Pesquisadores da Unesp em Guaratinguetá ganham cinco novos laboratórios para desenvolver projetos multidisciplinares

Central de Laboratórios Científicos de Excelência vai oferecer infraestrutura de alto padrão para estudos nas áreas de engenharia, física e matemática, e facilitar colaboração entre profissionais de áreas diferentes. Investimento de R$ 3,5 milhões foi custeado pela Finep.

Na próxima quinta-feira, 4 de abril, no Campus de Guaratinguetá, acontece a inauguração da Central de Laboratórios Científicos de Excelência (CLaCE). Com área de 1500m², a CLaCE vai abrigar, no mesmo prédio, cinco laboratórios de diferentes áreas das engenharias, matemática e física, com o objetivo de elevar o nível dos estudos e integrar grupos de pesquisa de maneira a viabilizar abordagens e novos projetos multidisciplinares.

A cerimônia de inauguração será realizada a partir das 17h, com o descerramento da placa e posterior visita às instalações. Estarão presentes o reitor Pasqual Barretti e a vice-reitora Maysa Furlan, assim como representantes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responsável por financiar a construção da CLaCE. O evento será guiado pelo diretor da Faculdade de Engenharia e Ciências (Feg-Unesp), José Alexandre Matelli.

O projeto recebeu financiamento de R$ 3,5 milhões da Finep, além de apoio da Unesp para a compra de mobiliário e de um gerador. As novas instalações incluem o Laboratório de Novas Tecnologias em Energia e Sustentabilidade (LANTES); o Laboratório de Novos Materiais (LNMat); o Laboratório de Sistemas Complexos (LabComplex); o Laboratório de Ciências Espaciais (LabEspaço) e o Laboratório de Simulação do Ambiente Real de Manufatura (Laboratório SAM). Todos são ligados a diferentes grupos de pesquisa da Feg-Unesp.

Sérgio Felisbino, assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa, ressalta a importância da inauguração para a Unesp e, em especial, para a Unidade de Guaratinguetá, com o alto padrão proporcionado pela nova infraestrutura. “Quando fazemos pesquisa, às vezes fica a sensação de que é preciso tirar leite de pedra. A partir de agora, o campus de Guaratinguetá passará a dispor de laboratórios que seguem um padrão internacional de qualidade e infraestrutura, e que vão atender de forma adequada às demandas dos grupos de pesquisa”, diz.

Outro benefício que ele destaca é a possibilidade de reunir, no mesmo espaço, docentes e discentes de diferentes áreas, o que irá impulsionar abordagens multidisciplinares e a cooperação entre os grupos em torno da solução de um mesmo problema, o que pode acelerar a pesquisa e a obtenção de resultados. “A criação da CLaCE permitirá que a pesquisa alcance um novo patamar em termos de modernidade, otimização e profissionalismo”, diz o assessor.

Projeto começou em 2012

A multidisciplinaridade e a cooperação são pilares fundamentais da CLaCE. O projeto, que teve início em 2012, visava reunir especialistas dos diferentes campos na Feg-Unesp para aumentar a integração e a colaboração entre pesquisadores de alto nível acadêmico. “A ideia original era colocar juntas pessoas que fazem pesquisa séria e produtiva, para gerar projetos novos e interdisciplinares. Algo que muitas vezes não chega a acontecer porque os grupos estão muito distantes”, diz Othon Cabo Winter, pesquisador do Departamento de Matemática da Feg-Unesp, e que coordenou o projeto de criação da CLaCE desde o princípio.

Como exemplo de colaboração, o pesquisador cita um projeto proposto recentemente voltado para a remoção de lixo espacial e para a captação de energia solar a partir da instalação de placas solares no espaço. “Esse projeto envolveu a área espacial, que parece não ter nenhuma relação com os outros campos de pesquisa, junto com os laboratórios de sistemas complexos, materiais e energia e sustentabilidade. Dos cinco laboratórios, quatro estão trabalhando nessa proposta de pesquisa. Isso já é fruto do contato direto entre os pesquisadores que está acontecendo”, diz Winter.

A estrutura já está pronta desde 2022; entretanto, a montagem dos espaços e o transporte e instalação dos equipamentos têm demandado bastante tempo. Por isso, apenas o LANTES já está em funcionamento, desde dezembro de 2023.

“O prédio precisa ser ocupado com mobiliário e os equipamentos precisaram sair dos laboratórios antigos e ir para os novos. Mas desmontar, remontar e calibrar os aparatos exige conhecimentos específicos”, explica Felisbino. “Isso exigiu a contratação de técnicos do exterior. Não é uma tarefa simples montar laboratórios complexos de pesquisa, então foi uma mudança lenta”, diz Felisbino.

Entre as dificuldades que envolveram o processo da mudança, Winter explica que os laboratórios de Ciências Espaciais (LabEspaço) e de Sistemas Complexos (LabComplex) têm características extremamente computacionais. Isso demanda tanto uma grande quantidade de computadores como a instalação de um gerador de energia, para impedir que flutuações na rede elétrica afetem o processamento de programas. “No LabEspaço, por exemplo, usamos programas que simulam a formação de planetas, e muitas vezes é necessário rodá-los de maneira ininterrupta por até três meses”, diz o docente, que também é o coordenador do LabEspaço.

Apesar das particularidades envolvidas no processo de mudança, a expectativa é que dentro de alguns meses todos os laboratórios no novo prédio estejam em plena operação. Winter espera que o CLaCE sirva de inspiração para o surgimento de iniciativas parecidas em outras unidades da universidade. “A Unesp faz muitas coisas boas. Mas o fato de estarmos distribuídos em mais de 20 cidades torna difícil produzir projetos maiores, como vemos na USP e na Unicamp, onde os grupos estão centralizados. A filosofia por trás desse prédio é inspirar outras unidades a desenvolverem iniciativas análogas e criarem centros de excelência entre as áreas, que não foquem apenas uma área pesquisa”, diz.

Imagem acima: Sérgio Felisbino