Jornalista da Unesp é selecionada para acompanhar encontro da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência

Dois jornalistas de ciência latino-americanos foram escolhidos como bolsistas pela instituição para acompanhar reunião anual da principal sociedade científica multidisciplinar em atividade, que congrega cientistas, comunicadores, legisladores e educadores de todo o planeta. Organizadora da seleção destaca escolha de profissional de veículo não comercial e ligado à universidade.

Após um hiato de dois anos, a Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) retomou seu programa de bolsas para jornalistas de ciências que queiram acompanhar o encontro anual da AAAS, que ocorrerá em fevereiro de 2024, nos EUA.  Os dois jornalistas contemplados foram selecionados por um painel independente de jurados, integrado por repórteres científicos veteranos de diferentes países da América Latina. Um dos dois vencedores é a repórter Malena Stariolo, integrante da equipe do Jornal da Unesp.

Os bolsistas receberão apoio para viajarem à reunião anual da AAAS de 2024 em Denver, Colorado, o primeiro desde 2020 a ocorrer exclusivamente no formato presencial. Na reunião, os bolsistas terão a oportunidade de cobrir as pesquisas científicas mais recentes e estabelecer conexões com cientistas e comunicadores de todo o mundo.

Intitulado Euerkalert 2023 Fellowship for International Reporters, o concurso foi aberto a jornalistas da América Latina com cinco anos ou menos de experiência profissional em reportagem científica. Os candidatos enviaram amostras do seu trabalho jornalístico, complementado por um ensaio abordando o papel da diversidade, equidade e inclusão na ciência e no jornalismo, e explicando como a bolsa permitiria o seu desenvolvimento profissional como jornalista científico. Em 2023, a seleção ficou a cargo de um júri composto pelos jornalistas latino-americanos Nicolás Luco Rojas (Chile), Sofia Moutinho (Brasil), Rodrigo Pérez Ortega (México) e Roxana Tabakman (Argentina). Além de Malena, o outro jornalista selecionado é o mexicano Roberto González.

A AAAS é a maior sociedade científica multidisciplinar do mundo, que visa promover o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação ao redor do globo. Entre suas iniciativas, está a publicação de seis revistas científicas da família Science, assim como a operação do EurekaAlert, uma plataforma de distribuição de comunicados científicos para a imprensa, de maneira a conectar a academia, com jornalistas e demais áreas da sociedade.

O encontro da AAAS reúne a comunidade internacional de cientistas, legisladores, educadores, jornalistas e comunicadores científicos para discutir pesquisas de ponta num contexto que integra ciência, tecnologia, política e sociedade. Neste ano, o encontro tem como tema “Rumo à uma ciência sem paredes” e visa fomentar o debate entre especialistas de diversas áreas do conhecimento, a fim de encontrar soluções e desenvolver novas visões sobre o assunto selecionado.

Em sua apresentação do tema escolhido, os organizadores do evento ponderam que “a ciência e a tecnologia avançariam melhor mais rapidamente em um ecossistema livre de barreiras que atualmente separam as pessoas por instituição, nação, acesso, riqueza, idade, raça e gênero”; e convidam todos os participantes a explorar essas questões e a imaginar uma ciência sem paredes.

O programa de bolsas existe desde 2004. Desde então, outros cinco jornalistas brasileiros foram selecionados em anos anteriores. No entanto, devido à pandemia, a concessão de bolsas foi suspensa nos últimos dois anos. A vice-diretora do EurekAlert!, Jennifer Holshue, diz que esse período serviu para repensar o programa, incorporando princípios de diversidade, equidade e inclusão, e preservando seu caráter de seleção competitiva.

“Nosso objetivo mais amplo é apoiar práticas melhores  de reportagem científica em geral”, diz, “e a bolsa pode levar a planos de carreira que resultem em melhores jornalistas de ciência, ou em outras funções na área da comunicação científica”, diz. “O fato de termos como um dos vencedores deste ano uma profissional de uma publicação não comercial, que pertence a uma universidade, mostra a nossa compreensão e nosso compromisso com essa busca por inclusão”, diz ela.