O Grupo de Estudos Culturais da Unesp celebra dez anos em 2022, produzindo, ao longo de sua trajetória, textos e pesquisas inovadores que abordam história, música popular, contracultura e indústria cultural, entre outras temáticas de interesse.
Segundo o historiador e professor da Faculdade de Ciências Humanas Sociais da Unesp em Franca, José Adriano Fenerick, responsável pelo grupo, a iniciativa surgiu a partir da demanda de alunos que tinham interesse em estudar determinados textos e organizar encontros de leituras na Universidade. “Foi um processo espontâneo com base nessa solicitação dos alunos. Então aceitei o convite e oficializei o trabalho na Universidade e no CNPq. Apesar da amplitude suscitada pelo termo estudos culturais, que é a área na qual ele está inserido, nossa abordagem não é tão livre. A atuação se insere no campo teórico dos estudos culturais ingleses e envolve discussões de textos teóricos desta área.”
Com o passar do tempo, pesquisadores de outras universidades começaram a demonstrar interesse em trabalhar com as temáticas abordadas. “Hoje posso dizer que o nosso trabalho tem uma atuação além da Unesp, formou-se uma espécie de rede entre pesquisadores e alunos da Unesp e outras instituições. Trata-se de um trabalho consolidado, com uma atividade interessante e atuante dentro do câmpus de Franca”, destaca Fenerick.
Ao longo desta década, diversas ações já foram delineadas. Entre elas, destacam-se a organização da Semana de História da Unesp Franca em 2021, uma palestra com a professora Maria Eliza Cevasco, em novembro de 2020, o I Colóquio de Teoria Crítica e Estudos Culturais e o II Colóquio “Nas Trilhas do Rock: Vanguarda e Contracultura” em 2019. Estes dois eventos tiveram caráter nacional, contando com a participação de pesquisadores de vários estados do país. O grupo realiza também reuniões periódicas no intuito de proporcionar aos pesquisadores membros a oportunidade de interação e trocas de informações referentes às pesquisas de cada integrante.
Ainda de acordo com Fenerick, ampliar as possibilidades acerca dos objetos de pesquisa é fundamental para que a área possa se desenvolver.
“Os novos objetos de pesquisa necessitam de novas bibliografias. Nesse sentido, a gente busca analisar e trazer uma bibliografia estrangeira desconhecida no Brasil. Trabalhamos com textos inéditos por aqui. Isso é motivo de orgulho e de problemas, pois quando um membro do grupo encaminha artigos para revistas, notamos que os pareceristas não conhecem essa literatura e acabam indicando materiais já desgastados e sem sentido”, relata. “Dessa forma, percebo que o grupo da Unesp está tendo uma espécie de pioneirismo no que diz respeito à bibliografia. Por exemplo, quando participo de uma banca sobre rock e contracultura, vejo uma defasagem bibliográfica: o estudo fica preso à bibliografia feita no Brasil. Sem dúvida começamos a nos tornar uma referência nessas questões bibliográficas. No tema rock, só existem três livros no país, bem genéricos, enquanto nos países de língua inglesa há e uma biblioteca gigante. Então é interessante que as editoras comecem a traduzir essas obras”.
Para ouvir a íntegra da entrevista ao Podcast Unesp clique abaixo.