Nova variante ômicron já chegou a todos os continentes, e desperta preocupação entre governos e OMS

Coordenadora da Rede de Vigilância Genômica da Unesp explica o que se sabe sobre a nova cepa do vírus causador da covid-19 e quais serão os próximos passos das autoridades médicas

Rejane Grotto é atualmente a coordenadora da Rede de Vigilância Genômica da Unesp. Em conversa com o Podcast Unesp, a pesquisadora, que é docente do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas, e também do Programa de Pós-Graduação em Pesquisa e Desenvolvimento, Biotecnologia Médica e Patologia da Faculdade de Medicina do câmpus de Botucatu, resume o atual estado de conhecimento sobre a nova variante do vírus Sars-Cov2, que foi batizada de Ômicron.

Graças ao laboratórios de sequenciamento de genomas, os pesquisadores já puderam identificar pelo menos 50 mutações na Ômicron, em relação a variantes anteriores. Grotto explica que um dos fatores que causou especial preocupação foi o fato de que boa parte destas mutações está ligada à produção da chamada proteína spike. Esta proteína é um elemento chave para que o vírus possa penetrar na célula e contaminá-la. Justamente por isso, a proteína é o alvo adotado por muitas das vacinas contra a covid-19. Não se sabe se mudanças na região do genoma do vírus responsável por codificar esta proteína poderiam prejudicar o efeito das vacinas. Ela também ressalta que ainda não houve mortes identificadas que pudessem ser atribuídas à nova variante, que foi identificada primeiro na África do Sul.

A professora explica que atualmente a vigilância genômica está fazendo o sequenciamento de genes de vírus de praticamente todos os casos de covid-19 registrados na região de Botucatu, ao invés de operar por amostragem. “Agora o importante é fazermos uma boa vigilância, tanto epidemiológica quanto genômica”, explica.

Ouça abaixo a íntegra da entrevista ao Podcast Unesp.

Imagem acima: fila em posto de vacinação na Cidade do Cabo, África do Sul. Crédito: heinstirred.