Unidades auxiliares trabalham para suprir demanda por saúde mental e atendimento a pessoas com deficiência no interior

Unesp tem centros de psicologia em Assis e em Bauru; em Marilia, unidade auxiliar foca em pessoas com deficiência física e auditiva

Em um momento em que a demanda por serviços de saúde mental cresce vertiginosamente, duas unidades auxiliares da Unesp contribuem para suprir essa necessidade no interior de São Paulo. O Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada “Dra. Betti Katzenstein” (CPPA), vinculado à Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL-Unesp) oferece atendimentos majoritariamente clínicos em modalidades como psicoterapia individual, grupal, atendimentos familiares e de casais.

“Penso que nunca tivemos tanta procura, diante da qual procuramos responder com qualidade e com a maior presteza possível”, afirma o psicólogo Gustavo Dionisio, supervisor do CPPA e professor da FCL. “A pandemia prejudicou de forma significativa a saúde mental da população, a ponto de pensarmos hoje numa espécie de ‘pandemia de depressão e ansiedade’. São essas as queixas mais comuns que recebemos.”

A unidade atende a pacientes de todas as idades, desde crianças até idosos, e também grupos específicos, como portadores de HIV e doenças crônicas, obesos e dependente químicos. Antes da pandemia, quando os atendimentos eram feitos exclusivamente de forma presencial, o centro atendia fundamentalmente a região de Assis e cercanias, segundo Dionisio. Esses atendimentos eram realizados na própria unidade auxiliar ou em hospitais, escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e residências dos usuários.

“Não possuímos convênio direto com o SUS (Sistema Único de Saúde), embora eu acredite poder dizer que, hoje, somos com efeito componentes do território em termos de atendimento à saúde mental do município. Há livre trânsito entre os serviços, de forma que, na mesma medida em que recebemos casos provenientes dos equipamentos do SUS, também encaminhamos casos para eles”, diz o supervisor.

Ao longo de 2019, o CPPA realizou 6.133 atendimentos. A unidade já chegou a realizar o dobro de atendimentos em anos anteriores, segundo Dionisio, mas a diminuição do quadro de funcionários e docentes da Universidade levou a uma queda significativa na capacidade de atendimento do serviço.

Durante a pandemia, os atendimentos presenciais foram temporariamente suspensos. “Com a modalidade de atendimento remoto, à qual nos adaptamos ao longo do ano de 2020, passamos a ampliar de forma significativa o perímetro de acolhimento, de modo que hoje temos pacientes que vêm das mais diversas regiões do país”, afirma Dionisio.

Em 2021, o centro começou um retorno às atividades presenciais, sempre cumprindo as exigências dos protocolos sanitários. Para os alunos da Unesp, o CPPA oferece um conjunto de estágios em Psicologia Clínica e também serve de apoio acadêmico para disciplinas de graduação e pós-graduação.

Assim como o CPPA, o Centro de Psicologia Aplicada (CPA) do câmpus de Bauru, unidade auxiliar da Faculdade de Ciências (FC-Unesp), também interrompeu temporariamente as atividades presenciais durante a pandemia. Nesse período, as duas unidades participaram, ao lado de outras instâncias da Universidade, do projeto teleacolhimento. Voltado para a comunidade interna da Unesp, a iniciativa ofertou uma escuta especializada ante a perspectiva de enfrentamento exigida pela pandemia, afirma André Gellis, supervisor do CPA e professor da FC.

Gellis explica que no CPA ocorrem atividades de ensino, pesquisa e extensão, sobretudo aquelas voltadas para o atendimento a demandas da população de Bauru e região. “Neste sentido, está organizado como um serviço-escola que, dentre outras funções, fornece as condições necessárias para que os estudantes do último ano do curso de Psicologia cumpram seus estágios obrigatórios”, diz.

O CPA realiza atendimentos da área clínica individuais ou em grupo, para pessoas de quase todas as faixas etárias, desde recém-nascidos (para desenvolvimento motor, habilidades, superdotação) até idosos. Também são ofertados atendimentos na área educacional, como apoio à alfabetização, orientação profissional e à entrada no mercado de trabalho, entre outros. Estagiários do CPA também atendem à população em outras instituições, como creches, escolas, hospitais, serviços de saúde, empresas e comunidades.

No início de cada ano, o CPA abre inscrições para a triagem. Pessoas interessadas em serem atendidas pelo centro, ou encaminhadas por profissionais da região, fazem sua inscrição, ficam em uma fila de espera e podem ser chamados para atendimento ao longo do ano. Em 2019, o CPA realizou 8.537 atendimentos.

Em 2020, o centro retomou parte dos atendimentos de forma remota e iniciou também o retorno às atividades presenciais. “Com o avanço da vacinação entre os estagiários e a população em geral, estamos ampliando cada vez mais a capacidade do CPA de voltar a receber atendimentos presenciais in loco com segurança”, afirma Gellis.

Ele observa que a procura por atendimento no CPA é muito grande e que a situação não é diferente nos demais serviços-escola do município. “Os serviços públicos de saúde mental também estão sobrecarregados e se utilizam, na maioria das vezes, dos atendimentos em grupo para tentar acolher o maior número de pessoas necessitadas”, afirma Gellis. Ele acrescenta que o acesso a algum desses serviços pode fazer a diferença na vida das pessoas atendidas, que muitas vezes os procuram na expectativa de solucionar um problema ou aliviar algum tipo de sofrimento.

Atendimento a pessoas com deficiência física e auditiva

O Centro de Estudos da Educação e da Saúde “Dr. Heraldo Lorena Guida” (CEES), da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Unesp, câmpus de Marília, é uma referência regional no atendimento de questões relativas à cognição, comunicação, desenvolvimento e educação de indivíduos com deficiência física e auditiva. Por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e um convênio com o SUS, o CEES atende a pessoas dos 62 municípios que compõem a nona região do Departamento Regional de Saúde (DRS-IX).

“Algumas especialidades da Fisioterapia, da Fonoaudiologia e da Terapia Ocupacional são oferecidas como um serviço público apenas no CEES, com um diferencial para a dispensação do aparelho auditivo (AASI)”, afirma Cristiane Rodrigues Pedroni, supervisora do CEES e professora da FFC. “Não há hoje serviço com número semelhante de aparelhos dispensados mensalmente de forma gratuita para a população”, completa.

O CEES dispensa mensalmente 40 aparelhos auditivos para a população, diz Pedroni, o que inclui todos os procedimentos de avaliação com otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, exames clínicos, adaptação do aparelho e acompanhamento periódico do uso.

Em 2019, o CEES realizou 29.550 atendimentos, entre eles 12.766 de fonoaudiologia, 13.104 de fisioterapia e 1.842 de terapia ocupacional. Os pacientes são, em sua maioria, encaminhados pelo Sistema CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) do SUS. Durante a pandemia, houve uma suspensão temporária dos atendimentos presenciais. Ao final de 2020, grande parte dos serviços da reabilitação física e auditiva já tinha sido retomada e, em janeiro de 2021, todos os serviços voltaram a ser oferecidos.

Segundo Pedroni, o CEES faz com que Marília e região estejam em consonância com o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, chamado Programa Viver Sem Limite. “Cabe ainda ressaltar que o CEES promove capacitação frequentemente para profissionais da rede pública de saúde, favorecendo uma assistência de maior qualidade em outros serviços da rede.”

*Esta reportagem é a quinta e última da série Unesp Cuida, que detalhou assistências e atendimentos oferecidos em nove unidades auxiliares unespianas com serviços em saúde; veja todas as reportagens da série neste link

Séries Jornal da Unesp

Este artigo pertente à série Unesp Cuida do Jornal Unesp. Esta série de reportagens detalha os serviços de saúde prestados à comunidade por nove Unidades Auxiliares da Unesp, em seis diferentes câmpus.

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