Nô Stopa mergulha na brasilidade em novo trabalho

Conhecida como artista da cena folk, cantora apresenta repertório que combina forró, samba, arrasta-pé, choro e até bolero e rock à brasileira. Álbum é o sexto de uma carreira que está completando 25 anos.

Na celebração de seus 25 anos de carreira, a cantora e compositora paulistana Nô Stopa está lançando seu novo álbum, o sexto em sua carreira. Desde o dia 10 de outubro, Brasa está disponível nas plataformas digitais, apresentando um repertório autoral que passeia pelo forró, pelo choro e pelo bolero, entre outros estilos, e trazendo participações de nomes como Antônio Nóbrega, Vicente Barreto e Zeca Baleiro.

Nô Stopa é o nome artístico de Aniela Stopa Juste. Ela nasceu em berço musical, filha do cantor e compositor mineiro Zé Geraldo, e já aos 13 anos dava vazão à sua veia artística, como bailarina e artista circense. Aos 20 anos, começou a rascunhar as primeiras composições, e seu primeiro registro vocal em um álbum aconteceu em O Novo Amanhecer, disco de seu pai em parceria com Renato Teixeira. Essa primeira gravação foi o ponto de partida para uma trajetória de destaque no cenário do folk e do rock rural, na qual produziu cinco álbuns e cinco singles (todos lançados no formato independente).

Em paralelo à sua carreira solo, ela integra também a banda Folk na Kombi e participou de coletivos que misturam múltiplas linguagens, como Banda Mirim e O Teatro Mágico. Além dos palcos, ela também atua como produtora fonográfica e administra seu próprio selo e editora, intitulado Sol do Meio Dia.

Agora, Nô se aventura por novas paragens musicais. O álbum é fruto de um encontro da artista com o Brasil profundo e de sua descoberta dos bailes de forró, das rodas de samba e da noite paulistana.

“O Brasa surgiu quando voltei a frequentar os bailes de forró da cidade de São Paulo. Digo que voltei porque, durante a adolescência, na década de 1990, eu era muito apaixonada por forró e frequentava as diferentes casas que surgiram na capital. O forró é muito apaixonante, é um universo muito divertido, muito leve”, diz. Com o tempo, ela se encaminhou para o mundo do folk, do rock e do pop, movida até pelas influências familiares.

Com o término da pandemia, voltou a frequentar a cena do forró. “Encontrei uma turma muito bacana, muito apaixonada por brasilidades e festas brasileiras onde há rodas de samba, forró e outros estilos. Esse universo tomou conta de mim. Comecei a compor e, quando percebi, já tinha uma porção de músicas. Tive vontade de trazê-las ao mundo. Foi um processo muito leve e divertido, e acredito que isso se reflete no álbum”, diz.

Até o título do álbum faz referência a esse mergulho na brasilidade, diz. “Brasa vem dessa lenha incandescente, no sentido literal da palavra. E é também o apelido carinhoso que a gente dá ao Brasil. Gosto desse trocadilho, porque, no disco, o Brasil aparece por meio das canções”, diz.

A cornucópia de estilos musicais inclui forró, xote, samba e choro, mas também outros menos associados à nossa cultura, como o reggae e o bolero, que surgem reinterpretados à brasileira. “Tem até um rock, uma coisa meio de Secos & Molhados, que é brazuca também”, diz.

Os artistas que deram canjas no álbum formam um verdadeiro álbum de viagens nacional. “Tem o Alex Ribeiro, que é do Pará; Zeca Baleiro, do Maranhão; Antônio Nóbrega e Igor de Carvalho, de Pernambuco; Vicente Barreto e Marco Villani, da Bahia; de São Paulo, tem Danilo Moraes, Tata Fernandes, Kléber Albuquerque. Minha irmã virou parceira nesse álbum, a Gija. E tem do Sul também o Márcio Paz, lá de Chapecó. Então, o lance é o Brasil dentro de um disco paulistano”, diz. Produzido por Danilo Moraes, Brasa foi realizado com apoio do ProAC PNAB 24/2024.

O projeto também inclui o lançamento de 11 videoclipes contendo imagens do making of da gravação do álbum, a serem disponibilizados no canal do YouTube da artista, todos com legenda para surdos e ensurdecidos (LSE). E o encontro com o público acontecerá por meio de uma temporada itinerante, na qual estão previstos 12 shows gratuitos de lançamento, seguidos de bate-papo e de oficinas. Os shows devem ocorrer em quatro regiões periféricas e uma região central da capital paulista, além de cidades do interior do estado.

“O projeto é bem amplo. Criei a oficina junto com a dançarina e educadora Fabi Sales. A oficina se chama ‘O Passo no Forró’. Nela, empregamos o método de musicalização chamado ‘O Passo’, desenvolvido por Lucas Ciavatta. É um método acessível a qualquer pessoa. Ele usa o passo como célula rítmica, marcando os tempos musicais. Dessa forma, partindo do corpo, a pessoa começa a entender os tempos da música. Na sequência, a gente migra para uma aula de forró, que a Fabi ministra. Assim, combinamos musicalização com aula de forró”, diz.

O show de lançamento de Brasa será na Casa de Francisca, em São Paulo, no dia 28 de outubro, às 21h30. “Aproveito para convidar a todos para o show de lançamento. Vai ser um espetáculo bem completo e surpreenderá o público. Estou com uma perspectiva muito positiva sobre este novo trabalho, e a agenda de shows já está sendo elaborada”, diz.

Nô Stopa diz que a reinvenção artística é uma característica do seu trabalho. “Defino a minha obra como um rio, porque estou sempre seguindo. Nunca sou a mesma. Cada álbum é diferente porque registra um momento da minha vida. Vou criando novas situações e vou seguindo. Sou um rio que vai driblando as pedras, obstáculos e seguindo seu próprio curso sem parar”, diz.

Confira abaixo a entrevista completa ao Podcast MPB Unesp.