A cantora Ana Paula Moreti nasceu em 23 de fevereiro de 1978, e sua relação com a arte teve início ainda na infância, passada em meio a uma família que cultuava a MPB e apoiava seu interesse pela música.
“Sou natural de Campinas mas morei em muitos lugares do Brasil, meu pai trabalhava numa empresa que construía estradas. Era um amante da música, tocava e sempre me incentivou muito, diferentemente de muitos pais que têm receio de inserir o filho no universo musical. Ele me ensinou a tocar violão e cantava muito comigo. Principalmente canções de Roberto Carlos e Elton John, dentre outros”, conta. Sua primeira apresentação foi aos três anos, em uma rádio em Marechal Cândido Rondon (PR). Ela cantou, junto com seus irmãos, em um show de calouros infantis. “Era uma festa. Eu amava cantar e participar daqueles momentos”, lembra.
A trajetória para construir a carreira como cantora foi árdua, mas satisfatória. “Comecei a cantar de forma mais focada justamente numa banda que meu pai tinha junto com amigos da empresa, que se chamava Ponto de Encontro. Eu tinha cerca de 16 anos. Chegamos a gravar um CD com canções autorais. O processo me deu uma certa experiência para seguir meu caminho. Nesse sentido, a profissionalização foi um algo natural. Claro que envolveu muito esforço, ralei muito nesse caminhar. Mas até hoje sou muito grata pelas minhas passagens, e pelas amizades e parcerias que fiz durante todo esse tempo”, diz.
Formada em licenciatura de música pela UNIMEP (2011), bacharel em canto na UNIS (2021) e com pós-graduação em voz profissional, Moretti busca diferentes referências e nuances para pautar seu trabalho de uma forma diferenciada. “A minha obra artística não tem uma definição específica, pois eu tenho várias referências, cultuo os grandes nomes da música brasileira, de outras regiões também, mas sempre busco cantar e interpretar canções que têm profundidade, contexto, com arranjos diferenciados e de uma forma sublime que nos toca o coração”, diz.
A profissionalização musical de Moreti se deu por volta dos 18 anos. Ela abriu shows de Almir Sater e Renato Teixeira, participou de festivais e eventos da MTV e dos programas de Fábio Júnior e de Amaury Júnior, e chegou a dividir o palco com o cantor Emílio Santiago. De 2000 a 2002, foi backing vocal da dupla Edson e Hudson. Ela também integrou o Grupo Eletropocket, cuja composição Amor Maior do Mundo foi destaque na Rádio Nova Brasil FM, tendo permanecido na programação por um ano. O grupo, que concorreu ao Prêmio da Música Brasileira em 2013 na categoria melhor CD de grupo, também teve espaço na coletânea da Sony Novos talentos da Nova.
Em 2010, iniciou uma parceria profissional com o baterista Alexandre Cunha. A dupla protagonizou diversas turnês internacionais, passando por Alemanha, Áustria, Holanda e Suíça, e se apresentou em relevantes festivais de jazz, como o Ubud Jazz Festival em Bali, Indonésia. Ana também gravou os álbuns de Alexandre Barulho Bravio (2010), Brasil Plural (2014) e Viagem ao Interior (2021). Em 2017 ela lançou o DVD Alegre Menina – Ana Paula Moreti canta Djavan”, depois de ter apresentado este repertório em uma longa excursão. O DVD contou com a participação do consagrado saxofonista Marcelo Martins.
“Primeiro, vale destacar que sou apaixonada pelos grandes nomes da MPB como Milton Nascimento, Ivan Lins, Djavan, Rosa Passos e muitos outros. Entretanto, esse trabalho foi algo muito marcante em minha vida. E a turnê na Indonésia foi incrível. Alí eu tive a comprovação de o quanto a nossa música brasileira é respeitada no mundo. Durante os shows em Bali, as pessoas cantavam todas as músicas do Djavan, lindamente, em português. Eu também presenciei essa admiração pela nossa música nos outros países que passamos pela Europa. Alexandre e eu fizemos shows e turnês incríveis juntos”, diz.
Em 2018 foi solista convidada especial da Orquestra Municipal de Americana, dividindo o palco com Marcel Powell, um dos mais exímios violonistas do Brasil, filho de Baden Powell. Em 2019 lançou o EP Prepare o Coração, que recebeu críticas positivas de grandes cantoras brasileiras de Jazz e MPB, como Rosa Passos e Flora Purim. “O Marcel é um gênio do violão. Eu dizia pra ele: não preciso cantar, você sozinho já é um show. Trabalhar a obra do Baden foi um exercício mágico da cultura brasileira que envolve história, poesia e música. Espero que um dia possamos levar esse show para fora do país. Já a Rosa e Flora são pessoas especiais que vieram para nos ensinar e encantar a vida.”
Em 2023, ela lançou um novo trabalho, o DVD Abre Alas: Ana Paula Moreti canta Ivan Lins, que contou com a participação do próprio Ivan Lins durante a gravação, no Theatro Municipal de São João da Boa Vista.
A proposta do trabalho é resgatar a história do cantor e compositor por meio de novas interpretações tanto dos grandes clássicos de Ivan Lins como de peças menos conhecidas, coletadas em álbuns de diferentes épocas e reapresentadas em formatos originais, com releituras criativas e novos arranjos.
“Ele é um dos principais músicos e compositores de todos os tempos do país. Suas canções já foram gravadas em diferentes partes do mundo. Este trabalho visa homenagear essa pessoa, esse artista tão especial que é o Ivan. Digo isso pois tivemos a oportunidade de estarmos juntos, ele veio até Campinas para ensaiar e ajustarmos tudo da melhor forma. Ele é um cara muito divertido, astral diferenciado, me surpreendi com sua musicalidade, generosidade e humildade. Foi tudo muito encantador”, diz a cantora.
Ouça a entrevista completa no Podcast MPB Unesp. Link abaixo.
Imagem acima: divulgação.