”Gostamos de nos surpreender com o nosso trabalho”

Cantora da banda pop Pato Fu, Fernanda Takai comemora três décadas de carreira marcadas por originalidade e experimentação e premiadas com discos de ouro e até um Grammy latino.

Experimentação, ousadia e originalidade: essas são algumas características da emblemática  banda de pop rock mineira Pato Fu, que celebra 30 anos.

Na estrada desde 1992, o Pato Fu vive artisticamente em mutação ao mesmo tempo em que preserva sua essência. Ao longo de sua trajetória, a banda ganhou destaque nas principais premiações nacionais, conquistou um Grammy Latino, vendeu discos de ouro e emplacou canções em trilhas de novelas.

Atualmente formado por Fernanda Takai (voz), John Ulhoa (guitarra), Ricardo Koctus (contra-baixo), Xande Tamietti (bateria) e Richard Neves (teclados), o grupo mineiro já gravou treze álbuns e cinco DVDs. A banda coleciona hits autorais – entre eles Canção Pra Você Viver Mais, Sobre o Tempo, Perdendo Dentes, Antes Que Seja Tarde, Simplicidade, Depois e Made in Japan – mas também fez regravações criativas e emblemáticas como: Ando Meio Desligado (Os Mutantes), ou Eu Sei (Legião Urbana). Além de shows por todo Brasil, a banda já se apresentou no Japão, em Portugal, na Inglaterra e nos Estados Unidos e é reconhecida com um dos grupos mais criativos do cenário pop brasileiro.

Formada em Relações Públicas, UFMG, Fernanda Takai vive em Belo Horizonte, reservadamente ao lado de sua família, focada em cultura, música, literatura, culinária e cidadania. Cantora e também compositora, instrumentista e escritora, tornou-se referência à frente do Pato Fu.

Natural da Serra do Navio, no Estado do Amapá, filha de um geólogo e uma enfermeira, Takai teve boas referências musicais e artísticas quando criança e conseguiu levar essa essência adiante, chegando inclusive a regravar em sua carreira músicas que ouvia em casa. “Me lembro que para tudo tínhamos uma trilha sonora, fosse em casa, nos almoços ou nas viagens. Meus pais não tocavam, mas me presenteavam com fitas cassetes, discos de vinil e ouviam muita coisa legal como Tom Jobim, Dolores Duran, Clara Nunes, Gal Costa, Benito de Paula, entre outros artistas cujas vozes eram bem presentes em nossas vidas”, relata Takai.

Ao refletir sobre as três décadas de atividade do Pato Fu, Takai destaca a trajetória próspera, do ponto de vista criativo, que o grupo conseguiu construir. Mas nem por isso a banda se acomodou em seu processo de produção de músicas; ao contrário, seus integrantes sempre miram o futuro.

“Acho incrível que exista uma banda como o Pato Fu no Brasil, e termos conseguido emplacar músicas nas rádios e em novelas e ganhar discos de ouro, entre outras conquistas. Mas a gente não segue padrões musicais. Buscamos criar músicas diferenciadas e ser ousados nos discos, tudo sem seguir fórmulas. É um rock pop, mas com contrastes e quebras de expectativas. Nós sabemos que a indústria da cultura gosta de repetir canções que fizeram sucesso, mas a gente não sabe fazer assim. Gostamos de nos surpreender com o nosso trabalho, ou seja, nosso público nunca sabe exatamente que tipo de som está por vir”, relata.

Embora realce seu desejo de integrar sempre o Pato Fu, Fernanda Takai iniciou em 2007 uma carreira solo repleta de parcerias importantes e colheu boa repercussão, chegando a gravar um disco com o ex-guitarrista do The Police, Andy Summers, em 2012.

Contabilizando sua produção dentro e fora do Pato Fu, a mineira já lançou cerca de vinte álbuns e nove DVDs. Tem quatro discos de ouro, vendeu mais de um milhão de cópias e foi diversas vezes ganhadora dos prêmios APCA, MTV Brasil, Multishow, Revista Bravo! e Prêmio da Música Brasileira. Como escritora tem quatro livros publicados e conquistou um prêmio Jabuti com a obra digital “O Cabelo da Menina”. Participou como convidada de projetos de Rita Lee, Zélia Duncan, Roberto Menescal, João Donato, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Marcos Valle, Duran Duran, Renato Russo e muitos outros.

 “Agora, com trinta anos, a gente está celebrando, criando novos projetos  e focando em novas músicas. Estamos realizando shows com a Orquestra Ouro Preto que fez arranjos para nossas canções. Ficou lindo, deve sair um disco dessa parceria nas plataformas digitais em 2023. Além disso, logo mais os ouvintes vão poder conhecer nossas novas músicas. Enfim, posso dizer que não é uma banda que pensa ‘fizemos trinta anos e está legal’. Ao contrário, posso dizer que o Pato Fu está olhando pro futuro e espero que possamos ter muito trabalho pela frente”.

Confira abaixo a entrevista completa com a Fernanda Takai no Podcast Unesp.