Unesp, USP e Unicamp formalizam compromisso de investimento de R$ 10 milhões para estudos em tecnologias assistivas

Somando-se aos Centros de Ciência para o Desenvolvimento da Fapesp já em funcionamento, iniciativa fortalece apoio a pesquisas que buscam beneficiar pessoas com deficiência. Objetivo é direcionar expertise científica do estado para a resolução de problemas sociais.

Os reitores Pasqual Barretti, da Unesp, e Carlos Gilberto Carlotti Junior, da USP, e a pró-reitora de pesquisa da Unicamp, Ana Maria Frattini Fileti, assinaram nesta quarta-feira, 14 de agosto, na Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, na capital paulista, um compromisso de investimento conjunto de R$ 10 milhões para pesquisas científicas voltadas à área de tecnologias assistivas no estado de São Paulo. Participaram da cerimônia de assinatura também o secretário estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, e o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan.

A iniciativa é inédita e um estímulo para os estudos que têm como foco as cerca de 3,3 milhões de pessoas com deficiência que vivem em território paulista. Os recursos sairão dos caixas das três universidades estaduais paulistas na seguinte proporção: 50% (R$ 5 milhões) serão investidos pela USP, 25% (R$ 2,5 milhões) pela Unesp e outros 25% pela Unicamp.

Elaborados de forma conjunta pelas pró-reitorias de pesquisa das universidades estaduais paulistas, os editais destinarão auxílios à pesquisa no valor de até R$ 500 mil a projetos na área das tecnologias assistivas para equipes compostas por no mínimo dois pesquisadores dos quadros permanentes das instituições, que obrigatoriamente trabalharão com ao menos dois docentes de outras instituições de ensino superior de São Paulo.

Os editais construídos conjuntamente por Unesp, USP e Unicamp fazem parte de uma política mais ampla, de apoio à ciência no estado, que busca incentivar pesquisas direcionadas à resolução de questões sociais notórias. Em geral, estes programas são desenvolvidos em parceria com instâncias governamentais.

Um exemplo destas iniciativas é o programa dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Só este ano começaram a funcionar quatro desses centros voltados a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas. Os novos centros estão sediados nas três universidades estaduais paulistas e tem como instituição parceira a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

“Uma característica deste último quadriênio do Cruesp é trabalhar junto, discutir ideias e buscar soluções juntamente com secretarias de governo. Tivemos vários exemplos em que isso deu certo” diz o reitor da Unesp Pasqual Barretti. “É uma forma de conferir mais visibilidade às universidades, para que a sociedade veja como justificados os esforços para financiar essas instituições. Dá para citar, além desses esforços voltados à pessoa com deficiência, a parceria na gestão dos radares no estado de São Paulo e o vestibular paulista com as três universidades. Com grandes esforços, as três universidades multiplicam suas expertises tendo como meta o trabalho junto com as políticas públicas. Não se isolar. Acho que esse é realmente o caminho para a universidade contribuir para a sociedade”, diz.

Para o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, um programa como o CCD, que prevê parcerias com instâncias de governo para resolução de problemas, amplia “enormemente” o alcance das pesquisas científicas forjadas na academia. “Porque se passa a empreender esforços para resolver problemas reais do estado, como este das pessoas com deficiência, por exemplo. Se você deixa espontaneamente, não tinha projetos nesta área. Como nós provocamos, apareceram pessoas com propostas, que foram analisadas por especialistas, que disseram que são projetos cientificamente bons, com perspectivas”, diz Zago.

Além da formalização do investimento das pesquisas das universidades em tecnologias assistivas, o encontro desta quarta-feira também reuniu os coordenadores dos CCDs da Fapesp voltados para a área, que apresentaram suas propostas em detalhes. Pesquisador responsável pelo Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva (CMDTA) e docente da Faculdade de Ciências do câmpus de Bauru da Unesp, Carlos Roberto Grandini foi um dos palestrantes do workshop. O CMDTA reúne pesquisadores de diversos câmpus da Unesp, além de docentes da USP, UFABC e UFSCar.

“Como nós somos uma universidade espalhada dentro do estado de São Paulo, o fato de já estar unindo forças dentro da Universidade é um grande feito”, pondera Grandini. “A proposta principal do centro é ter esse local onde quem tiver uma necessidade dentro da área de tecnologias assistivas possa fazer contato conosco e o centro vai procurar a melhor expertise dentro ou fora da Unesp para que possa resolver a situação”, diz.

Vice-coordenadora do CCD sediado na Unesp, a professora Vera Capellini diz estar muito orgulhosa de presenciar esta parceria das universidades com o governo paulista em prol da pessoa com deficiência. “Há 20 anos, pessoas com deficiência estavam excluídas, guardadinhas nas escolas especiais… A Unesp vem mostrando que tem, sim, a preocupação com a produção de conhecimento e com levar esse conhecimento que está sendo produzido, de forma acessível, para as pessoas mais vulneráveis. Porque o rico pode ir lá e importar uma prótese do exterior. As pessoas mais vulneráveis, não. Quando produzimos e testamos uma prótese de bambu, fazemos isso num baixo custo. Então tenho o maior orgulho de ser professora da Unesp e estar vivendo este momento”, diz.

Da esquerda para a direita, o secretário estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa; o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior; a pró-reitora de pesquisa da Unicamp, Ana Maria Frattini Fileti; o reitor da Unesp, Pasqual Barretti; e o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan.