Docentes da Unesp debatem suas pesquisas sobre mudança climática durante COP 30

Apresentações ocorrerão nas chamadas Zona Azul e Zona Verde, que concentram as principais atividades do evento. Painéis de discussão focarão em práticas sustentáveis em bioeconomia, governança do mercado de carbono, manejo integrado do fogo em cenários de seca extrema e diversidade e igualdade de gênero no debate sobre a justiça climática.

Em meio à estrutura montada em Belém para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que começou hoje, 10 de novembro, é nos pavilhões da Zona Azul (Blue Zone) e da Zona Verde (Green Zone), localizados no Parque da Cidade, que transcorrerão as principais atividades do evento. Especialistas da Unesp estarão em ambos os espaços, organizando painéis que debatem alguns dos principais temas que envolvem o enfrentamento à emergência climática, como práticas sustentáveis em bioeconomia, governança do mercado de carbono, manejo integrado do fogo em cenários de seca extrema e diversidade e igualdade de gênero no debate sobre a justiça climática.

De acesso restrito ao público, a Zona Azul é o espaço oficial da ONU na COP 30. Lá ocorreu a Cúpula de Líderes, que antecedeu o evento. O local abriga pavilhões de diferentes organizações, salas de reunião e escritórios que apoiam as negociações diplomáticas. Além disso, lá estão as plenárias, onde ocorrem as principais discussões e as deliberações decididas pelos representantes das nações. Já a Zona Verde é organizada pelo Governo Federal e é de acesso livre ao público. Este é o espaço em que a sociedade civil, empresas e instituições apresentam seus projetos e propõem debates voltados para diferentes temáticas que tratam das mudanças climáticas.

Dentro da Zona Azul, a Unesp será uma das instituições presentes em um espaço chamado Pavilhão das Universidades (Higher Education Climate Network of Networks), uma rede liderada pela Unicamp e pelo Instituto Tecnológico de Monterrey, no México, para apresentar a colaboração do ensino superior na solução dos principais desafios impostos pela mudança do clima. A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o Politecnico di Torino, da Itália, e as brasileiras USP e Universidade Federal Fluminense (UFF) são algumas das instituições que também integram a rede.

Governança fundiária

No Pavilhão das Universidades, o professor Iraê Guerrini irá organizar, no dia 18/11, o painel “Governança Fundiária e Ambiental e o Mercado de Carbono no Brasil”, com a presença de pesquisadores, representantes do Ministério do Meio Ambiente e do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

O docente da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Unesp, no câmpus de Botucatu, explica que a debilidade fundiária é um dos principais entraves para o combate ao desmatamento e para a garantia reputacional dos projetos de carbono que já estão em desenvolvimento na região. De forma geral, esses projetos podem remunerar, de diferentes formas, comunidades tradicionais e proprietários de terra que mantenham a floresta em pé.

“Nesse sentido, ampliar a governança efetiva das terras e, consequentemente, promover a regularização fundiária são dois elementos fundamentais para melhorar a proteção da floresta e promover o desenvolvimento econômico e regional, especialmente quando se trata de projetos de uso sustentável da terra, projetos de carbono e de Pagamento por Serviços Ambientais”, afirma o docente.

Bioeconomia, gênero e justiça climática

Especialista em análise de dados no contexto das mudanças climáticas e de eventos extremos, a professora Priscilla Teles de Oliveira irá organizar dois painéis no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul. A docente do curso de Meteorologia da Faculdade de Ciências, no câmpus de Bauru, organizará, no dia 11/11, “Vozes Femininas pela Justiça Climática: A Importância da Diversidade e Igualdade de Gênero” e, no dia seguinte, outro painel intitulado “Perspectivas da Formação do Meteorologista em um Contexto de Mudanças Climáticas”, com foco na preparação de recursos humanos pelas universidades em uma área do conhecimento que vem ganhando cada vez mais protagonismo em virtude dos eventos extremos.

A professora Dulce Helena Siqueira irá organizar, no dia 17/11, o painel “Bioeconomia e Sustentabilidade: agregando valor à biodiversidade”, que irá discutir os impactos sociais, econômicos e ambientais de ações bem planejadas no contexto da bioeconomia e o papel das universidades nesta agenda. Segundo a docente do Instituto de Química, no câmpus de Araraquara, essa temática já esteve presente na última reunião do G20, no Rio de Janeiro, quando o grupo das maiores economias do mundo estabeleceu os 10 princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia. Dulce explica que essas premissas dialogam diretamente com as discussões presentes na COP 30, como o uso sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados a esses processos.

“A Unesp é uma referência em bioeconomia, com pesquisas que exploram, por exemplo, novas estratégias de biomassa para produção de biocombustíveis e de novos materiais e processos para otimizar essa produção”, explica Siqueira. Desde 2019, a Unesp integra uma rede global em bioeconomia com universidades parceiras da Alemanha, Austrália e Dinamarca.

Incêndios na Amazônia e no Pantanal

Na Zona Verde, a professora Alessandra Fidelis irá organizar o painel “Como construir paisagens e comunidades resilientes ao fogo no Brasil?”, no dia 11 de novembro. Os incêndios florestais no Brasil têm se tornado cada vez mais intensos e perigosos em virtude das mudanças climáticas, do desmatamento e de práticas de uso do fogo inadequadas, o que acaba afetando ecossistemas frágeis e ameaçando comunidades e a economia regional.

“No último ano, nós tivemos exemplos de incêndios na Amazônia e no Pantanal, associados principalmente a eventos de seca extrema. O que os especialistas estão percebendo é que essa gestão do fogo vai ter que acompanhar esses eventos. A ideia do encontro é discutir como, a partir do manejo integrado do fogo, nós podemos deixar essas paisagens mais resilientes e menos inflamáveis”, explica a docente, que receberá a presença de representantes da academia, terceiro setor, comunidades tradicionais e grupos que trabalham diretamente nessa gestão do fogo, como os brigadistas.

A presença dos especialistas da Unesp em painéis localizados nos pavilhões da Zona Verde e da Zona Azul complementa outras ações protagonizadas pela comunidade unespiana no evento em Belém, como o projeto de extensão universitária Casa da Floresta Unesp – Peabiru e as participações em mesas-redondas e debates no Museu Goeldi.

 Imagem acima: entrada da Blue Zone. Crédito: Agência Brasil.

Séries Jornal da Unesp

Este artigo faz parte da série Unesp na COP 30 do Jornal Unesp.

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