A cultura brasileira está de luto. Perdeu uma das suas joias mais raras.
Nesta quinta-feira (20), morreu aos 91 anos, em sua casa no Rio de Janeiro, a cantora e compositora Elza Soares (1930 – 2022). Segundo informou a equipe da artista, por meio de publicação no perfil de Elza no Instagram, o falecimento se deu por causas naturais.
“Amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares de fãs por todo o mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, disse o comunicado.
Reconhecida internacionalmente pela qualidade de seu trabalho, e pelo timbre de voz diferenciado, Elza iniciou na vida artística em 1953, quando fez seu primeiro teste no programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupy. Também atuou na Orquestra Garam Bailes, na Rádio Vera Cruz e no Festival Nacional da Bossa Nova.
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, alternou bons e maus momentos. Elza representou o Brasil na Copa de 62 e foi eleita a cantora do milênio pela rádio BBC de Londres em 2000. Na vida pessoal, superou adversidades. Obrigada pelo próprio pai, ela casou com apenas 12 anos, enfrentou violência doméstica e a morte de quatro filhos. Foi perseguida pela Ditadura Militar e sofreu um acidente que a deixou com dificuldades de locomoção. Mas manteve-se fiel à sua música e ao seu talento.
Sua morte ocorreu no mesmo dia da de Garrincha, com quem manteve um relacionamento amoroso por 17 anos. O atacante bicampeão mundial pela seleção brasileira também morreu num dia 20 de janeiro, porém em 1983, há quase 40 anos.
Em 2015, Elza Soares lançou o disco ‘A Mulher do Fim do Mundo’, que ganhou o Grammy Latino e ficou entre os melhores álbuns de 2016 na lista do jornal The New York Times.
No mesmo ano em que recebeu a premiação, Elza foi entrevistada pelo Podcast MPB Unesp. A artista estava em turnê com o show “Elza canta Lupicínio Rodrigues”. Em homenagem a essa grande mulher, o Podcast Unesp resgata com exclusividade este bate-papo, durante o qual suas principais características se sobressaíram.
Na entrevista, Elza conta como começou a cantar ainda criança, junto com o pai que tocava violão, e que durante a carreira musical chegou a temer ficar sem ter espaços onde cantar. “Sempre tive atitude. Tem que ter. Mesmo tendo atitude, às vezes ainda balanço, imagina se não tivesse?”, pondera. E mostra que o título de cantora do milênio, conferido pela BBC em 2000, não subiu à cabeça. “Ainda não cheguei lá [na carreira] não, ainda tem degrau para subir”, disse.
Clique abaixo para ouvir a íntegra da entrevista.
Imagem acima: reprodução do Instagram de Elza Soares.