Blubell – Música Solar Para Tempos Sombrios

Com sete álbuns lançados, prêmios e passagens pelo Japão e o festival Lollapalooza, cantora construiu uma obra autoral que atraiu interesse de grandes nomes da MPB.

A cantora Isabel Fontana Garcia, ou Blubell, nasceu em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo, mas em seguida se mudou com a família para a capital, onde foi criada e reside até hoje. Seu contato com a música teve início em casa, onde se escutava muito jazz, bossa-nova e rock. Mas foi aos 15 anos, quando pediu um violão de presente de aniversário ao seu pai, que mergulhou para valer no universo musical.

“Fui com meu pai à uma loja de instrumentos musicais na rua Teodoro Sampaio, comprar um violão. Notei alguns anúncios de bandas pendurados na parede, prática comum naquela época. Havia um que dizia: ‘Banda procura vocalista para trabalhos profissionais’. Então, meu pai disse: ‘Esse anúncio é bom!'”, lembra. “Fiz o teste, entrei para a banda e quando percebi, aos 15 anos já estava tocando em importantes casas e abrindo shows para grupos de rock consolidados.”

O inicio da carreira solo como cantora e compositora ocorreu em 2006, com Slow Motion Ballet. “Até então, eu compunha de forma despretensiosa e cantava jingles para uma produtora. Os donos do selo perguntaram se eu tinha algum material guardado. Eu tinha algumas canções folk, a maioria delas em inglês. Assim saiu o Slow Motion. Embora tenha sido bem recebido pela crítica e público, não tive atuação direta na produção. Hoje, penso que poderia ter sido melhor trabalhado”, relata.

Já em 2011, com o álbum Eu Sou do Tempo Em que a Gente se Telefonava, a carreira atingiu novos patamares. Uma das faixas do disco, ‘Chalala’, emplacou na abertura da minissérie Aline da TV Globo, inspirada na personagem do quadrinista Adão Iturrusgarai, cuja a produção musical foi feita por Branco Melo (Titãs). A música se tornou um dos seus principais hits. O CD também trouxe participações de Baby do Brasil e de Tulipa Ruiz. Para complementar, a canção ‘What If…’ entrou para a trilha sonora do filme Bruna Surfistinha. Nesse mesmo ano, fez uma turnê de apresentações no Japão. ” ‘Chalala’ foi um ‘tijolão’ na construção da minha carreira, uma canção fundamental. “A tour no Japão, é umas lembranças mais emblemáticas que trago. O Japão é um lugar especial, organizado, com pessoas educadas e os shows foram sensacionais. Espero voltar em breve”.

Em 2012 surgiu Blubell & Black Tie, trabalho em que mostrou também sua maestria como intérprete. O disco tem canções de Nelson Cavaquinho, Pete Townshend e Cole Porter, entre outros. Com produção impecável, Blubell & Black Tie conquistou o Prêmio da Música Brasileira de melhor disco em língua estrangeira. Outro destaque em 2012 foi sua participação no primeiro Lollapalooza Brasil.

Na seqüência, Isabel gravou Diva é a Mãe, em 2013, outro belo trabalho que trouxe entre os destaques a canção ‘Protesto’. Em 2016, a cantora lançou o disco Confissões de Camarim, que chegou ao mercado por meio de uma campanha de crowdfunding. Entre as participações, Zeca Baleiro, na música ‘A Tardinha’.

Em setembro de 2021, em meio a pandemia, Blubell presenteou seus apreciadores ao lançar seu sexto álbum: Música Solar Para Tempos Sombrios. A obra realça sua originalidade, sofisticação e bom humor, ao apresentar canções que passeiam pelo jazz, blues, pop e samba-canção.

Com nove faixas autorais, o disco vem acompanhado de um livro de crônicas contando a história de cada música. Destaque para duas canções: ‘Música Americana’ que retrata bem o espírito artístico intrínseco de Bluebell. A outra é ‘Blues do Pijama’, parceria com Zélia Duncan. “Esse álbum marca uma transição na minha carreira, onde eu estou muito interessada em escrever e contar histórias de outras formas. Na verdade, minhas músicas contam histórias, minhas e de outras pessoas. Acho que esse é o grande lance da minha verve musical”, relata. Já no caso de ‘Blues do Pijama’ ela observou o talento de compositora de Zélia Duncan. “Mandei a música e disse que ela iria se divertir para colocar a letra”. Após três dias, Duncan retornou com uma canção concebida para que Bluebell interpretasse, com as palavras sob medida para o canto da artista. “Essa habilidade dela é incrível. Poucos compositores tem essa sensibilidade de fazer uma canção para outra pessoa cantar. Foi um belo presente”, diz.

Ouça a íntegra da entrevista ao Podcast MPB Unesp no link abaixo.