O Centro de Inovação Tecnológica (CIT) de Rio Claro vai dar início ao seu primeiro projeto em parceria com o Sebrae, com foco na aceleração do desenvolvimento de empresas startups. O programa, que se chama Start, foi originalmente idealizado pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Startups. “Hoje, por contar com o CIT, a cidade de Rio Claro já possui condições para atrair um programa nesses moldes”, analisa Giovanni Gozzi, professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp, câmpus de Rio Claro, e coordenador do CIT.
O CIT de Rio Claro foi inaugurado em 18 de agosto, e é fruto de uma parceria entre a prefeitura municipal de Rio Claro, a Unesp e a Fundação para o Desenvolvimento da Unesp ( Fundunesp). Ele está credenciado junto à Rede Paulista de Centros de Inovação Tecnológica. “Um dos diferenciais do Centro de Inovação de Rio Claro é ser multi-institucional. Além da Unesp, da Fundunesp e da prefeitura municipal, ele também envolve associações de indústria e comércio e outras instituições de ensino”, diz Gozzi.
O programa Start costuma seguir uma metodologia padrão na qual não há temáticas pré-definidas a serem abordadas. Mas a colaboração com o CIT de Rio Claro vai seguir um caminho diferente. “O Start aqui vai ter como tema ‘soluções para a gestão de resíduos sólidos’. É uma questão urgente, para a qual o município já está buscando soluções. A vida útil do aterro sanitário da cidade ainda alcança mais cinco anos, então há demanda por empreendimentos inovadores”, diz.
“Temos uma preocupação com a vida útil dos aterros sanitários, porque essas áreas acabam se exaurindo e sofrem por muitos anos com os impactos”, diz o secretário de Meio Ambiente de Rio Claro, Leandro Geniselli. “Essa parceria com o centro de inovação traz a possibilidade de alcançarmos grandes avanços. A cada dia surgem novas rotas tecnológicas com foco em reaproveitamento e reciclagem de resíduos”, diz.
As inscrições para participar do Start Rio Claro estão abertas e o primeiro encontro acontece no próximo dia 15 de setembro. As startups selecionadas irão participar de encontros e atividades de mentoria com pesquisadores da Unesp e de outras instituições de ensino, além de membros de entidades representativas da indústria e do comércio do município. Tudo com o objetivo de instrumentalizá-los para desenvolver soluções. O programa irá se encerrar no dia 10 de dezembro. Até lá, os membros irão se dedicar a conceber projetos e propostas que depois serão avaliadas em termos de sua viabilidade. “[O CIT] vai apoiar os empreendedores para enfrentarem os mais variados desafios que surgirão futuramente, desde as questões burocráticas envolvendo a formalização das empresas à busca de vias para financiamento”, diz Gozzi.
Outra função essencial do CIT será possibilitar a articulação entre os atores fundamentais do ecossistema de inovação. A ideia é viabilizar encontros envolvendo pessoas que buscam soluções para um problema com grupos capazes de desenvolver soluções, e com atores interessados em financiar projetos inovadores. Em paralelo ao Start, por exemplo, o próprio Gozzi participou de diversos encontros na Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação), a fim de estabelecer uma ponte entre a entidade e a Unesp. O CIT também segue a orientação, proposta pelo governo do estado, que incentiva as empresas a se tornarem cada vez mais digitais. Nesta seara, ele pode atuar como divulgador, para a comunidade acadêmica, de iniciativas como os cursos de capacitação em computação em nuvem que estão sendo oferecidos pelo Senai. “Buscamos agir no sentido de tornar essas iniciativas mais efetivas”.
Apoio à inovação é compromisso da universidade
Uma das características que define a Unesp é sua estrutura descentralizada, espalhada em 24 cidades. Se por um lado isso resulta em vantagens, ao aumentara capacidade de atender as demandas de ensino, pesquisa e extensão em quase todo o estado de São Paulo, por outro, muitas vezes dificulta a articulação entre trabalhos correlatos que estão distantes geograficamente. Pensando nisso, a Agência Unesp de Inovação (AUIN), deu início a um programa de incentivo para a criação de CITs nos diversos câmpus. “A ideia é que esses núcleos apoiem a agência no tocante à criação de novos projetos, patentes, startups e empreendedorismo”, explica Rita Costoya, gerente de Transferência de Tecnologia da AUIN.
Marcelo Orlandi, assessor da AUIN e docente do Departamento de Engenharia, Física e Matemática do câmpus de Araraquara, destaca a importância dos programas de incubadoras de novas empresas. “A incubadora é o local em que o aluno transforma o conhecimento em “produto”. Ou seja, é a hora em que acontece a contrapartida para a sociedade. Porém, hoje temos muito conhecimento gerado, muitas publicações e ideias excelentes que acabam morrendo porque, quando o professor ou o aluno percebem a burocracia necessária para abrir uma empresa e não encontram apoio, ele simplesmente desistem. E quem sabe aquela ideia poderia se transformar no próximo ‘unicórnio’ brasileiro”, explica. “E a Unesp está comprometida a não deixar as boas ideias morrerem.”
Foto acima: cerimônia de credenciamento do CIT Rio Claro. Crédito: Fundunesp.