Tarifas impostas por Donald Trump oferecem desafios e oportunidades para o agro brasileiro

Para Omar Sabbag, docente do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia do câmpus de Ilha Solteira, novo modelo de taxação deixa a produção nacional numa situação ‘menos desfavorável’, em comparação aos percentuais impostos a outras nações.

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O dia 2 de abril entrou para a história como a data em o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, implementou seu ambicioso pacote tarifário sobre praticamente todas as nações que comerciam com a maior potência econômica do globo, com percentuais que variaram caso a caso. Num esforço de marketing, ele batizou a data de Dia da Libertação, mas o que realmente chamou a atenção foi o reboliço causado no mercado financeiro, bem como a mobilização dos analistas para avaliar os impactos sobre as economias nacionais.  

As reações ao tarifaço de Donald Trump por parte dos países atingidos variaram. Houve quem elevasse as próprias tarifas em resposta, e orientasse suas empresas a suspender investimentos nos Estados Unidos. Depois de gerar instabilidade e desconfiança no mercado, Trump recuou e anunciou uma pausa de 90 dias para as tarifas específicas, com exceção da China, mas manteve a taxa global de 10% sobre as importações.

Para Omar Sabbag, docente da Faculdade de Engenharia da Unesp de Ilha Solteira e pesquisador na área do agronegócio, o tarifaço imposto trouxe impactos mistos para o agro brasileiro. “O Brasil recebeu uma tarifa mínima de 10% e ficou em uma posição menos desfavorável, se comparado a outros países”, avalia. O caso mais extremo é o da China, que enfrenta taxas de até 145%. “Vale destacar que os Estados Unidos são o terceiro principal destino dos produtos agropecuários brasileiros, atrás da China e da União Europeia”, diz Sabbag.

O docente acredita que o novo modelo de tarifação deve ocasionar um rearranjo na destinação de alguns produtos. “Pode haver uma mudança no fluxo de exportações da carne bovina brasileira, já que os Estados Unidos são o segundo maior comprador do produto, atrás somente da China”, diz. Os setores mais afetados pela medida deverão ser aqueles em que o Brasil não enfrenta concorrência relevante por ser o único ou principal fornecedor. É o caso dos produtores de café e de suco de laranja, que dependem do mercado norte-americano.

Omar Sabbag acredita que o mercado brasileiro estará preparado para lidar com as mudanças se houver planejamento estratégico. “A principal lição para o agronegócio brasileiro é a importância de diversificar mercados e reduzir a dependência de um único parceiro comercial. A taxação imposta por Trump ressalta o fato de que mudanças políticas e econômicas externas podem impactar a competitividade e os lucros do setor”, diz.

Ouça abaixo a íntegra da entrevista à Rádio Unesp ou clique aqui.