Em Saramago, a escrita desvela o grotesco e o sublime na história humana

Estudiosa da obra saramaguiana, professora da Unesp analisa comemorações do centenário de nascimento do escritor português e de seu legado artístico. Ganhador do Nobel, chegou a criar seu próprio prêmio para estimular novos escritores, e manteve, até o fim, uma atitude de enfrentamento das adversidades de sua época e a crença nas potencialidades humanas.

Em 2022 comemoram-se centenários importantes em Portugal, mas um deles chama particularmente a atenção, devido à magnitude das celebrações previstas: os cem anos de José Saramago.

Nascido na aldeia da Azinhaga, na província portuguesa do Ribatejo, em uma pobre família de camponeses, publicou, com 25 anos, seu primeiro romance, Terra do pecado (1947). Percebeu, em um severo exercício de autocrítica,  que não tinha, ainda, uma voz literária capaz de dizer algo que valesse a pena. Trinta anos já eram passados quando Saramago publicou um novo romance, Manual de pintura e caligrafia (1977), e em seguida Levantado do Chão (1980). Esses títulos abriram caminho para o reconhecimento de uma obra que contava com 10 romances amplamente traduzidos mundo afora  quando Saramago recebeu em 1998 o Prêmio Nobel de Literatura, primeiro e por ora único atribuído a um escritor de língua portuguesa.

Saramago passou, sim, 30 anos sem publicar romances, mas não saiu da cena literária portuguesa. Durante o longo período de hibernação do grande romancista vindouro,  atuou em jornais e revistas, realizou traduções e publicou alguns bons livros de poemas e crônicas.

Muitas vezes odiado por razões biográficas e literárias, o talento de Saramago sobrepujou as indisposições, particularmente ao  receber destaque no exterior. Referências elogiosas não lhe faltaram, vindas de críticos como o norte-americano Harold Bloom, que externava, de modo provocativo algumas vezes, sua imensa admiração pela obra de Saramago: “Não sei como classificar nenhum dos seus livros, excepto, na minha opinião, a sua obra-prima, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, o qual deve ser chamado de evangelho, ainda que traga más notícias”.

Criada  em 2007, três anos antes do falecimento de Saramago, e presidida pela jornalista espanhola Pilar del Rio,  a Fundação José Saramago empenha-se com êxito na divulgação e valorização permanente da obra e da memória de José Saramago. Uma das evidências disso é vasta programação em honra do centenário do autor de Todos os nomes, disponível no site da Fundação. Assinalado em 16 de novembro de 2022, o centenário começou a ser celebrado com um ano de antecedência, em 16 de novembro de 2021. Nesse dia, estudantes de Portugal, Espanha e Brasil, dentre outros, leram simultaneamente A maior flor do mundo (2001), dando a largada para uma ação cultural internacional. A Programação Geral é coordenada por Carlos Reis  (professor aposentado da Universidade de Coimbra e importante estudioso da narrativa portuguesa) e organizada em vários eixos temáticos: leituras de obras, conferências, exposições e representações artísticas da obra saramaguiana (artes plásticas, cinema, dança, música, ópera, teatro).

“Vamos celebrar os 100 anos de José Saramago para que outros celebrem os 200 anos”, afirma Carlos Reis, com a convicção crítica de que a obra de Saramago, viva que é, será constantemente renovada por sucessivas leituras e releituras, mas também por suas  reinterpretações em outras linguagens artísticas. O Centenário, além de celebrar a obra, tomará os posicionamentos de José Saramago para denunciar, nas palavras do organizador, “a violência e a intolerância, os crimes ambientais e as falácias das democracias que se vão degenerando. E ainda a consciência dos deveres humanos, a partir e para além da reivindicação dos direitos humanos”.

Fachada da Casa dos Bicos, em Lisboa, que abriga a sede da Fundação José Saramago

As principais revistas e jornais portugueses, a exemplo de Jornal de Letras, Artes e ideias, Revista Colóquio/Letras e Revista Camões dedicarão um número temático ao autor no ano de seu centenário. Também o Museu da Língua Portuguesa, a editora Companhia das Letras e várias universidades brasileiras se juntarão às comemorações, em sinal de reconhecimento à forte relação de Saramago com o Brasil, onde sua obra conquistou muitos leitores, com expressiva venda nas livrarias e ampla valorização acadêmica.

Com a monumental programação em andamento, a Fundação, apoiada por diversas instituições portuguesas, almeja  consolidar, em Portugal e além, a figura de Saramago na história cultural e literária. A inclusão de Saramago entre os escritores maiores de sua geração certamente foi já assegurada pela criação genuína de sua obra, resultante da forma poética com que elabora seus inquietantes temas. Suas digitais estilísticas, reveladas na cadência oral das frases, produzem um potente efeito expressivo. Além disso, tudo que narra é investido de possibilidades desdobráveis, que levam o leitor a pensar e repensar os temas cruciais de suas obras, sempre alusivos ao fato de que tudo no mundo pode ser atravessado por sentidos que ultrapassam sua mera aparência, revelando uma maneira entusiasmante de representar o humano. 

Descontentamento com o espetáculo do mundo

Desde Levantado do Chão, os romances de Saramago estão eivados de aflição intelectual,  de inconformismo e de denúncia, representando a violência física e emocional  produzida pela humanidade. Imantando seus romances com uma insaciável fome de justiça social, tende a representar realidades sombrias e ocultas, onde circulam personagens em ruptura com seu meio, movidas pela forte e sábia decisão de não se contentarem com o espetáculo do mundo. Mesmo quando narra as dores da existência, sua voz é encantatória, lírica, vívida; seus pontos de vista, inusitados, a exemplo do episódio de tortura e assassinato do operário Germano Santos Vidigal, apresentado da perspectiva das formigas em Levantado do Chão, ou da alteração da perspectiva histórica que apresenta árabes às voltas com bárbaros cristãos, em História do Cerco de Lisboa (1989), ou da inteligência criadora que traz Pessoa de volta à cena para um acerto de ideias em O Ano da Morte de Ricardo Reis.

Menos citadas, porém não menos importantes, são obras como Todos os Nomes (1997),  talvez o mais metafísico de todos os seus livros, ou As Intermitências da Morte (2005), repleto de verve swiftiana na denúncia da insensatez de uma sociedade que já não considera a morte natural e inevitável. Particularmente pouco referido tem sido um livro de imensa atualidade: Ensaio sobre a lucidez (2004), em cuja narrativa se inscreve uma densa reflexão sociopolítica sobre as tensões suscitadas pela democracia, antecipando, com uma competência narrativa de tirar o fôlego, uma questão fulcral de nossos dias, também assinalada pelo excelente Como as democracias morrem (2018), de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.

Muitas vezes interpretado, erroneamente, como apologia ao voto em branco, o Ensaio sobre a lucidez, bem antes da obra dos professores de ciências políticas de Harvard, compôs uma narrativa alegórica em que os votos em branco, sobretudo, revelam a face horripilante do totalitarismo se definindo sob a máscara da democracia.  Na obra, o ineditismo da maioria dos votos em branco em um país não nomeado permitirá que o governo espione, aprisione, interrogue, acuse e  execute cidadãos. No início do romance, o conceito de inimigo adotado pelo Estado é satiricamente apresentado  por meio de um extenso inventário de perguntas, que, com pretensa sagacidade atordoante, deforma irrevogavelmente as palavras e gestos dos interrogados, como podemos ver abaixo: 

[…] Se não era seu costume votar, porque é que votou desta vez, Se a esperança é como o sal, que acha que deveria ser feito para que o sal fosse como a esperança, Como resolveria a diferença de cores entre a esperança que é verde, e o sal, que é branco, Acha realmente que o boletim de voto é igual a um bilhete de lotaria, Que era o que estava a querer dizer quando disse a palavra branco, e novamente, Que cântaro é esse, Foi à fonte porque estava com sede ou para encontrar-se com alguém, A asa do cântaro é símbolo de que, Quando deita sal na comida, está a pensar que lhe deita esperança, Porque é que traz vestida uma camisa branca. Afinal, que cântaro era esse, um cântaro real, ou um cântaro metafórico, E o barro, que cor tinha, era preto, era vermelho, Era liso ou levava desenhos, Tinha incrustações de quartzo, Sabe o que é quartzo, Já ganhou algum prêmio na lotaria, Porque é que na primeira votação só saiu de casa às quatro horas, quando não chovia há mais de duas […]Sente-se cansado, Quer ir para casa, Não tenha pressa, as pressas são péssimas conselheiras, uma pessoa não pensa bem nas respostas que vai dar, e as consequências daí resultantes podem ser as piores. (SARAMAGO, 2004, p.46-7)

A narrativa compõe, em detalhes surpreendentes, o controle e a observação dos cidadãos por agentes infiltrados, o aprisionamento de eleitores, em uma sequência de desatinos que leva ao estado de sítio. Os representantes do Estado (personagens nomeadas pelo cargo exercido) realizam patéticas demonstrações de força, em que se incluem a negação de direitos, o  “uso legal abusivo”, o recurso a tanques e carros de combate em operações militares para o “imperativo da salvação nacional”. O Estado, francamente polarizador, não considera os eleitores que votaram em branco como interlocutores necessários e os classifica prontamente como adversários e, por extensão,  “inimigos da pátria”. Se a pandemia da Covid-19 deu motivo a que muitos leitores se dedicassem a Ensaio sobre a cegueira, a interferência russa na eleição de Trump e as insinuações nefastas de Bolsonaro sobre fraudes nas urnas eletrônicas bem poderiam soar o alarme para a leitura do perturbador Ensaio sobre a lucidez.

Juntos, Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobre a lucidez, graças a sua tessitura imbricada, compõem um retrato atroz das democracias modernas, nas quais, como observa Agamben, os corpos pertencem ao poder público e, por isso, esses dois romances contrapontísticos remetem, em vários níveis, à relação indissociável entre política e morte nos sistemas em estado de sítio ou de emergência.

Um artista em permanente conflito com a sociedade

Antes que a pandemia tornasse a tragédia da morte em massa um assunto obrigatório nos informes jornalísticos diários, o entusiasmo com os avanços da medicina e a alta concentração de riqueza davam já notícias do investimento por multimilionários em projetos destinados à prorrogação da juventude e ao adiamento indefinido da morte.

Saramago, sensível à crescente banalização do velho tema da morte, imaginou um romance em que a morte, por ser vista como a causa dos infortúnios humanos, decide fazer greve. Em As Intermitências da Morte, a euforia inicial com a imortalidade à vista é substituída por uma  vertiginosa sequência de desatinos institucionais e sofrimentos imprevistos. Graças à observação atenta e fantasiosa do narrador e à mescla de tons irônicos e satíricos nos fios narrativos, o que parecia a solução de todos os problemas revela-se uma sucessão de armadilhas incontornáveis. O enredo foca as tensões filosóficas do morrer, condicionado por aspectos teóricos e práticos que, suprimidos, afetam o ordenamento de tudo na sociedade, da religião à economia.  

No romance em pauta, as autoridades governamentais são, claro, inaptas para gerir o acontecimento disruptivo, à maneira do que ocorre em A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobre a lucidez. É preciso frisar como cada um desses romances ensaia a alteração de apenas um aspecto da configuração costumeira das coisas.

Cena da adaptação para o cinema de Ensaio sobre a cegueira, filme de Fernando Meirelles. Crédito: divulgação.

Essa alteração de um aspecto pontual (deslocamento da península ibérica, cegueira branca epidêmica, voto branco majoritário, suspensão da morte), contudo, provoca a demolição paulatina do entorno, de modo que a representação saramaguiana da realidade ressalta o que ela guarda, na política e na moral, de incertezas, rupturas e confrontos.  Romance sobre a vida e suas tensões máximas, As Intermitências da Morte sugere que as virtudes e os vícios do ser humano têm muitas vezes o mesmo fundamento, tanto que o propósito de amparar, muitas vezes, se confunde com o de ser amparado, quando,  por exemplo, a igreja  consola os fiéis de seu desvalimento cósmico, mas ao mesmo tempo se constrói e se sustenta sobre esse desvalimento, onde a angústia da morte pulsa em uma intrincada linha de produção e consumo.

As narrativas saramaguianas, assim,  extraem de alterações pontuais, figuradas como acontecimentos insólitos, uma série de consequências imensamente plausíveis e, por isso, sempre inquietantes. O gosto de Saramago pela alegoria e o senso estratégico de seus romances deixam ver o permanente conflito entre o artista que foi e a sociedade em que viveu, como se cada livro fosse uma transfiguração  do que percebeu de grotesco e sublime na história humana.

Melancólico com a falta de perspectiva da sociedade de consumidores (tão pouco disposta a pensar e a construir um futuro), manteve até o fim o compromisso de escritor contrário às adversidades de sua época. Saramago testemunhou e representou o seu tempo com a vibração de sua mente criadora singular, guiada pela ruptura com o instituído e nutrida pela crença nas potencialidades humanas. Os conflitos europeus, os fantasmas vivos dos totalitarismos, o eclipse da razão e a miséria do mundo são por ele representados em uma chave que concebe a literatura como uma forma de reflexão, um convite ao pensamento. Por isso, seus enredos costumam ser dilatados por digressões  que,  adensando o fluxo narrativo, dão lugar a um marcante ensaísmo meditativo   

Um prêmio para inspirar jovens escritores

Autor de 16 romances admiráveis, Saramago nunca reconheceu a propalada exaustão do gênero e o defendeu como um “espaço literário” capaz de modificar-se continuamente, ao compartilhar procedimentos da poesia, da filosofia, da ciência, do ensaio,  do drama. Quando indagado em entrevistas sobre o que era mais importante em sua literatura, nunca vacilou: a linguagem, porque toda história precisa ser bem construída e, com seu apreço pelas analogias, acrescentava que,  semelhante ao corpo humano,  70% composto por água, uma história é feita com 70% de linguagem. O magnífico manejo da língua portuguesa com que estruturou seus textos está enraizado naquela personalíssima aproximação entre escrita e oralidade, que reveste sua prosa de um ritmo particular.

Embebido de sua própria cultura, afeito à sua tradição literária (Camões, Padre Antônio Vieira, Eça de Queirós, Fernando Pessoa), tornou-se um autor com muito a dizer e ensinar aos que leem, mas também aos que escrevem. Se, como disse Pessoa a partir de Ricardo Reis, “deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero”,  é certo que também José Saramago há de reverberar entre os prosadores da língua portuguesa atuais e futuros, pois os novos vão estabelecendo uma relação com os que os precederam.

Para esse ângulo, muito contribui o Prêmio Literário José Saramago, instituído pela Fundação Círculo de Leitores para ser um “instrumento para a defesa da língua” e para comemorar a atribuição do Nobel a Saramago. Destinado à valorização de jovens escritores (os inscritos devem para a próxima edição ter idade não superior a 40 anos, mas até 2019 o limite era de 35), o Prêmio Saramago, a cada dois anos, desde 1999, foi atribuído a 11 escritores, dentre os quais estão o angolano Ondjak, premiado em 2013 por Os transparentes, e três brasileiros: a carioca Adriana Lisboa, em 2002, por seu romance Sinfonia em branco; a paulistana Andréa Del Fuego, em 2011, com o romance Os Malaquias, e o também paulistano Julián Fuks que, com A resistência, foi vencedor não só do Prémio José Saramago em 2017, mas também dos Jabuti, Oceanos e Anna Seghers, sendo considerado pela Revista Granta um dos mais promissores jovens escritores brasileiros.

A lista dos demais vencedores, portugueses, inclui alguns bastante conhecidos entre nós, como José Luís Peixoto, premiado em 2001 por Nenhum olhar;  Gonçalo M. Tavares, em 2005, por Jerusalém e Valter Hugo Mãe, em 2007, por O remorso de Baltazar Serapião, publicados no Brasil, respectivamente, pelas editoras Dublinense, Companhia das Letras e 34.

Outdoor com tributo a José Saramago em Lisboa.

Peixoto, aos 26 anos, foi o mais jovem escritor a receber o prêmio até agora. Recentemente, seguindo a lição do mestre, que transfigura Camões, Pessoa e Ricardo Reis em personagens, o autor de Morreste-me tornou Saramago uma sua personagem no Autobiografia (2019), publicado também no Brasil pela Companhia das Letras. Ao saudar o premiado romance Jerusalém, Saramago afirmou: “”Um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem com apenas 35 anos”. Com O remorso de Baltazar Serapião, de Valter Hugo Mãe, seu entusiasmo não foi menor: “Este livro é um tsunami no sentido total: linguístico, semântico e sintáctico. Deu-me a sensação de estar a assistir a uma espécie de parto da língua portuguesa”.

A preservação da literatura como uma tarefa coletiva

A boa disposição de Saramago  para com jovens e talentosos escritores da língua portuguesa faz lembrar, com Borges e Barthes, o quanto a leitura pode ser uma forma de alegria. Sobretudo, essa disposição revela da parte de Saramago um alto senso de responsabilidade individual, que entende como coletiva a necessária tarefa de preservar e transformar a  tradição literária de língua portuguesa. Daí o entusiasmo com que foi passando o bastão aos novos escritores.

Os onze escritores por ora laureados com o Prêmio Saramago protagonizam uma encantadora série documental, com autoria de Carlos Vaz Marques e realização de Graça Castanheira, intitulada “Herdeiros de Saramago“, com acesso aberto no site da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP). Saramago foi pródigo em nos apresentar razões para ler os autores do presente, mas também os do passado, que muito honram a língua de Camões e de Agustina Bessa-Luís, também ela – dona de uma das mais potentes vozes da literatura portuguesa contemporânea – comemorando cem anos de nascimento em 2022.

A escritura saramaguiana, portanto, tende a ser um claro protesto contra os reducionismos da vida em sociedade, contra a morte e a favor da memória, como em Todos os Nomes, onde vivos e mortos não se separam, porque são exatamente as mesmas pessoas, em diferentes tempos, nunca efetivamente mortas enquanto forem lembradas. Na labiríntica Conservatória Geral do Registo Civil –  que cheira a papel velho, mas também a rosa e a crisântemo – o inesquecível Sr. José arranjou meios de imortalizar uma mulher desconhecida e, sabemos agora,  ajudou a dar esse mesmo destino ao consagrado romancista homônimo que, com as melhores palavras, insuflou-lhe vida, bem como a um conjunto de personagens  apaixonantes que, capazes de tornar o mundo mais habitável, fazem da leitura da obra de Saramago uma experiência também civilizatória.

Sandra Aparecida Ferreira é professora do Departamento de Estudos Linguísticos, Literários e da Educação da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Assis.

Imagem acima: grafite de rua em Lisboa. Crédito: Gualdim G/Wikimmedia Commons.