“Não existe não para a Ana Raquel”

Episódio do projeto “Caminhos” conta a trajetória da egressa em Jornalismo e debate as políticas de inclusão e de acessibilidade no ensino superior.

Há 27 anos, na família Mangili, do município de Barra Bonita, a 288 km da capital paulista, nascia a nova protagonista da série unespiana “Caminhos: quando sonhos encontram a educação”. Estudiosa desde a infância, Ana Raquel Mangili inspirava-se nos pais para concretizar um objetivo, o de ingressar no ensino superior. O curso escolhido foi Jornalismo. Da paixão pela leitura e pela escrita, já que foi alfabetizada em língua portuguesa apesar das perdas auditivas ao longo dos anos, devido a sua condição de pessoa com deficiência, ela faz da profissão uma luta em prol da igualdade de direitos e do acesso de todos à educação.

Na Unesp em Bauru, ela foi acolhida e admirada. “Nunca quis ser tratada como um ‘bibelô de cristal’”, diz o professor Juarez Xavier. Ele foi seu orientador do Trabalho de Conclusão de Curso que resultou na produção de um blog com informações sobre distúrbios de movimento, como aqueles que acometem a autora, intitulado Dyskinesis. Ana Raquel nasceu com distonia generalizada, disfonia e deficiência auditiva. Mas não é assim que ela quer ser lembrada. Ela é uma mulher, filha, namorada, jornalista, pesquisadora e assistente administrativa que alcançou, por meio das oportunidades educacionais e muita resiliência, literalmente o exterior: ela foi selecionada para um intercâmbio na Espanha e lá pôde conhecer instituições e trabalhos em acessibilidade a fim de compartilhar experiências e aprimorar seu repertório cultural e o domínio do idioma.  

Sua trajetória acadêmica é um orgulho para o pai, João Mangili Junior, que aconselha os pais de jovens com deficiência para olhar a potencialidade deles em alguma área e apoiá-los. Foi o que ele fez com a Ana Raquel. Melhor aluna da turma de Jornalismo de 2016, para a Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC) e para a Unesp, ela ensinou muito mais que aprendeu. São lições de acessibilidade atitudinal, arquitetônica, metodológica e digital que se somam às políticas de inclusão e de acessibilidade da Universidade. E como jornalista que é, ela nos conta sua história e a partilha, a partir de agora, no episódio “Não existe não para a Ana Raquel”, o quarto episódio da série de documentário “Caminhos quando sonhos encontram a educação”, um projeto da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, coordenada pela jornalista Mayra Ferreira da TV Unesp com a coprodução audiovisual de Neurônio Produtora e Camino Audiovisual, ambas empresas de egressos da Unesp.

Por uma Unesp ainda mais inclusiva

Desde 2011, a Universidade instituiu uma Comissão de Acessibilidade e Inclusão que visa assegurar o acesso e a permanência de estudantes com deficiência nos espaços universitários por meio de tecnologias assistivas, eliminação de barreiras físicas e arquitetônicas e oferecimento de serviços de acompanhamento pedagógico a mais de 500 estudantes por ano. O vestibular da Unesp há décadas também possibilita condições especiais para a realização das provas com o objetivo de garantir o acesso à universidade a pessoas com deficiências. A partir deste ano, será a primeira instituição pública do estado de São Paulo a oferecer o vestibular integralmente traduzido em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Até este momento, candidatos com deficiência auditiva podiam solicitar o apoio de um intérprete de Libras para as orientações durante as provas. “A Unesp prima pela inclusão, desde a reserva de vagas para estudantes da rede pública, pretos, pardos e indígenas, e olha com carinho para a população que precisa de formas ampliadas de comunicação, como a Libras. Ao ter o vestibular traduzido em Libras, há uma oportunidade maior para que os estudantes possam concorrer às vagas dos 136 cursos de graduação e, ao ingressarem, terão o suporte técnico e pedagógico em acessibilidades para sua formação acadêmica”, explica a Pró-Reitora de Graduação, Celia Maria Giacheti.