Marcelo Jeneci: a essência da letra e da melodia como via de construção da canção

Nascido em Guaianases, o músico paulistano aprendeu com mestres como Arnaldo Antunes, Chico César e Luiz Tatit os segredos da composição musical, e vem construindo uma obra diversificada e duas vezes indicada para o Grammy.

Nascido em 7 de abril de 1982, Marcelo Jeneci foi criado em Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, onde sua relação com a música teve início ao lado de seu pai, que foi pioneiro na eletrificação de sanfonas no Brasil e trabalhava com aparelhos eletrônicos e instrumentos musicais.

Após um início onde fez apresentações em igrejas evangélicas e trabalhos pontuais, aos 17 anos teve a oportunidade de ingressar na banda de Chico César tocando sanfona e samplers, com quem excursionou pela Europa em 2000. Tocou também nas bandas de Arnaldo Antunes e Erasmo Carlos.

O despontar para o sucesso como compositor surge em 2008, com “Amado”, parceria com Vanessa da Mata que fez parte da trilha sonora da telenovela da Rede Globo, A Favorita. Posteriormente, teve a oportunidade de escrever canções em parceria com Arnaldo Antunes, Chico César, Zé Miguel Wisnik e Luiz Tatit. Assim, foi construindo sua carreira solo.

“Tive o privilégio de me aproximar desses mestres da letra, poesia e melodia. Todos são fundamentais na minha formação artística, em especial de compositor. Confesso que inicialmente eu não pensava em compor, estava mais atento na execução instrumental. Com o tempo, por meio desses caras, percebi que havia um caminho a trilhar”, relata. “Nesse sentido, fui percebendo com esses mestres a alquimia que existe e a relevância da essência nas composições e junções de palavras e melodias na construção da canção”, diz Jeneci.

Em 2010 lançou o seu primeiro álbum, Feito para Acabar, que recebeu boa acolhida da crítica e alçou popularidade nacional, em especial com as canções Felicidade e Pra Sonhar. Com o decorrer dos anos, ambas atingiram milhões de visualizações no YouTube e em outras plataformas digitais. “Pra Sonhar ultrapassou Felicidade na quantidade de views. São dezenas de milhões. Tenho feedbacks maravilhosos de relatos de vida que se identificam com a minha música. Acho que esse é o grande ponto. Quando faço uma música ela não é minha. É do próximo, é de quem ouve, é de todos”.

De Graça, seu segundo trabalho solo, foi lançado em 2013. Com este trabalho, Jeneci conquistou o prêmio de Melhor Compositor pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e foi indicado ao Grammy Latino como Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. Vale destacar que esses dois primeiros álbuns contam com uma participação importante da cantora Laura Lavieri, inclusive nas faixas que se tornaram mais populares.

Em 2015 gravou Dia a Dia, Lado a Lado com Tulipa Ruiz, com quem fez em seguida uma série de shows pelo Brasil e de quem se tornou parceiro em composições e trabalhos artísticos.

Em vários momentos figurou em trilhas de novelas da Rede Globo, com Quarto de dormir (Lado a Lado), Feito para Acabar (Flor do Caribe), Um de Nós (Em Família), e Veja (Margarida), regravação da canção de Vital Farias.

Já o seu último álbum solo, Guaia (2019), Jeneci retorna às origens, ao homenagear o bairro em que cresceu, Guianases. O disco foi indicado ao Grammy Latino de 2020 e reafirmou a continuidade de sua obra, configurando um trabalho altamente brasileiro que une arquétipos de sua formação no agreste de Pernambuco e da periferia de São Paulo.

Neste domingo, 27 de fevereiro, Jeneci faz show em São Paulo com canções de Guaia e clássicos da sua trajetória. Para a retomada aos palcos, Jeneci (voz, sanfona e teclados) estará acompanhado de Rafa Cunha (bateria e samplers) e Juba Carvalho (percussão). Fica a dica para curtir o final de semana com muita arte.

Para escutar a íntegra da conversa com Marcelo Jeneci no Podcat Unesp, clique abaixo.