No aniversário de 15 anos do Instituto Confúcio na Unesp, universidade expande e fortalece cooperação acadêmica com a China

Reitor Pasqual Barretti visitou o país oriental e debateu com autoridades novos modelos de cooperação científica e cultural. Propostas incluem curso de graduação compartilhado e envio de professores da Unesp ao país. Celebrações pelo aniversário trazem lançamento de livro na China e exposição e apresentação artística em São Paulo abertas ao público.

A relação institucional iniciada há 15 anos com a abertura das primeiras salas de aula do Instituto Confúcio em uma universidade brasileira está moldando-se para a construção de bases mais sólidas de cooperação acadêmica entre brasileiros e chineses. Em viagem à China realizada em outubro, o reitor Pasqual Barretti, e o diretor do Instituto Confúcio na Unesp, professor Luis Antonio Paulino, debateram com colegas chineses a oferta de um curso na Universidade de Hubei com a participação de docentes da Unesp e a criação de um centro no Brasil para estreitar relações acadêmico-científicas, em especial na área de humanidades.

As reuniões ocorreram em meio à celebração dos 15 anos do convênio da Unesp com o Instituto Confúcio, agora renovado com um olhar mais apurado para o desenvolvimento da parceria e a ampliação dos laços estabelecidos com a Universidade de Hubei, parceira institucional nas atividades. Iniciado em 2008, o Instituto Confúcio na Unesp objetiva o fortalecimento do intercâmbio cultural, acadêmico e científico entre brasileiros e chineses.

Em visitas à Fundação Internacional de Educação Chinesa, responsável pela coordenação das atividades de todos os Institutos Confúcio no mundo, ao Centro Internacional para Intercâmbios, instância do Ministério da Educação do governo chinês, e à Universidade de Hubei, o reitor Pasqual Barretti afirmou ter ficado bem impressionado com a visão do mundo, expressa pelos colegas chineses, como uma “comunidade única de futuro compartilhado” e enxerga no aprofundamento das relações acadêmicas uma oportunidade de a Unesp posicionar-se como protagonista nas dimensões de pesquisa e de ensino.

A formulação conjunta de uma formação, no nível de graduação, oferecida em Hubei caminharia neste sentido. A universidade chinesa quer reproduzir o modelo aplicado na Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, no qual um terço da carga horária do curso a ser formatado é oferecido pela instituição do país parceiro –no caso, com o envio de professores da Unesp para dar aulas na China. “É uma proposta. Compartilharíamos nossa expertise e seria uma oportunidade para docentes mais jovens terem uma experiência internacional”, afirma Pasqual Barretti.

Recepcionado na Universidade de Hubei pelo reitor Liu Jianping e pelo vice-reitor Jiang Tao, o reitor da Unesp discutiu também caminhos para a consolidação de cooperações acadêmicas em áreas como letras, comunicação, economia, administração pública e ciências agrárias. Tais cooperações seriam estruturadas a partir da criação de um sugerido “Centro Brasil-China para o Aprendizado Mútuo sobre Modernização”, com foco no desenvolvimento dos países e uma atenção especial para as humanidades.

O reitor da Unesp, Pasqual Barretti (quarto da esq. para a dir.), ao lado de Jing Wei, vice-diretora do Centro para Educação e Cooperação de Idiomas, órgão responsável pelo envio de professores chineses ao Instituto Confúcio na Unesp

A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, no acumulado de janeiro a outubro, a corrente de comércio entre os países movimentou cerca de US$ 132 bilhões. “Ao aprofundar as relações acadêmicas com a Universidade de Hubei, pode-se dar um salto de qualidade tendo como foco o desenvolvimento de temas de interesse comum entre as duas instituições”, diz Luis Antonio Paulino, diretor do Instituto Confúcio na Unesp.

Segundo o reitor da Unesp, a viagem à China abriu possibilidades de parcerias que podem ir além do escopo das atividades do Instituto Confúcio na Unesp. “O Instituto Confúcio vai continuar a atividade dele. Temos uma perspectiva de tentar implantar na Universidade um curso de mandarim. O que se abriu lá foram outras possibilidades, como este centro, tal qual um instituto de estudos avançados, com sede no Brasil e foco, sobretudo, na área de humanidades”, diz Pasqual Barretti. “Isso favoreceria a cooperação bilateral e os laços com a China, com oportunidades de pesquisa e de intercâmbio, e fortaleceria muito a postura da Unesp como protagonista de pesquisa, ensino e desenvolvimento. Institucionalmente, cabe à Reitoria fortalecer essas novas frentes e abrir esses caminhos”, afirma.

Parceria de respeito

A viagem do reitor da Unesp à China foi realizada de 5 a 15 de outubro e foram visitadas duas cidades, Pequim e Wuhan, capital da província de Hubei. Além de debater novos modelos de parceria e a ampliação da cooperação acadêmica, Pasqual Barretti visitou em Pequim o Centro para Educação e Cooperação de Idiomas, estabelecido em 2021 em substituição parcial da antiga sede dos Institutos Confúcio. O centro é o responsável pelo envio dos professores chineses ao Instituto Confúcio na Unesp e pelo desenvolvimento de outras atividades conjuntas, tais como o ensino de língua chinesa em escolas públicas no estado de São Paulo.

Foi a direção do Centro para Educação e Cooperação de Idiomas que encomendou à Editora Unesp a tradução e a publicação dos “Critérios de Avaliação de Proficiência em Chinês no Ensino Internacional da Língua Chinesa”, nome em português do Grading Standards. Em linhas gerais, a publicação indica os níveis de proficiência almejados para cada etapa do aprendizado do idioma, padronizando o ensino da língua chinesa mundo afora. O lançamento do Grading Standards em português está programado para ocorrer em dezembro, em Pequim.

“Quando começamos há 15 anos, o próprio nome do Instituto Confúcio era pouco conhecido no Brasil. Hoje, é totalmente diferente. O Instituto Confúcio é uma referência (no ensino do idioma chinês) e a Unesp é conhecida e respeitada na China”, afirma o diretor do Instituto Confúcio na Unesp Luis Antonio Paulino.

O docente da Unesp recebeu, em julho deste ano, o prêmio internacional Orquídea, outorgado por uma instituição ligada ao governo chinês a pessoas que contribuíram de forma significativa para promover o aprendizado mútuo e o intercâmbio na esfera da cultura e da civilização entre a China e as demais nações, no âmbito da chamada Iniciativa por uma Civilização Global proposta pelo líder chinês Xi Jinping.

No Brasil, os 15 anos do Instituto Confúcio na Unesp serão marcados por dois eventos abertos ao público na capital paulista, ambos com entrada gratuita: o espetáculo “China: arte e magia”, que será realizado no Memorial da América Latina em 14 de novembro, próxima terça-feira, às 19h; e a exposição “Uma visão poética da China”, de 21 a 30 de novembro, na galeria de arte do Instituto de Artes da Unesp, no câmpus São Paulo, localizado no bairro da Barra Funda, próxima à estação de metrô (veja quadro abaixo).

Imagem de abertura: O vice-reitor da Universidade Hubei, Jiang Tao, o reitor Liu Jianping, o reitor Pasqual Barretti, e o diretor do Instituto Confúcio na Unesp, Luis Antonio Paulino