Brasil se torna o segundo país do mundo a ultrapassar marca de 600 mil mortos por covid-19

Para médico sanitarista da Unesp, centenas de milhares de mortes no país ocorreram por falta de política nacional adequada de combate à pandemia

O Brasil registrou neste último domingo, 10 de outubro, 601.442 óbitos em decorrência da covid-19. Foram cerca de 176 mortes nas últimas 24hs. Também foram notificados pelas secretarias 7.151 novos diagnósticos da doença. Ao todo, o país já registrou 21.588.245 casos positivos de Covid. A média móvel de mortes de 367 é a menor desde o dia 12 de novembro do ano passado, quando foi de 365. Mas o cenário pandêmico segue assustando o brasileiro.

A triste marca de 600 mil mortes foi atingida em 8 de outubro. Até agora, só o Brasil e os Estados Unidos ultrapassaram meio milhão de mortes em decorrência do novo coronavírus.

Antonio Luiz Caldas Júnior, médico sanitarista e professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu, diz que a triste marca foi batida devido a ausência de uma política nacional de combate à pandemia e ao atraso na vacinação.

Caldas Júnior pondera que, embora o país tenha menos de 3% do total da população mundial, nós tivemos o equivalente a 9% de todos os casos de covid-19. Levando-se em conta o total de óbitos, a participação do Brasil salta para 12,4% do total registrado no globo. “São números assustadores”, destaca o médico.

Além, disso, se o país seguisse a média mundial de óbitos causados pela covid-19, o total de fatalidades estaria na faixa dos 130 mil. “Já seria um número altíssimo”, diz Caldas Júnior, porém, bem abaixo dos 600 mil falecimentos. Ele explica que essa comparação indica que algo como 470 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o país tivesse uma resposta melhor à emergência de saúde pública.

Entre os fatores que contribuíram para uma má gestão da crise desencadeada pela pandemia ele aponta a ausência de uma política nacional de enfrentamento baseada em evidências; a defesa, por parte do governo Federal, de medicamentos inócuos ou danosos como ferramentas para um suposto tratamento precoce, que geraram uma falsa sensação de segurança na população; a minimização, também por parte do governo Federal, da gravidade da doença e da necessidade de se adotar medidas como o uso de máscaras e o distanciamento social; e o atraso no início da vacinação.

Clique aqui para ouvir a íntegra da entrevista ao Podcast Unesp.

Imagem acima: covas abertas no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. Crédito: André Luiz Soares Pera.