Na obra de CA CAU a música se combina com a poesia e a arte visual

Com nove CDs e dez turnês internacionais no currículo, além de pinturas, poesias, instalações e esculturas, multiartista veterano apresenta seu trabalho mais recente, intitulado "O GRITO".

“Pulse o que há / Seja o que for / Somos pássaros / Precisamos do vento”.

Assim como os pássaros da sua música, o músico, compositor, poeta e artista visual CA CAU vem construindo ao longo de décadas uma trajetória artística variada, apostando na renovação do próprio processo criativo.

Natural de Viçosa, MG, mas radicado em São Paulo, o multiartista traz em sua carreira artística nove CDs e dois DVDs, dez turnês internacionais, treze instalações artísticas, nove exposições, dois livros de pinturas e poesias e uma escultura urbana. Sua obra tematiza, de forma singular, inquietações quanto ao ser, o estar e o agir sob uma ótica artística contemporânea e interativa, onde a poesia e a arte visual são regidas pelos acordes e melodias de suas músicas. A transgressão e a inovação são conceitos que guiam os seus trabalhos, desmontando fronteiras e propondo novas perspectivas para reflexão.

Ele conta que em sua família de origem não havia artistas. “Minha relação com a arte teve início aos 12 anos. Eu costumava ir ao Parque do Ibirapuera com meu livro ‘Estrela da vida inteira de Manuel Bandeira’ e ficava lendo poesia e desenhando árvores. Em seguida, junto com amigos, retratávamos diferentes pontos da cidade como a Avenida Paulista, Memorial da América Latina e Museu do Ipiranga”, lembra. Já a música, chegou pouco depois. Aos 16 anos, começou a tocar violão de forma autodidata. Em seguida, aos 18, vieram as primeiras composições, “e as coisas caminharam naturalmente”. Posteriormente, ele ingressou no curso de Arquitetura no Mackenzie. Lá montou um grupo de teatro amador que rendeu belos trabalhos e experiências.  “Inclusive eu compunha canções para os espetáculos. Nesse sentido, minhas artes sempre caminharam juntas”, relata.

Conhecido durante boa parte da sua carreira pelo nome de Cacau Brasil, CA CAU já se apresentou em várias partes do mundo. A lista inclui o Festival de Jazz de Montreux , a Virada Cultural SP, até o Reveillon na Avenida Paulista, além de passagens por diversas cidades da Euorpa e dos Estados Unidos.

Sua discografia inclui os álbuns Cor da Terra, Visionário, Imaginário, Montreux Jazz Festival (ao vivo no  Montreux Jazz Café, 41ª  edição  do festival), Acordes pro Mundo (CD e DVD), Vermelho Coração Agreste, Sons Cores e Poesias, Orkestra Luasitânia e IN VER S.O.S. A partir de dezembro todas estas obras estarão disponíveis nas plataformas de música digital. E, desde já, ele finaliza um novo EP com inéditas, para lançar no ano de 2023.

O novo trabalho, intitulado O GRITO, nasceu durante a pandemia, e marca uma nova fase de sua carreira. “Essa obra surgiu durante esse período pandêmico que ainda atravessamos. De forma geral, a arte e as pessoas estão sufocadas. Na verdade é uma forma de manifestação sobre tudo o que estamos vivendo no país. Ela foi concebida sob a égide não só da música, mas também da poesia e das artes visuais, considerando um cenário com projeções e luzes e performances dos artistas convidados”, explica.

Em 22 de setembro, CA CAU irá apresentar o show O GRITO no Teatro do Sesc 24 de Maio, às 20 horas. A apresentação tem participação especial de Juliana Lima (cantora e compositora e multi-instrumentista andreense, líder do Trio Beijo de Moça), de Ivan Antônio (poeta, compositor, cantor, dramaturgo, cineasta e criador do Teatro da Solidão Solidária) e Lirinha (músico, compositor e poeta, criador do Cordel do Fogo Encantado). Para o show, o músico preparou um repertório que traduz esse momento de retomada. Composições inéditas e sucessos de sua carreira, como “Imaginário”, “Misterioso Tempo do Desejo” e “Estrangeiro Passageiro”, além da canção “O Grito”, que dá nome ao show (lançada recentemente como single e que ganhou videoclipe, disponível no YouTube). Também promete algumas releituras de clássicos da música brasileira, interpretando Cartola (“As Rosas Não Falam”), Belchior (“Na Hora do Almoço”) e Chico Buarque de Holanda (“Deus Lhe Pague”).

Ouça a entrevista completa ao Podcast MPB Unesp no link abaixo.