Em 2022, 43.403 casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a Aids, foram registrados no Brasil. Se considerarmos o período de 1980 até junho de 2023, esse número é ainda maior. Chega a 1.124.063 notificações, segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
A realidade brasileira emula o cenário mundial, em que a Aids ainda representa um grave problema de saúde pública. Não há cura para a infecção, apenas formas de administrar a situação para garantir que a população tenha acesso a medidas de prevenção, ao diagnóstico e tratamentos modernos, que hoje podem propiciar qualidade de vida aos pacientes com HIV.
A campanha nacional “Dezembro Vermelho”, instituída pela Lei nº 13.504/2017, visa relembrar a sociedade disso. E foi justamente por esse motivo que a TV Unesp escolheu o dia 1º de dezembro para lançar uma coprodução inédita envolvendo os setores de Jornalismo e Produção da emissora universitária, o documentário “HIV/Aids: quatro décadas no Brasil”.
Entre os entrevistados pela equipe de produção do documentário, composta pelos profissionais Cláudia Paixão, Felipe Tristão, Mônica Ishikawa, Ana Carolina Costa, Leire Bevilaqua e Júlio Penariol (a fotografia é de Alexsandro Belote), está a médica dermatologista Valéria Petri, que foi a primeira a diagnosticar o sarcoma de Kaposi como sintoma de um caso de Aids no Brasil. Zarifa Khoury, que atuou na linha de frente do Hospital Emílio Ribas, designado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para realizar o tratamento hospitalar dos primeiros pacientes com a doença no início da década de 1980, também colabora com seu depoimento.
O documentário ainda conta a história de dois pacientes que receberam o diagnóstico em duas épocas distintas: na década de 1980, quando a Aids preconceituosamente era chamada de “câncer gay”, e no início dos anos 2000. Lenice do Rosário de Souza, médica e diretora técnica do Serviço de Ambulatórios Especiais em Infectologia “Domingos Alves Meira” (SAEI-DAM), da Unesp em Botucatu, deixa sua contribuição explicando os avanços no tratamento de pacientes com HIV, o qual se tornou menos tóxico e mais eficaz. Percurso que passa pelo uso do AZT, dos antirretrovirais, da profilaxia pré-exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição de Risco (PEP).
“Somamos talentos e forças para fazer um produto final que jogasse luz sobre as quatro décadas de HIV/Aids no país, reforçando o papel da ciência na descoberta de novos fármacos e do ativismo na luta e conquista de direitos”, conta Cláudia Paixão, produtora do documentário.
Para Paixão, o resultado é uma produção sensível que resgata o histórico dos primeiros casos de Aids registrados no Brasil, a angústia da época e o enfrentamento da doença até ser encontrado um tratamento que permitiu aos pacientes infectados conviver com a carga viral indetectável, o que impede que o HIV seja transmitido através de relações sexuais.
Contribuição social
A produção deixa claro que há vitórias importantes na luta contra a Aids no Brasil nas últimas quatro décadas, mas também procura mostrar que as ações de prevenção, de combate ao preconceito e estímulo a políticas públicas que garantem direitos às pessoas que convivem com o vírus não se esgotaram.
“Existe muita desinformação sobre o HIV e a Aids, o que gera preconceito e discriminação. Municiar a população com informações atuais e de qualidade é um dos principais focos da TV Unesp, é dessa forma que combatemos a desinformação. E o documentário se insere perfeitamente nesse contexto”, Felipe Tristão, produtor do documentário.
Onde assistir?
O documentário “HIV/AIDS: quatro décadas no Brasil” (2023) está disponível no canal da TV Unesp no Youtube: