Egresso que se tornou sócio em uma das principais empresas da área de auditoria é o convidado da nova edição do Universo Profissional

Em entrevista ao podcast, Diogo Pavan fala da importância de aproveitar todas as oportunidades que o período de graduação oferece e alerta jovens profissionais de que é preciso paciência para construir uma carreira de sucesso.

Diogo Pavan iniciou-se na área de auditoria ainda como trainee, no fim dos anos 2000. Desde então, percorreu todos os níveis hierárquicos e hoje é sócio-líder da RSM, a sexta maior empresa de auditoria e consultoria do mundo, atuando em seu escritório de Ribeirão Preto. “A carreira de auditor é muito interessante. É um trabalho que possibilita galgar avanços anualmente, mas o profissional precisa, a todo momento, estudar e se atualizar”, relata.

Os primeiros passos de sua trajetória profissional foram dados antes mesmo que chegasse ao mercado de trabalho. Egresso da escola pública, Diogo teve no cursinho popular pré-vestibular “Cuca”, no câmpus da Unesp em Araraquara, e depois no curso de Administração da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, câmpus de Jaboticabal, os degraus que lhe possibilitaram ascender profissionalmente.

Ele diz que a universidade pública lhe proporcionou não apenas uma base técnica sólida, mas também a construção de uma rede de contatos e amizades que se mostrou duradoura e fundamental.

“A Unesp e a minha turma têm participação fundamental na minha vida profissional e pessoal. Dessa turma saíram os primeiros contatos profissionais e indicações”, relata. Ele destaca que a convivência intensa com os colegas de sala, inclusive nas repúblicas de estudantes, criou laços que ultrapassaram os muros da universidade. “Dali saíram padrinhos de casamento, padrinhos dos filhos uns dos outros. É um negócio que é para a vida, não se limitou àquele período da faculdade”, lembra Diogo, que se graduou em 2008.

Para o egresso, um diferencial crucial proporcionado pela universidade pública é a formação teórica robusta. “A universidade pública traz uma leitura densa de diversos autores, principalmente para quem escolheu a área de humanas. A bibliografia inclui grandes filósofos e sociólogos”, diz. Mas há aspectos que também podem ser melhorados, acredita, ao citar a aproximação da academia com o mercado de trabalho.

“Vejo que ainda existe certa distância quanto ao mercado de trabalho de fato. Alguns professores têm uma mentalidade de se oporem quando o aluno começa a trabalhar ou a fazer um estágio. Tenho contato também com o pessoal da USP aqui de Ribeirão Preto, da FEA, e sinto uma dificuldade. Muitas vezes, não se incentiva a participação efetiva no mercado de trabalho. Acho que é preciso mudar essa mentalidade para que haja maior proximidade com o mercado como um todo, e em todas as áreas das universidades públicas”, comenta.

Diogo experimentou pessoalmente essas dificuldades quando estagiou no SEBRAE, para poder obter recursos e cobrir as despesas do cotidiano enquanto estudava. As obrigações do estágio, no entanto, não o impediram de explorar as diversas possibilidades, nos campos de ensino e extensão, que estavam disponíveis aos graduandos, como os projetos de iniciação científica, as empresas-júnior, as bolsas de estudo e os muitos incentivos à pesquisa.

Depois de concluir a graduação, Diogo iniciou-se no ramo das auditorias, onde atua há 16 anos. Ele conta que sua função envolve a análise da adequação dos balanços das empresas às normativas contábeis e financeiras, bem como a confiabilidade das informações divulgadas ao mercado. A necessidade de obter esses conhecimentos levou-o a cursar uma segunda graduação e uma pós-graduação, que lhe capacitaram a obter a certificação adequada junto ao Conselho Regional de Contabilidade.

Ao compartilhar seus aprendizados profissionais, o auditor fala sobre a necessidade de dedicação e de abrir mão de algumas coisas em prol da carreira. O grande desafio, em sua visão, começa logo após a formatura. O jovem profissional precisa buscar uma área com a qual se identifique. E, ao mesmo tempo, deve ser persistente para não se acomodar. “O que importa é você ter o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, manter-se focado e não desistir na primeira dificuldade ou na segunda”, diz.

Hoje Diogo contrata e lidera profissionais em início de carreira. A partir dessa experiência, oferece algumas orientações aos jovens que estão dando seus primeiros passos no mercado.

Ele diz constatar que as gerações mais novas, acostumadas a acessar todo tipo de informação, de múltiplas fontes e instantaneamente, bastando apenas um clique, mostram-se pouco pacientes.

“Vejo que o pessoal, muitas vezes, não tem paciência. É preciso percorrer algumas etapas. Se alguém pula etapas, muitas vezes aquela fase que foi posta de lado será cobrada lá na frente, quando surgirem novas responsabilidades técnicas e comportamentais”, analisa.

Ouça a seguir a íntegra desta edição do Universo Profissional.