THAMI encara o Labirinto

Cantora e compositora fluminense iniciou carreira artística na dança, tendo se especializado em sapateado, trabalhado na Broadway e colaborado com importantes companhias nacionais. Seu primeiro álbum Labirinto compartilha com ouvinte seus aprendizados e vitórias na sua trajetória na música.

Thamires Oliveira Pereira Goulart Costa nasceu e se criou em Nilópolis, na Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro. Ainda criança teve seu primeiro contato com a música na igreja frequentada pela família.

“Eu não venho de uma família de músicos, e sim de uma família cristã. Cresci dentro da igreja. A música foi inserida na minha vida neste contexto. A arte, no geral, sempre esteve próxima, danço desde os meus três anos”, conta. Ela começou a dar aulas desde muito cedo, participou de competições e se formou na área. Participou de projetos junto a grupos renomados, como a companhia de dança Deborah Colker. Depois, ainda integrou produções de teatro musical e só depois completou sua transição para a música.

“Não queria mais ficar dentro de uma sala dando aulas. Busquei novos horizontes. Me voltei para a música de uma maneira profissional e quis dar continuidade”, diz. Posteriormente, adotou o nome artístico de THAMI.

Suas referências eram variadas. Um nome importante é o do cantor gospel Kirk Franklin. “É um artista que eu admiro muito, que transita pela black music e aborda elementos sonoros e artísticos que me influenciam desde criança. Mais tarde, comecei a me interessar por Milton Nascimento, Tim Maia, Djavan dentre outros artistas brasileiros.”

Em 2018, a artista voltou suas energias definitivamente para o canto. THAMI começou a carreira musical participando de projetos como “Proteja Seus Sonhos 2”, da Som Livre. Cantou no coral da cantora IZA durante apresentação no prêmio Multishow e também atuou como backing vocal na apresentação de Tuany Zanini no Rock in Rio 2019.

“Danço ballet desde os 3 anos, e posteriormente fui investigar outros ritmos. Me especializei em sapateado, fui estudar fora do país, trabalhei na Broadway Center, em Nova Iorque”, conta THAMI. “Mais para frente, quando estava estudando canto com um professor que havia orientado a Iza, ele me disse que estava procurando cantores pretos para compor o coro dela no prêmio Multishow e perguntou se eu topava participar. Obviamente, abracei, e foi meu primeiro trabalho profissional como cantora. Entendi que queria fazer música e tive que recomeçar uma estrada, pois já estava consolidada na dança”, diz.

Entre o ano de 2020 e o início de 2021, lançou cinco singles. Ainda no fim de 2021 a artista lançou o single Chega de esperar, parceria com a cantora paulistana Tassia Reis. Na sequência, em janeiro de 2022, veio o EP Nua, que trouxe mais três canções inéditas. As composições têm um tom autobiográfico que apresenta seus momenos de força e de fragilidade.

“A ideia de fazer o EP veio depois de que lancei 5 singles. Sentia que precisava fazer um trabalho mais maduro, apresentando outras vertentes minhas. Mas, não seria ainda um álbum. Estava em um processo de construção artística. Um EP se prestaria a esse papel muito bem. O nome Nua veio da proposta de mostrar uma THAMI despida, para apresentar o que eu queria falar com o público. Gosto de falar das nossas vivências pessoais de uma forma mais leve. Foi um trabalho muito especial, pelo qual tenho muito carinho.”

Com o desenvolvimento da carreira, ela decidiu se mudar para São Paulo. A decisão foi difícil, mas certeira, e abriu espaço para novas influências, sons e contatos. A começar pelo produtor Julio Mossil. Ele auxiliou a direcionar o trabalho da artista, e a parceria culminou no novo álbum recém-lançado Labirinto.

Lançado nas plataformas digitais no final de julho, Labirinto trabalha com o conceito de que há certos percursos a serem trilhados para que o viajante eventualmente encontre uma saída. Até alcançar este ponto, a jornada pode fazer com que  o caminhante se perca, ou experimente sentimentos de desorientação. Foi um pouco do que THAMI experimentou com sua mudança de carreira, num processo que envolveu momentos de felicidade e de tristeza, de solidão e de solitude.

“Atravessei momentos bem difíceis de ansiedade, tristeza, frustração e depressão. Em alguns momentos me via de mãos atadas, sem saber para onde ir, como em um labirinto mesmo. Controlar a sua mente e manter o equilíbrio da vida é um grande desafio, inclusive no meio artístico. Então decidi me permitir e mudar a minha situação. Mudar para São Paulo foi um passo muito importante. Apesar da distância dos familiares, apareceram novos contatos, shows e oportunidades. Então, o título vem desses meus desafios na vida”, relata a artista.

Das dez faixas de Labirinto, três saíram como singles. O primeiro petardo foi Deixa Queimar . Em seguida, veio Quando Acordar e por fim Caminhando em Ré. Nesta última, a mensagem é que, na jornada para alcançar os sonhos, às vezes é necessário dar uns passos para trás. Isso, no entanto, não significa retroceder.  O álbum mescla sonoridades de R&B, Soul, Pop e Afrobeat com alguns ritmos vibrantes da música brasileira. O show de lançamento do álbum ocorreu no início do mês, no Teatro Cesgranrio, RJ.

“Acho que nunca vou saber se cheguei ao final do meu labirinto, pelo simples fato de ter aprendido a curtir o processo, o caminho. É muito bom saber que, apesar de todas as adversidades, de todos os problemas, consigo olhar o copo meio cheio. Consigo seguir respeitando meu tempo, meu corpo, olhando pra mim com carinho e cuidado. Essa, para mim, é a maior saída de qualquer labirinto.  Sem hipocrisia, é óbvio que a gente quer visibilidade, quer retorno financeiro. Mas, muito além disso, eu quero ser feliz enquanto caminho. E isso eu tenho conseguido, então sigo em frente”, diz.

Confira a entrevista completa no Podcast MPB Unesp.

Imagem acima: Rodrigo Psy.