também com a participação de nomes como Jaques Morelenbaum (Vagalumes Fugidios), Zé Manoel (A Arte Não é Uma Jovem Mulher), entre outros.
As onze faixas presentes em “Sob o Signo do Amor” mostram que a metamorfose artística e pessoal de Dulce é clara e evolutiva. Mas vale destacar que sua ampla e reconhecida bagagem cultural, permite esses anseios. A artista conta com composições gravadas por diferentes artistas e tem parcerias com nomes como Roberto Frejat, George Israel, Paulinho Moska, Ana Carolina, Zélia Duncan, Toni Garrido, Celso Fonseca e Paulo Monarco.
Dulce nos presenteia com mais um belo disco. “Sob o Signo do Amor” traz uma atmosfera de sentimentos, uma sonoridade contemporânea e realça a possibilidade de que artistas consagrados busquem se reinventar de forma lúcida e competente.
Em entrevista exclusiva ao Podcast Unesp, Dulce Quental conta sobre a concepção deste novo álbum. É só clicar abaixo e conferir!
Foto acima: divulgação.