Você já imaginou uma sonoridade capaz de abranger universos musicais tão distintos que vão de Tião Carreiro a Rolling Stones, ou de Jimi Hendrix a Índio Cachoeira? Pois ela existe, vale à pena conhecer e o resultado é instigante. Toda essa diversidade está presente na vida e na obra do músico, violeiro, compositor e produtor, Ricardo Vignini.
Natural de São Paulo, Vignini é membro fundador da banda Matuto Moderno, uma referência pioneira na fusão de rock com música caipira. Ele também integra o duo Moda de Rock com o violeiro e parceiro Zé Helder. Os dois apresentam releituras de clássicos do rock, como canções de bandas como Led Zeppelin, Nirvana, Metallica, Rolling Stones e Queen, adaptados para as tradicionais bases da viola.
“Minha formação musical é fundamentada em três alicerces. Meu pai gostava muito de jazz, meu irmão de metal e a minha avó era caipira de São João da Boa Vista – SP e gostava de Tonico e Tinoco. Nesse caminho, quando tive acesso à viola e pude sacar o potencial dela, estudei toda sua estrutura e a base da música tradicional caipira para depois poder pensar em criar as fusões sonoras”, relata.
Ao longo de sua carreira, Ricardo Vignini construiu uma ampla discografia, gravou mais de vinte álbuns, entre discos solo, com a banda Matuto Moderno, duo Moda de Rock, com o Índio Cachoeira, as bandas Cheap Tequila, e Nós do Rock Rural, sem contar as inúmeras participações em projetos de outros músicos e artistas.
“Tive a oportunidade de gravar com meus ídolos, e esse é um reconhecimento que não tem preço pelo meu trabalho. Entre eles estão nomes como Pepeu Gomes, Edgard Scandurra, Andreas Kisser, Marcos Susano, Guarabyra, Lenine, Zé Geraldo e Índio Cachoeira entre tantos outros”, relata.
Com seu estilo inquieto e peculiar, Ricardo Vignini caminha sempre em busca de novas sonoridades, por meio de diferentes nuances. Tudo isso se reflete nas diversas turnês nacionais e internacionais, popularizando a viola brasileira em diferentes países incluindo Europa, EUA e América Latina.
“Raiz” é o nome do álbum mais recente de Vignini, dedicado aos ritmos tradicionais caipiras como cururus, cateretês e pagodes de viola. Participam do álbum; Antônio Porto no baixo e violões, Rafael Schmidt e Ney Couteiro também no violão e Fábio Tagliaferri na viola de arco. O projeto foi contemplado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério do Turismo. “Raiz” está disponível em todas as plataformas de streaming e também no formato de CD, complementado por um ebook com as transcrições das partituras e tablaturas.
Já o Moda de Rock está gravando um novo álbum intitulado “Brasil”, que deve sair no primeiro semestre de 2022. A faixas abordam apenas bandas do rock nacional, partindo de artistas dos anos 1970, como Mutantes, Novos Baianos e Raul Seixas, e passa por grupos com sonoridades mais pesadas, como Cólera, e outros que também transitam pelo pop, como Titãs e Pitty.
Vale destacar que entre os prêmios e apresentações marcantes que ele desempenhou em sua carreira constam uma participação no Rock In Rio 2015 tocando com Lenine, outra em 2019 no Allianz Parque integrando o projeto Nos do Rock Rural e a conquista do Prêmio da Música Brasileira – Funarte 2015, e do ProAC SP em 2011, 2014 e 2016.
Com raízes brasileiras, Vignini é um artista ao mesmo tempo matuto e moderno, que bebe tanto da tradição quanto do experimentalismo da música contemporânea.
Para escutar a íntegra da conversa com o Podcast Unesp, clique abaixo.