Programa Move La America trará estudantes de 11 países da América Latina para a Unesp em 2025

Mestrandos e doutorandos se integrarão a programas de pós-graduação de 23 áreas por períodos entre dois meses e um ano, e poderão conduzir pesquisas e cursar disciplinas. Intercâmbio é iniciativa da Capes, que busca promover internacionalização e cooperação entre instituições acadêmicas do Sul global.

Em 2025, a Unesp irá receber 72 estudantes de pós-graduação vindos de 11 países diferentes da América Latina e Caribe para cursarem disciplinas e participarem de estágio de pesquisa na Universidade, complementando a formação. A vinda destes estudantes faz parte do Programa Move La America, uma iniciativa da Capes para promover a internacionalização das instituições de ensino superior e fortalecer os programas de cooperação e de intercâmbio entre o Brasil e outros países.

No total, são esperados 27 alunos de mestrado e 45 de doutorado, oriundos de 44 Instituições de Ensino Superior estrangeiras. Os países com maior representação são Argentina (36%), Colômbia (22,2%), Chile (11,1%) e México (11,1%). Os estudantes se distribuirão entre 13 câmpus: Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Franca, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, São Paulo, São Vicente e Sorocaba. Os programas aos quais eles estarão associados pertencem às áreas de agronomia, aquicultura, arquitetura, mídia e tecnologia, comunicação, tecnologia de materiais, história, letras, geografia, matemática aplicada, ciência da informação, artes, enfermagem, biociências, ciência florestal, biociências, biologia vegetal, desenvolvimento humano, ciências ambientais, educação matemática, física, desenvolvimento territorial, química e biodiversidade de ambientes costeiros. As áreas mais buscadas foram as de biodiversidade, que recebeu 13,9% dos candidatos, ciências agrárias (11,1%), química (8,3%), comunicação e informação (6,9%), e educação (6,9%).

O intercâmbio se encaixa no formato conhecido como “sanduíche”, em que os estudantes passam parte do período de sua pós-graduação em outra instituição para realizar parte do seu treinamento como pesquisadores. A estadia dos estudantes de mestrado poderá se estender entre dois e seis meses, e para os de doutorado, entre dois e 12 meses. Além da pesquisa, os estudantes também poderão cursar disciplinas ofertadas durante o semestre.

O edital de participação foi lançado em março de 2024, e os programas foram consultados quanto à possibilidade de vagas a serem disponibilizadas. Segundo Dulce Helena Siqueira, docente do Instituto de Química do campus da Unesp em Araraquara e responsável pela organização do programa junto à Pró-reitoria de Pós-graduação, o interesse demonstrado pelas unidades da Unesp superou as expectativas. “Os docentes da Unesp interessados ofereceram um total de 733 vagas. Esse foi um dado muito interessante, porque a Capes, inicialmente, estava oferecendo 500 vagas para o Brasil inteiro e a Unesp, sozinha, ofereceu 733. Imagino que muitas outras instituições fizeram o mesmo. A Capes de imediato conseguiu expandir as 500 vagas iniciais para 1.600. Um aumento bastante expressivo”, explicou. A partir das vagas ofertadas, a Capes fez uma seleção e divulgou o resultado dos programas selecionados em novembro.

Mais um passo na internacionalização

Nos últimos anos, a Unesp tem investido em projetos e parcerias que fomentem a internacionalização dos cursos de graduação e pós-graduação. “Aumentar a diversidade de pessoas de outros países [na Universidade] é fundamental para a ciência”, diz Siqueira. “Por isso, temos buscado investir e atrair alunos do exterior, a fim de adquirir maior visibilidade, aumentar a cooperação e poder contribuir para a formação de recursos humanos em muitos países.”

Dentre os exemplos dessas iniciativas estão os convênios mantidos com instituições de ensino superior da Nigéria, que permitem que professores que ainda não possuem mestrado ou doutorado possam obter aqui esta qualificação. Mas a maior referência é o Programa Institucional de Internacionalização da Capes, conhecido como PrInt, que foi lançado em 2019 e por meio do qual a Unesp recebeu um número expressivo de estudantes do exterior para complementar sua formação.

 “Historicamente temos uma atividade de internacionalização bastante consolidada. Mas, principalmente, isso se dá por meio do envio de nossos alunos ao exterior. Já o recebimento de estudantes nos programas de pós-graduação da Unesp ainda é algo que pode avançar muito”, conta Siqueira. A expectativa é que a participação neste programa, e em outras iniciativas semelhantes, contribua para aumentar o fluxo de estudantes do exterior para a Unesp. Outra característica interessante do programa Move La America é fortalecer a cooperação sul-sul, uma tendência entre as principais universidades do sul global. “A Unesp tem muito interesse em participar desse processo de fortalecimento de interações com o sul global. Em especial, com a América Latina, onde sabemos que o Brasil ocupa uma posição de liderança em diversas áreas, incluindo a formação de recursos humanos qualificados.”