Tavinho Limma: O alquimista dos festivais de música brasileira

Natural do Recife (PE), Tavinho Limma cresceu em ambiente humilde, mas cheio de referências culturais. Percussionista da Banda de Pau e Corda e com longa experiência em festivais, o músico vive hoje na cidade de Ilha Solteira, no interior de São Paulo, onde se tornou referência no tradicional Festival de MPB da cidade

“Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver”. A frase eternizada pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht destaca a relevância da vida, das buscas e caminhos, que pode servir de inspiração para um artista. As formações culturais e a essência de cada ser se manifestam de formas diferentes e assim as histórias são construídas. Nesse contexto, está o compositor, cantor, instrumentista e produtor, Tavinho Limma.

Natural de Recife / Pernambuco, Tavinho cresceu num ambiente humilde, sem familiares músicos, entretanto, numa casa repleta de alegria e referências culturais diversificadas.

“Lá em casa todos eram desafinados até para dar bom dia (risos), não havia esse DNA. Sou filho de matutos, meus pais eram caipiras. Meu pai nasceu na cidade de Gameleira e minha mãe em Flores, região de Serra Talhada, onde viveu o clã de Lampião e Maria Bonita”, relata. “Entretanto, eles eram muito festeiros, sempre havia muita gente e música em casa com violão, acordeom, muita alegria e no meio de tudo isso, meu pai ouvia Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e forrós tradicionais. Já minha mãe gostava dos seresteiros como Silvio Caldas, Ângela Maria entre outros. Além disso, ela era professora de português / literatura, então eu recebia um livro no início do mês e no final do mesmo mês eu tinha que fazer uma “arruição” (resumo) – eu tinha uma raiva dessa palavra, pois eu sabia que iria passar por uma sabatina em relação àquelas obras. Então eu cresci nesse bojo, fui surrando aquelas coisas que me alimentaram e eu agradeço muito, pois ajudaram a me tornar compositor”.

Mais tarde, já na estrada da música foi percussionista da Banda de Pau e Corda. Se apresentou várias vezes em tradicionais eventos pernambucanos como carnavais (O Galo da Madrugada) e Festas Juninas (Caruaru e Recife). É um dos fundadores do Bloco Balança Rolha. “As diferentes artes que me deparei na vida como cordel, música entre outras especialmente da região nordeste foram fundamentais na minha formação como artista e compositor. O tempo que fiquei em Recife, em especial no bairro Casa Forte, tive contato com tradições culturais muito expressivas, saraus e bares culturais, onde passaram grandes nomes da cultura brasileira. Isso tudo entrou na veia”.

Com mais de trinta anos de carreira e vasta experiência em festivais de MPB pelo Brasil, Tavinho conquistou mais de trezentas premiações. Tem nove discos solos lançados e parcerias com grandes nomes da MPB como: Jane Duboc, Tetê Espíndola, Lucina, Paulinho Pedra Azul, Chico Lobo, Oswaldinho do Acordeon, Ivan Vilela, entre outros.

Em 2012, participou da trilha sonora da novela ‘Carrossel’ – SBT – Tema do personagem ‘Firmino’ com a canção intitulada ‘Malfeito’ em parceria com Rita Altério. “Tive momentos bem relevantes em minha trajetória, muita vivência e trabalhos artísticos no Rio de Janeiro etc. Porém, gravar essa canção para a novela Carrossel foi um dos mais marcantes, pois não é todo dia que a gente vê uma canção autoral ao lado de outros nomes como Chico Buarque, Fafá de Belém, Toquinho entre outros do mainstream no mesmo álbum. Eis um marco muito especial da minha carreira”, destaca Tavinho.

Radicado em Ilha Solteira / São Paulo há 21 anos, ao lado de outros artistas da região, Tavinho Limma se tornou referência no tradicional Festival de MPB de Ilha Solteira, onde atua até hoje como produtor.

Desde 2020 tem uma parceria com a Gravadora Kuarup (Plataforma Digitais), onde lançou seus três últimos álbuns. “O primeiro da série foi ‘O Mundo de Raimundo – Homenagem a Fagner’ que conta com participações especiais como Zeca Baleiro, Pantico Rocha, Jaime Alem, Salomão Soares, Chico Chagas e outros. Em 2021 lancei o segundo, intitulado ‘O Canto dos Arrecifes’. E o terceiro ‘Eu, a viola e eles’ no ano passado. Fica a dica para conhecerem melhor o meu trabalho”.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast MPB Unesp.

Na imagem acima: músico Tavinho Limma durante apresentação. Foto: Divulgação