“Liberdade! Essa é a palavra que pode definir a essência da minha arte.” Com essas palavras o cantor, compositor, instrumentista, produtor musical e ator, Gabriel Sater, iniciou sua entrevista ao Podcast MPB Unesp.
E continuou: “é poder expressar tudo o que sou, todas minhas tempestades e calmarias internas através das minhas músicas. É o que me acalma e o que extravasa a minha fúria, minha indignação como brasileiro e como ser humano, ao ver muitas coisas erradas no país e na vida. Precisamos olhar ao redor, pensar no próximo e fazer a nossa parte para que possamos ter um mundo melhor. A minha arte é a tradução de tudo o que eu sinto internamente”.
Filho do grande violeiro Almir Sater, Gabriel herdou não só o sobrenome, mas o talento musical e o carisma do pai. Durante a infância, teve a oportunidade de conviver com familiares e amigos extremamente musicais, incluindo nomes como Renato Teixeira, Sérgio Reis, a Família Espíndola, Paulo Simões, Guilherme Rondon e Dino Rocha.
“Sem dúvida, a principal referência é o meu pai, Almir Sater. Desde criança eu o acompanhava em shows, gravações e o convívio com a arte sempre me fascinou, tanto pela música quanto pela dramaturgia. Fui criado em Campo Grande numa realidade de pais separados. Eu ficava com ele mais nas férias e quando era possível, pois ele sempre trabalhou muito para alcançar o patamar artístico que conquistou. Mas devo muito também ao meu padrasto, Celso Martins, que também o considero como um pai. Ele sempre me apresentou muita música boa como Sarah Vaughan, Frank Sinatra, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Clube da Esquina. Nesse caldeirão teve a presença também do meu avô Sater, com quem eu ouvia a música sul-mato-grossense, polca paraguaia, guarânias e pioneiros da música do pantanal”, relata.
A partir desde berço, muitas águas rolaram. Gabriel iniciou sua trajetória na adolescência, buscando sempre sua própria sonoridade e identidade artística. “É muito difícil quando se tem um pai extremamente talentoso e conhecido no país. Isso gera comparação, e a pressão se torna grande. Porém, nunca me deixei levar pela pressão. Ao contrário, sempre foi claro pra mim que somos pessoas e artistas diferentes. Temos nossas próprias vidas e traçamos nossas trajetórias em momentos distintos da história, inclusive da indústria fonográfica. Além disso, sempre tive uma cobrança pessoal no sentido de elaborar um trabalho requintado e diferente em vários aspectos. Hoje vivo mais tranquilo sobre essas reflexões.”
Com 22 anos de carreira, o artista já gravou quatro CDs: “Gabriel Sater – Instrumental” (2006); “A Essência do Amanhecer” (2009); “Indomável” (2014) e “Ao Vivo No MINIDocs” (2018). Já apresentou seu trabalho em grandes capitais como Berlim, Milão, (Barcelona, Lisboa e Auckland, e em 2020 gravou o DVD – “Quando For a Hora”.
Emplacou canções em trilhas de novelas e estreou na dramaturgia na novela “Meu Pedacinho de Chão” (2014,) na Rede Globo no papel do violeiro cigano Viramundo. Indicado na categoria “Revelação” no Prêmio “Quem” (2014).Em 2015 estreou no teatro musical como protagonista, ao lado de Lucy Alves na peça, “Nuvem de Lágrimas”. O espetáculo foi eleito pelo júri popular do Guia do Jornal da “Folha de São Paulo” como o “Melhor Musical de 2015” e foi apresentado em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ribeirão Preto.
Artista profícuo já compôs mais de cem canções. Com o seu parceiro Luiz Carlos Sá (da dupla Sá e Guarabyra) compôs mais de 30, além de parcerias com nomes como Renato Teixeira, Fernando Brant, Paulo Simões, Paulinho Pedra Azul e Geraldo Espíndola. Ao longo de sua estrada, realizou trabalhos musicais, como shows ou gravações com importantes nomes da música brasileira como Almir Sater, Sérgio Reis, Família Espíndola, Inezita Barroso, Fafá de Belém, Ney Matogrosso, Pena Branca, Zeca Baleiro, Chico Teixeira, Lucina, Zé Geraldo, Andreas Kisser, Paulinho Moska, Giovana Rezende, entre outros.
Sua obra musical já lhe valeu onze prêmios, e ele também já recebeu distinções como ator. Elas incluem o prêmio internacional de melhor ator no “Scruffy City Film & Music Festival 2018” em Knoxville, nos EUA, pela sua atuação no filme Coração de Cowboy, do qual foi protagonista, e também a indicação para a categoria de melhor ator no Los Angeles Brazilian Film Festival de 2018.
“Atualmente, estou num momento muito feliz da minha carreira, na reta final da produção do meu quinto álbum intitulado ‘Erva Doce’. Gravei no ano passado durante a preparação da novela Pantanal. Trata-se de um disco calmo, voltado ao violão com arranjos minimalistas e poucos músicos. Na verdade, as músicas trazem reflexos dos momentos que atravessamos durante a pandemia”, conta. A ideia inicial era soltar um single por mês a partir do início da novela. “Agora, o álbum que traz uma capa bem produzida pela minha diretora Paula Cunha, vai estar nas plataformas. Neste mês e em janeiro de 2023 temos muitas novidades”.
Confira a entrevista completa e as novidades musicais de Gabriel Sater no Podcast MPB Unesp.
Foto acima: Gabriel Sater durante participação na novela Pantanal. Crédito: Júlia Costa.